Bras�lia - O presidente Michel Temer j� sabia que os pedidos de investiga��o autorizados pelo relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, atingiriam oito de seus 28 ministros. Com isso, preparou com anteced�ncia a estrat�gia de redu��o de danos para enfrentar o agravamento da crise. Na tentativa de proteger o governo, Temer pediu aos auxiliares que preparem suas defesas e n�o se manifestem antes de conhecerem o conte�do das dela��es da Odebrecht.
Desgaste
Em conversas reservadas, auxiliares do presidente avaliam que o desgaste ainda vai aumentar. H� receio de que o ambiente conturbado provoque instabilidade pol�tica, afete a recupera��o da economia e prejudique o andamento dos temas de interesse do Pal�cio do Planalto no Congresso, como as reformas da Previd�ncia e trabalhista. O novo adiamento da vota��o de ontem na C�mara para socorrer Estados endividados foi visto no Planalto como um sintoma da turbul�ncia provocada pelos pedidos de investiga��o.
Embora Temer soubesse que uma bomba cairia sobre o Planalto com a abertura do sigilo das dela��es de ex-executivos da Odebrecht, a forma como a lista de investigados apareceu causou contrariedade no governo. A expectativa � de que os detalhes sejam conhecidos o mais breve poss�vel para que se possa saber quem fez o qu�.
"Todo mundo est� sendo tratado da mesma forma e isso n�o est� certo", disse um auxiliar de Temer, sob a condi��o de anonimato. "O que tem de sair � a conduta de cada um, o que cada um fez." Nos bastidores, assessores do presidente dizem ser preciso diferenciar "caixa 2" em campanhas eleitorais de recebimento de propina.
O governo havia sido informado que a abertura do sigilo das dela��es ocorreria ap�s a P�scoa. Apesar de o n�mero de ministros citados ser conhecido, Temer ficou surpreso com a quantidade de senadores envolvidos: 24 dos 81. Questionados sobre o impacto das investiga��es sobre a base aliada do governo no Congresso, assessores do presidente faziam quest�o de citar os petistas da lista de Fachin.