A Opera��o "Cui Bono?" (A quem interessa?), que investiga fraudes na libera��o de cr�ditos da Caixa Econ�mica Federal para grandes empresas entre 2011 e 2013, rastreia e-mails da vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias do banco, Deusdina dos Reis Pereira, a Dina.
A Cui Bono? foi deflagrada na sexta-feira passada. A Justi�a Federal acolheu pedido da Procuradoria da Rep�blica e da PF e autorizou an�lise de correspond�ncias de Deusdina. Os investigadores pediram para entrar na vice-presid�ncia de Tecnologia da Informa��o da Caixa pois haveria "mensagens importantes nas contas de correspond�ncias eletr�nicas institucionais utilizadas" pela executiva.
O principal alvo da Cui Bono? � Geddel Vieira Lima, nomeado vice-presidente de Pessoa Jur�dica da Caixa durante o Governo Dilma Rousseff. Al�m de Geddel, fariam parte do esquema o lobista Lucio Funaro, o ex-presidente da C�mara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e F�bio Cleto, ex-vice presidente de Governo e Loterias do banco.
Uma das conversas capturadas entre Funaro e Cleto, segundo relat�rio da PF na Cui Bono?, � de 9 de maio de 2015. O lobista pede para Cleto "entrar em contato com 'Rafael' para agilizar os papeis da BR Vias". "Dina t� com ele agora", diz Cleto.
No relat�rio a PF afirma. "A pessoa mencionada como 'Dina', trata-se, ao que parece, de Deusdina dos Reis Pereira, subordinada a Fabio Cleto, j� que �quela �poca ocupava a Diretoria Executiva de Fundos de Governo. Atualmente, ocupa o cargo que outrora pertencia a Fabio Cleto, vice-presid�ncia de Fundos de Governo e Loterias (VIFUG)."
Segundo o site da Caixa, Deusdina � graduada em Administra��o de Empresas e exerceu o cargo de vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias, interinamente, no per�odo de 10 de dezembro de 2015 at� 12 de dezembro de 2016. Hoje � titular do cargo.
Em outra mensagem capturada, de 24 de maio de 2012, Funaro "reitera o questionamento sobre a situa��o de d�bitos da Seara recebe a resposta negativa de Cleto". �s 12h18, o lobista questiona o ent�o vice da Caixa. "Oi bom dia descobriu p mim qto a seara deve a�."
Cleto devolve minutos depois. "N�o. A Dina � quem consegue acessar o sistema de pessoa jur�dica do Banco com uma senha da �poca que ela trabalhava l�. E ela est� vindo para Salvador. S� vou conseguir isso segunda cedo."
Geddel teve dois im�veis vasculhados pela PF na Cui Bono?, desdobramento da Opera��o Catilin�rias, deflagrada em dezembro de 2015 - na Catilin�rias, a PF localizou um celular na casa de Eduardo Cunha. Mensagens recuperadas do celular deram vida � Cui Bono?.
O peemedebista foi ministro da Secretaria de Governo de Michel Temer. Aliado muito pr�ximo do presidente, Geddel caiu da cadeira da Secretaria de Governo em 25 de novembro, em meio ao esc�ndalo protagonizado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, que o acusou de pression�-lo para que o Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan) autorizasse a constru��o de um residencial de alto padr�o em uma �rea nobre tombada em Salvador. Geddel tem uma unidade no empreendimento.
Defesas
Quando Cui Bono? saiu �s ruas, na sexta 13, a Caixa Econ�mica Federal informou. "No que diz respeito � Caixa esclarecemos que o banco est� em contato permanente com as autoridades, prestando irrestrita colabora��o com as investiga��es, procedimento que continuar� sendo adotado pela Caixa."
Na sexta-feira, quando a Cui Bono? foi deflagrada, o advogado Gamil F�ppel, que defende Geddel Vieira Lima, afirmou que a "malfadada opera��o" decorre de "ila��es e meras suposi��es n�o comprovadas". Em nota, reclamou que a decis�o do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal em Bras�lia, que autorizou a Opera��o Cui Bono?, foi apressada e "n�o traz nenhum fundamento id�neo que justificasse" as medidas.
"Al�m disso, n�o h� indica��o pela pol�cia ou MPF (Minist�rio P�blico Federal) de qualquer fato/elemento concreto que pudesse representar corrup��o ou lavagem de dinheiro, at� porque tais atos jamais foram praticados por Geddel."
F�ppel chamou o relat�rio da PF de "ficcional" e "repleto de suposi��es", Argumentou que o documento n�o aponta concretamente "qualquer valor que tivesse sido recebido por Geddel". "Geddel nada recebeu. Informa que est�, como sempre esteve, � disposi��o das autoridades", afirmou o defensor. O espa�o est� aberto para outras manifesta��es.