Bras�lia, 27 - A Opera��o Lava Jato e a disputa de 2018 empurraram o l�der do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), para o in�dito posto de aliado com discurso de oposi��o. R�u no Supremo Tribunal Federal (STF) acusado por peculato e alvo de outros 11 inqu�ritos, Renan � candidato a um novo mandato e se movimenta cada vez mais para se descolar do governo de Michel Temer, aproximando-se do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva.
"Com essa hist�ria de criminalizar todo mundo, o Lula vai fazer um passeio em 2018", afirmou o ex-presidente do Senado, em conversa com amigos. Quis dizer com isso que, se o petista n�o virar "ficha suja" pela Lava Jato, n�o haver� p�reo para ele. "A Lava Jato tem a responsabilidade de mostrar quem � culpado e quem � inocente. Ser� que teremos de fazer uma nova lei de financiamento e contratar uma cartomante para ver se ela valer� daqui a dez anos?", provocou Renan.
Al�m de se sentir "desprestigiado" pelo governo - que, na sua avalia��o, faz afagos a seus rivais, como o ministro dos Transportes, Maur�cio Quintella (PR-AL), e o senador Benedito de Lira (PP-AL) -, Renan tem a impopularidade de Temer como term�metro para seus movimentos pol�ticos. Ele prev� uma elei��o dif�cil em Alagoas, onde o governador Renan Filho tamb�m � candidato ao segundo mandato. � nesse cen�rio que se encaixa sua "rebeldia".
O l�der do PMDB vai iniciar nesta semana uma articula��o para que Temer vete o projeto de terceiriza��o, aprovado na quarta-feira pela C�mara. "Se houver san��o presidencial, haver� precariza��o, jornadas ampliadas, sal�rios reduzidos, mais acidentes de trabalho, menos emprego e menor arrecada��o", escreveu ele no s�bado, em sua p�gina no Facebook.
Autor do projeto que endurece a lei do abuso de autoridade, prevendo a puni��o de procuradores e ju�zes, Renan atirou, nos �ltimos dias, na dire��o do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sob o argumento de que h� "muita improvisa��o" no governo. Referia-se � ideia da equipe econ�mica de aumentar impostos para evitar que o corte de despesas no Or�amento seja muito alto, mas aproveitou a deixa para alvejar novamente a reforma da Previd�ncia.
Ao ser lembrado pela reportagem de que a proposta em tramita��o na C�mara pode ser um "bode na sala", uma vez que mudan�as importantes j� come�am a ser feitas, Renan n�o pestanejou. "Se o que est� l� � para negociar, ent�o o governo n�o pode p�r o PMDB para defender isso", respondeu ele. "Fazer a reforma que o mercado quer � um erro de estrat�gia. O PMDB n�o pode ser coveiro de trabalhador nem de aposentado."