Londres, 28, 28 - Numa longa reportagem com v�rias fotos e gr�ficos, o site do jornal brit�nico Financial Times trouxe nesta quarta-feira, 28, mais um recorte da corrup��o no Brasil. Com o t�tulo "Odebrecht: uma m�quina de suborno brasileira", a publica��o cita que uma multa recorde por pagamentos ilegais levanta esperan�a de um fim para uma cultura de impunidade no Pa�s.
O peri�dico lembra que a empreiteira foi respons�vel pela renova��o do est�dio do Maracan� (Rio de Janeiro) para a Copa 2014, desenvolveu uma das maiores hidrel�tricas da �frica e construiu um porto de US$ 1 bilh�o em Cuba. "Mas agora a Odebrecht, o maior grupo de constru��o da Am�rica Latina, corre o risco de ser mais conhecida por criar uma das maiores m�quinas de suborno da hist�ria corporativa."
O FT cita que, na semana passada, o Departamento de Justi�a dos Estados Unidos descreveu a opera��o, que canalizou quase US$ 788 milh�es para pol�ticos e funcion�rios de uma d�zia de pa�ses, como um "esquema de corrup��o e suborno incompar�vel". A empresa ter� agora que pagar uma multa recorde de pelo menos US$ 3,5 bilh�es. O esc�ndalo que destruiu a Odebrecht e amea�a derrubar pol�ticos no Brasil teve um in�cio discreto na divis�o de opera��es estruturadas da empresa.
Com trechos de depoimentos da secret�ria da empresa Maria Tavares, o jornal cita pagamento para pol�ticos e funcion�rios p�blicos que se estende de Bras�lia a Maputo, em Mo�ambique. A opera��o, que teve in�cio em 2001, era sofisticada, conforme descreve o Financial Times. Contava com computadores e sistemas de e-mail separados, c�digos para benefici�rios e, mais tarde, at� a compra de um banco, o Ant�gua, onde os corruptos podiam abrir contas e receber pagamentos diretos.
A publica��o d� mais detalhes sobre como as opera��es ocorriam e comenta que sua exist�ncia por tanto tempo e em tantos locais tem abalado a realiza��o de neg�cios do Brasil. "Jamais o sistema pol�tico e econ�mico foi atingido t�o profundamente", disse o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes ao FT.
A reportagem tamb�m salienta que, como muitos pagamentos foram feitos por meio de sistemas banc�rios leg�timos, o esc�ndalo tamb�m levanta quest�es sobre requisitos globais de conformidade, particularmente no mundo em desenvolvimento, onde a Odebrecht pagou dezenas de altos funcion�rios p�blicos. Segundo o jornal, o epis�dio tamb�m � uma amea�a para o governo do presidente Michel Temer, que tenta reativar a economia.
O peri�dico informa aos leitores que depoimentos detalhados foram dados por cerca de 80 executivos da empreiteira, incluindo seu ex-presidente executivo da fam�lia fundadora, Marcelo Odebrecht. O conte�do ainda n�o foi divulgado. Vazamentos, no entanto, citam implica��o de Temer e do PMDB, que negam envolvimento. "A investiga��o da Odebrecht e uma investiga��o mais ampla sobre a corrup��o por grupos de constru��o e pol�ticos na estatal Petrobras, conhecida como Lava Jato, est�o mudando a cultura da impunidade no Brasil".
O FT traz tamb�m um pequeno perfil de Marcelo Odebrecht, neto do alem�o Norberto, que fundou a empresa. O grupo, cita a reportagem, emprega 128 mil pessoas de 70 nacionalidades e opera projetos que v�o desde portos, barragens, redes de metr�, rodovias e uma base de submarinos nucleares em pa�ses como Estados Unidos, Angola e Panam�.