Rio de Janeiro, 03 - Sob protestos de cerca de 100 pessoas do lado de fora do clube Hebraica, na zona sul do Rio, e aplaudido diversas vezes no audit�rio lotado por outras 300, o deputado federal e pr�-candidato � presid�ncia da Rep�blica Jair Bolsonaro (PSC-RJ) prometeu que ir� acabar com todas as reservas ind�genas e comunidades quilombolas do Pa�s caso seja eleito em 2018. Ele tamb�m afirmou que ir� terminar com o financiamento p�blico para ONGs e disse que, se depender dele, "todo mundo ter� uma arma de fogo em casa".
Bolsonaro discursou por uma hora em uma palestra precedida por muita pol�mica. O convite do clube Hebraica do Rio surgiu no in�cio do m�s passado, pouco depois de o deputado ter sua palestra na sede paulista da Hebraica cancelada devido ao descontentamento de parte da comunidade judaica com o evento. Mas o convite para discurso no Rio tamb�m provocou indigna��o.
Mesmo assim, Jair Bolsonaro se mostrou bem � vontade. "O pessoal a� embaixo (manifestantes) eu chamo de c�rebro de ovo cozido. N�o adianta botar a galinha, porque n�o vai sair pinto nenhum. N�o sai nada daquele pessoal", desdenhou, enquanto discursava no audit�rio localizado no s�timo andar. Foi aplaudido.
Vendo que seu discurso estava sendo bem aceito, minutos mais tarde ele voltou a fazer piada sobre os manifestantes. "Vou pedir para um assessor meu dar um pulinho a� no bar. Compra um sandu�che de mortadela que eu vou jogar pela janela."
O deputado foi incisivo, e como de costume n�o mediu palavras. Atacou os ex-presidentes petistas Dilma Rousseff e Luiz In�cio Lula da Silva, disse que a c�pula do PSDB est� sendo atingida pela Lava Jato e n�o poupou nem mesmo o seu partido.
"O PSDB, por exemplo. Eu n�o posso afirmar nada, mas de acordo com os delatores toda a c�pula t� na Lava Jato. Se � verdade ou n�o, n�o sei. Mas eu n�o vou criticar o PSDB, porque o meu PSC, quando abrir de vez a tampa da latrina...", comentou. Mais tarde, referiu-se a Dilma e Lula fazendo piada de gosto duvidoso, mas que arrancou risos e aplausos da plateia. "Tinha l� uma ensacadora de vento na presid�ncia. N�o precisa falar mais nada. T�nhamos outro energ�meno que n�o sabia contar at� dez porque n�o tinha um dedo. Uma vergonha pro nosso Brasil!"
Curiosamente, logo no in�cio do discurso Bolsonaro declarou que n�o se acha um bom nome pra presidir o Brasil. "Eu n�o sou bom, n�o. Mas os outros s�o muito ruins. Me esculacham tanto e mesmo assim eu continuo subindo nas pesquisas", ironizou.
Boa parte da "palestra", que acabou mesmo como discurso de campanha, serviu para Jair Bolsonaro criticar medidas adotadas pelos ex-presidentes petistas, sobretudo �s que dizem respeito � demarca��o de terras. "Pode ter certeza que se eu chegar l� (presid�ncia da Rep�blica) n�o vai ter dinheiro pra ONG. Se depender de mim, todo cidad�o vai ter uma arma de fogo dentro de casa. N�o vai ter um cent�metro demarcado para reserva ind�gena ou pra quilombola."
Para Bolsonaro, as reservas ind�genas e quilombolas atrapalham a economia. "Onde tem uma terra ind�gena, tem uma riqueza embaixo dela. Temos que mudar isso da�", afirmou. "Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve l� pesava sete arrobas. N�o fazem nada! Eu acho que nem pra procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilh�o por ano � gastado com eles."
O presidenci�vel tamb�m fez cr�ticas a refugiados. "N�o podemos abrir as portas para todo mundo", disse. Mas n�o se mostrou avesso a todos os estrangeiros. "Algu�m j� viu algum japon�s pedindo esmola? � uma ra�a que tem vergonha na cara!" (Marcio Dolzan - [email protected])