Bras�lia, 24 - Em meio aos vazamentos de depoimentos de delatores prestados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Odebrecht informou nesta sexta-feira, 24, em nota enviada � imprensa, que n�o se manifesta "sobre o teor de eventuais depoimentos de pessoas f�sicas, mas reafirma seu compromisso de colaborar com a Justi�a". "A empresa est� implantando as melhores pr�ticas de
compliance
, baseadas na �tica, transpar�ncia e integridade", diz a nota.
O presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, criticou nesta sexta-feira o vazamento dos depoimentos sigilosos prestados por ex-executivos da Odebrecht no �mbito da a��o que pede a cassa��o da chapa formada em 2014 por Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB). "Eu exijo que n�s fa�amos a devida investiga��o nesses vazamentos lamentavelmente ocorridos. Isso fala mal das institui��es. � como se o Brasil fosse um pa�s de trambiques", disse o ministro ao participar de um semin�rio sobre reforma pol�tica no TSE.
O juiz-auxiliar da Corregedoria-Geral da Justi�a Eleitoral Bruno C�sar Lorencini mandou instaurar procedimento interno para investigar o vazamento dos depoimentos.
Dinheiro vivo
Em depoimento prestado ao TSE, o ex-diretor de Rela��es Institucionais da Odebrecht Alexandrino Alencar disse que a empreiteira pagou um total de R$ 21 milh�es em dinheiro vivo a tr�s partidos pol�ticos para comprar tempo de TV para a chapa Dilma-Temer 2014. O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso � �ntegra do depoimento de Alexandrino Alencar, mantido sob sigilo.
O dinheiro, proveniente de caixa 2, foi entregue em hot�is e flats. Conforme antecipou o jornal O Estado de S. Paulo no in�cio deste m�s, Alexandrino Alencar disse ao TSE que a empreiteira pagou R$ 7 milh�es para cada um desses tr�s partidos: PROS, PCdoB e PRB, em um total de R$ 21 milh�es.
Fontes que acompanham as investiga��es consideram o depoimento de Alexandrino Alencar um dos mais delicados para Dilma e Temer, j� que em 2015 o TSE mudou a sua jurisprud�ncia e passou a reconhecer a compra de apoio pol�tico como uma forma de abuso de poder econ�mico.
Em resposta encaminhada ao TSE, o PRB disse n�o ter recebido caixa 2, propina, ou "recurso financeiro de qualquer origem il�cita" para apoiar a chapa Dilma-Temer nas elei��es de 2014. O PCdoB informou � Corte que o apoio � candidatura de Dilma em 2014 se deveu a "identidade de projetos pol�tico-ideol�gicos." O PROS alega que todas as doa��es recebidas pelo partido nas elei��es de 2014 "foram devidamente declaradas para a Justi�a Eleitoral".
J� o ex-presidente da construtora Odebrecht Marcelo Odebrecht afirmou ao TSE que "inventou" a campanha de reelei��o da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2014.
A assessoria de imprensa da ex-presidente afirmou, em nota, que ela "n�o tem e nunca teve qualquer rela��o pr�xima com o empres�rio Marcelo Odebrecht, mesmo nos tempos em que ela ocupou a Casa Civil no governo Lula".
O texto afirmou ainda que Dilma "sempre manteve uma rela��o distante do empres�rio, de quem tinha desconfian�a desde o epis�dio da licita��o da Usina de Santo Ant�nio".
Padilha
O ex-executivo da Odebrecht Jos� de Carvalho Filho, por sua vez, disse que o atual ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), passou a ele todos os endere�os para o pagamento de R$ 4 milh�es destinados ao PMDB durante a campanha eleitoral de 2014. A reportagem tamb�m teve acesso � �ntegra do depoimento de Filho.
Um dos locais indicados por Padilha foi o escrit�rio de Jos� Yunes, amigo e ex-assessor de Michel Temer (PMDB), informou Carvalho Filho ao ministro Herman Benjamin, relator da a��o que apura se a chapa Dilma-Temer cometeu abuso de poder pol�tico e econ�mico para se reeleger. Esse pagamento teria sido realizado no dia 4 de setembro de 2014.
"Todos os endere�os, esses e os outros que eu n�o me lembro me foram dados pelo Eliseu Padilha", disse Carvalho Filho.
Procurada pela reportagem, a assessoria de Padilha disse que o ministro n�o vai se pronunciar sobre o vazamento do depoimento.