S�o Paulo, 05 - O executivo da Odebrecht que era respons�vel pela rede de contas secretas do grupo, abertas em nome de empresas offshores, no exterior, Luiz Eduardo da Rocha Soares afirmou em seu depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o Setor de Opera��es Estruturadas - chamado de "departamento da propina" - cuidava do caixa 2 de partidos "no Brasil, na Am�rica Latina e em outros pa�ses".
Soares foi um dos tr�s executivos respons�veis pelo Setor de Opera��es Estruturadas da Odebrecht, de 2006 a 2014. Ouvido no dia 8 de mar�o, na a��o movida pelo PSDB que pede a cassa��o da chapa Dilma Rousseff e Michel Temer, de 2014, o executivo confirmou ao TSE que foi transferido para o departamento para cuidar das despesas "n�o diretamente registradas nos livros da companhia".
Questionado se "caixa 2 para o setor pol�tico" tamb�m se fazia no setor, ele respondeu: "Sim".
"N�o s� partidos pol�ticos, n�o s� no Brasil como na Am�rica Latina e em outros pa�ses", explicou Soares, um dos executivos que cuidavam do setor de propinas da Odebrecht.
Soares � um dos 78 delatores da Opera��o Lava Jato, que tiveram os acordos de colabora��o homologados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ele foi preso na 26�. fase, Opera��o Xepa. Segundo ele, o volume de recursos movimentado pelo "setor de propinas" cresceu conforme aumentou o faturamento da Odebrecht.
Ao TSE, Soares confirmou que "cuidava mais da parte do exterior". "Principalmente na abertura das empresas offshores, do controle dessas empresas e tamb�m ainda na busca de alternativas, quais s�o os bancos que a gente ia trabalhar, essas coisas."
Soares contou que entrou na Odebrecht em 1988, na empresa CBPO, Companhia Brasileira de Projetos e Obras, em S�o Paulo, na �rea financeira. "Foram vinte e oito anos de companhia." Ex-funcion�rio de bancos, ele passou a atuar na �rea financeira para o exterior da empresa. "Morei no Chile, na Argentina, morei em Angola tamb�m."
"Em 2006 fui transferido para um Setor (de Opera��es Estruturadas), junto com o Sr. Hilberto Silva, que passou a ser meu l�der de opera��es estruturadas, foi onde trabalhei at� 2014, meados de 2014, junho, julho de 2014, onde fui transferido para o exterior novamente, fui trabalhar na Odebrecht Global Sourcing, nos Estados Unidos, onde fiquei at� sair da Odebrecht em 2015".
O executivo era respons�vel pelas propinas pagas no exterior da Odebrecht. Ao TSE, ele contou como funcionava a sistem�tica da rede de contas secretas do grupo, em nome de empresas offshores, para pagamentos de propinas fora do Brasil - propinas e caixa 2, segundo ele.
O executivo confirmou ao TSE o que a Lava Jato j� sabia, antes mesmo da mega dela��o premiada da Odebrecht, sobre a composi��o do setor de propinas. Em abril de 2016, as secret�rias Maria Lucia Guimar�es Tavares e �ngela Palmeira, presas na 23� fase, batizada de Opera��o Acaraj�, contaram quais eram os membros do departamento e suas fun��es.
"O chefe era Hilberto Silva e tinham duas pessoas mais diretamente ligadas a ele, que eram Fernando Migliaccio da Silva, que era como se fosse um substituto do Hilberto e eu. E abaixo da gente, em Salvador, tinham duas meninas, que faziam a parte mais operacional, que era a Maria L�cia Tavares e a �ngela Palmeira", disse o executivo, ao TSE.