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Estado de Minas

Ao TSE, delator diz que obras no exterior abasteceram caixa 2 da Odebrecht


postado em 23/03/2017 23:01

Bras�lia, 24 (AE), 23 - Dos 40 anos em que passou trabalhando na Odebrecht, Hilberto Mascarenhas esteve por quase dez � frente do Setor de Opera��es Estruturadas da empreiteira - conhecido como departamento de propina. Em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-executivo detalhou o funcionamento da �rea e como chegou ao cargo por "intima��o" do herdeiro do grupo, Marcelo Odebrecht. Mascarenhas foi chamado para depor na a��o que investiga abuso de poder pol�tico e econ�mico nas elei��es presidenciais de 2014.

Durante seu depoimento, disse que foi "intimado" por Marcelo para aceitar a lideran�a do setor e que recebeu muitos benef�cios financeiros para isso. De acordo com ele, o Setor de Opera��es Estruturadas ficava no meio de duas outras �reas da empresa: a de gera��o de caixa dois e a de requisi��o, que reunia as solicita��es de pagamentos.

A vantagem da Odebrecht sobre outras empreiteiras, segundo ele, era que a empresa tinha muitas obras no exterior. Isso, segundo o delator, fazia com que "99,9%" da gera��o de caixa para o setor fosse feita no exterior. Em regra, os pagamentos operacionalizados pelo setor no exterior eram feitos em contas banc�rias, enquanto os pagamentos no Brasil eram em dinheiro em esp�cie.

Quem cuidava da gera��o de caixa dois, segundo ele, era o executivo Marcos Grilo. "Eu sei que ele fazia v�rias opera��es. Por exemplo, ele fazia opera��es financeiras de comprar um determinado papel, vendia com preju�zo, preju�zo que n�o era um preju�zo real, sobrava um dinheiro fora do caixa, porque se ele perdeu o dinheiro est� fora do caixa. � uma gera��o de caixa dois. Ou fazia contrato com empresas subempreiteiras locais", explicou. Mascarenhas, no entanto, disse n�o poder detalhar as formas de gera��o de caixa dois, pois n�o era sua atribui��o.

Sobre os pagamentos, Mascarenhas disse que at� 2009 as autoriza��es para fazer os repasses n�o contabilizados eram feitas apenas por Marcelo Odebrecht. De 2009 em diante, o herdeiro autorizou que seus seis l�deres empresariais tamb�m autorizassem os pagamentos para benefici�rios.

O papel da �rea de opera��es estruturadas, segundo ele, era efetuar os pagamentos autorizados - no exterior, em conta banc�ria, ou em entrega de dinheiro no Pa�s. As contas, explicou, podiam ou n�o ser de empresas offshore. "Contas de offhsores ou n�o. Se o cidad�o tinha uma conta em nome dele, o que era um suic�dio, mas ele podia ter...", detalhou o ex-executivo.

De acordo com ele, s� n�o eram feitos pagamentos nos Estados Unidos porque era um "pa�s complicad�ssimo". "Al�m de fiscaliza��o r�gida, eles se envolvem profundamente quando descobrem que houve alguma circula��o de moeda no pa�s deles, independente de a presta��o de servi�o ter sido fora", disse Mascarenhas.

Por causa disso, a Odebrecht sugeria que os pagamentos fossem em euro. "� uma boa moeda tamb�m e n�o passa pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA). E se voc� pagar alguma coisa acima de um determinado valor que n�o � muito alto, qualquer pagamento passa pelo Fed americano. E a� eles querem saber o porqu�, o que � isso, por que est� pagando", disse o ex-executivo.

O benefici�rio do pagamento era algu�m envolvido com a �rea de responsabilidade do l�der empresarial que autorizava o repasse. O que era pago pelo setor de Opera��es Estruturadas era "debitado" de cada l�der empresarial. "E � sabido que a Odebrecht pagava b�nus sobre resultado. Esse valor era reduzido diretamente do resultado dele. E mais uma comiss�o de 20% que a empresa cobrava, porque custava fazer o caixa dois. Voc� para fazer o caixa dois voc� gasta, voc� tem uma outra parte que fez a opera��o com voc� que cobra a comiss�o, voc� tem os impostos que voc� tem quando emite notas", descreve Mascarenhas.

O ex-executivo explicou ao TSE que Marcelo Odebrecht concentrava alguns contatos com o alto escal�o do governo federal, que n�o envolviam interesse de apenas uma �rea, mas de v�rios projetos. Ele cita, por exemplo, o contato com os ex-ministros da Fazenda Ant�nio Palocci, o "italiano" no codinome da empresa, e Guido Mantega, o "p�s-It�lia".

Nem sempre o respons�vel pela operacionaliza��o dos pagamentos sabia quem era o benefici�rio. Mascarenhas descreveu, por exemplo, que "nunca soube quem era 'caranguejo'", mas que depois viu pela imprensa o codinome relacionado ao deputado cassado Eduardo Cunha.


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