Executivo da OAS diz que foi mostrar a Lula projetos de Atibaia e do tr�plex

Curitiba e S�o Paulo, 27 - Em depoimento ao juiz federal S�rgio Moro, o executivo Paulo Gordilho, ligado � OAS, contou que foi a S�o Bernardo do Campo - munic�pio do ABC paulista -, mostrar ao ex-presidente da Rep�blica Luiz In�cio Lula da Silva dois projetos relacionados ao s�tio Santa B�rbara, de Atibaia, no interior de S�o Paulo, e ao tr�plex 164-A, no Guaruj�, no litoral paulista. A Opera��o Lava Jato atribui as duas propriedades ao petista, que nega.

Gordilho narrou a Moro que foi � cidade onde mora o ex-presidente acompanhado do ex-presidente da OAS Jos� Adelm�rio Pinheiro, o L�o Pinheiro. "Quando L�o queria os dois projetos prontos, ele queria passar para o ex-presidente e a ex-primeira-dama (Marisa) os projetos. Eram tr�s folhas de papel com a foto de Atibaia, da cozinha de Atibaia e um caderninho do projeto de customiza��o do Guaruj� e ele queria passar. S� que ele viajou e n�o p�de levar isso. A� ele pediu para o motorista me pegar num s�bado de manh� e n�s fomos at� S�o Bernardo do Campo. Fui eu e ele", declarou. "Fomos l� e explicamos os dois projetos. Eu peguei com Roberto (Moreira, tamb�m da OAS) para analisar, para ver o que era, para poder chegar l� e explicar."

Segundo o executivo, nesta ocasi�o, foram mostrados a Lula e dona Marisa (morta em fevereiro passado v�tima de um AVC) o projeto para as duas propriedades. "O s�tio de Atibaia, na realidade, n�o era nem um projeto, que o projeto a Kitchens fez. Mas ela fez umas plantas decoradas que at� um leigo completo saberia ver, que � ver uma foto de uma cozinha pronta apesar de n�o estar pronta, estar desenhada, colorida, n�, com prato, talher, tudo em cima, mas uma foto de arquitetura, n�o era um projeto em si", disse. "Neste dia l� em S�o Bernardo do Campo foi mostrado os dois."

"Para o ex-presidente?", quis saber Moro. "�", respondeu Gordilho.

"Houve concord�ncia com o projeto?", questionou o magistrado. "Eu diria que houve, porque tanto que foi feito. Mas, vamos dizer assim, eles n�o entenderam bem. Tirando a cozinha de Atibaia que era uma foto, n�o pode tamb�m exigir que dona Marisa e o ex-presidente conhe�am projeto de planta baixa, corte de um projeto de arquitetura, entendeu?", disse o executivo.

Paulo Gordilho foi interrogado em a��o penal na qual � r�u tamb�m o ex-presidente Lula. O petista � acusado de receber R$ 3,7 milh�es em benef�cio pr�prio - de um valor de R$ 87 milh�es de corrup��o - da empreiteira OAS, entre 2006 e 2012.

As acusa��es contra Lula s�o relativas ao suposto recebimento de vantagens il�citas da empreiteira OAS por meio do tr�plex no Guaruj�, no Solaris, e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, de 2011 a 2016.

Outro lado

Pelo lado da defesa de Lula, o advogado Cristiano Zanin Martins disse que "a narrativa de Paulo Gordilho, ex-diretor t�cnico da OAS Empreendimentos, de que soube em 2011 que a unidade 164-A do Condom�nio Solaris, no Guaruj�, havia sido reservada para o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva ficou isolada e sem nenhuma evid�ncia ap�s ele reconhecer, em respostas a perguntas da defesa, que n�o tinha qualquer conhecimento ou atua��o na �rea de vendas da empresa".

"A declara��o tamb�m destoa n�o apenas das 73 testemunhas que o antecederam nos depoimentos sobre o caso tr�plex - entre eles funcion�rios da companhia-, mas tamb�m do que afirmou F�bio Yonamine, ex-presidente da mesma OAS Empreendimentos. Gordilho e Yonamini foram ouvidos hoje em Curitiba e tamb�m s�o r�us na a��o penal", destacou a defesa do ex-presidente da Rep�blica.

Zanin disse que, subordinado a L�o Pinheiro, Yonamine foi categ�rico ao dizer que a �rea financeira da OAS Empreendimentos n�o tinha conhecimento de reserva de qualquer unidade para o ex-presidente - que nunca nenhum pedido lhe foi feito por Pinheiro nesse sentido - e que a unidade 164-A sempre integrou o estoque da empresa, ou seja, era e continua sendo um ativo da OAS. "A mesma informa��o havia sido prestada em depoimento por Igor Pontes e Mariuza Marques, ambos tamb�m da OAS Empreendimentos. Pontes foi ouvido no processo como testemunha, com obriga��o de dizer a verdade, e refor�ou, em seu depoimento, que a reforma era 'para melhorar a unidade, j� que era muito simples, com o intuito de facilitar o interesse de Lula pelo apartamento'."

A defesa de Lula salientou ainda que o pedido de reforma do tr�plex foi feito a Yonamine por Pinheiro, que pediu igualmente que ele organizasse uma visita � unidade para Lula e dona Marisa Let�cia, o que ocorreu em fevereiro de 2014. "Afirmou que essa visita foi uma apresenta��o do apartamento e das �reas comuns do pr�dio e que o ex-presidente e sua esposa n�o pediram nenhuma altera��o no im�vel, mas fizeram apenas observa��es em rela��o ao local. Yonamine disse que a reforma feita pela OAS no im�vel de propriedade da empresa foi realizada com recursos pr�prios e l�citos, sem qualquer rela��o com a Petrobras." "Quanto �s melhorias feitas no s�tio de Atibaia, de propriedade de Fernando Bittar, registra-se que o pr�prio Gordilho reconheceu ter estado com ele na propriedade e que era Bittar quem sempre tratou com a OAS sobre o im�vel."