Bras�lia, 17 - A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou na noite desta sexta-feira, 27, que o "golpe ainda n�o acabou". "O segundo golpe que esse Pa�s pode sofrer � que impe�am Lula de ser candidato (em 2018)", disse a petista durante a abertura do 2� Encontro Nacional de Mulheres Eleitas pelo PT, em Bras�lia. Dilma participou de uma mesa redonda sobre o papel da mulher na pol�tica.
Para Dilma, h� apenas duas hip�teses que fariam o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva n�o disputar as pr�ximas elei��es: uma seria n�o haver elei��o direta e a outra seria a condena��o na Justi�a. "Seja por que m�todo for, n�s, mulheres, temos que nos preparar. O golpe ainda n�o acabou", afirmou a ex-presidente. Ela lembrou que Lula liderou as inten��es de voto em todos os cen�rios na �ltima pesquisa CNT/MDA.
A ex-presidente disse ainda que a Opera��o Lava Jato � uma "opera��o excepcional" e, por conta disso, alguns consideram que possui "regras excepcionais", que muitas vezes v�o contra a Constitui��o. "Usam justi�a do inimigo para cima do Lula. Ao inv�s de ser julgado, ele � considerado inimigo, ent�o tem que ser destru�do", declarou. Lula � r�u em cinco inqu�ritos na Justi�a, tr�s deles no �mbito da Opera��o Lava Jato.
Dilma foi ovacionada pela plateia, formada por prefeitas, vice-prefeitas e vereadoras eleitas pelo partido em 2016. Ela tamb�m fez duras cr�ticas ao governo do presidente Michel Temer. "Temos que olhar e tentar impedir retrocessos", pediu �s correligion�rias. A petista, que discursou durante cerca de 45 minutos, criticou as principais reformas do governo, como a previdenci�ria e trabalhista, ambas em tramita��o no Congresso.
Ela tamb�m criticou a aprova��o da Proposta de Emenda Constitui��o (PEC) que estabelece um limite para os gastos p�blicos, no ano passado. Segundo Dilma, congelar os gastos p�blicos por vinte anos � uma medida "eminentemente neoliberal que faz o absurdo do ponto de vista democr�tico, pois fere o direito fundamental do direito ao voto direto para a elei��o presidencial".
"Se eu tiro das pessoas o direito de decidir onde v�o achar que deve ser gasto o dinheiro por cinco elei��es presidenciais, eu tiro o sentido de uma elei��o (...) Em uma elei��o a gente escolhe aquilo que achamos que deve ser prioridade do gasto. Se, em uma tacada s�, acaba-se com cinco elei��es, n�o � s� um ataque do neoliberalismo, � um ataque que leva � redu��o dos processos democr�ticos", discursou.
Dilma avaliou que "a raz�o profunda do impeachment � enquadrar o Pa�s econ�mica, social e geopoliticamente". Ela considera que o seu pedido de afastamento foi uma rea��o dos neoliberais �s pol�ticas sociais que vinham sendo implantadas pelo governo petista nos �ltimos 13 anos. "O golpe tinha por objetivo desregular tudo, deixar o mercado mandar em tudo e tirar os pobres de dentro do or�amento, da� a emenda da PEC do teto de gastos."
Para combater o que classificou como retrocessos do governo atual, Dilma disse que a "�nica grande arma � a democracia". "N�s estamos diante de um processo onde n�o tem como fazer acordo por cima hoje no Brasil. � necess�rio acordo por baixo, a elei��o", continuou. Ela afirmou que o governo petista "n�o fez tudo", mas "mostrou que � poss�vel fazer, mostrou um caminho" para combater a desigualdade social.
Na mesa redonda, tamb�m estavam a ex-ministra Eleonora Menicucci, a l�der do PT no Senado, Gleisi Hoffmann (PR), e as deputadas Maria do Ros�rio (RS) e Benedita da Silva (RJ). Na plateia, estava presente outra ex-ministra de Dilma, Tereza Campello. No in�cio do discurso, Dilma elogiou as participantes, que chamou de "excepcionais". Ela disse que tem "orgulho" da participa��o das mulheres no combate ao impeachment.
"Eu quero dizer que as mulheres n�o s� tiveram papel de vanguarda, mas foram e constitu�ram a grande parcela que teve posi��o clara, firme e massiva em muitos dos atos que tiveram em todo Brasil (contra o impeachment). Eu agrade�o o acolhimento", declarou. Ela disse que com a participa��o das mulheres em seu governo ficou "evidenciado que as mulheres podem exercer os mais diferentes cargos".