
No momento em que o PT vive uma de suas maiores crises nacionalmente, com alguns de seus principais nomes envolvidos na maior opera��o de combate � corrup��o no pa�s, o diret�rio municipal do partido, em Belo Horizonte, vive sua tormenta particular. Endividada, a legenda se viu obrigada a sair de sua antiga sede, uma casa vermelha no tradicional Bairro de Lourdes, para ocupar apenas uma sala e dividir as depend�ncias do diret�rio estadual. O Partido dos Trabalhadores da capital mineira fechou o ano no vermelho e acumula uma d�vida de cerca de R$ 750 mil.
Os demonstrativos apresentados � Justi�a Eleitoral no �ltimo dia 2 d�o uma ideia da situa��o financeira do PT de BH. Em 2016, o diret�rio municipal n�o recebeu nem um centavo sequer do fundo partid�rio. Contou com uma receita de R$ 117,3 mil, vinda de contribui��es e doa��es. As despesas declaradas foram de R$ 253,4 mil, sendo a maior delas, de R$ 158,8 mil, com sal�rios.
A d�vida, por�m, � maior do que o saldo negativo. O ex-vereador Juninho Paim, que administra interinamente a legenda, confirma o valor do rombo, de cerca de R$ 750 mil. Apesar de estar � frente da condu��o do PT de BH, ele disse n�o saber especificar quem s�o os credores do partido, mas adiantou que muito do dinheiro devido � por conta do aluguel da antiga casa. “A d�vida vem se constituindo ao longo de outras gest�es, muitas vezes por bloqueio de algum documento ou por problemas de arrecada��o, quando algumas pessoas entre os filiados n�o contribuem. A� fica dif�cil, mas estamos sanando”, afirmou. O PT de BH tem 21,3 mil filiados.
Paim diz que a sede do partido “era muito grande” e que, agora, eles est�o com uma sala na Avenida Raja Gab�glia para resolver demandas e sanar essas d�vidas. Segundo ele, a decis�o de sair da sede teria sido do diret�rio e dos militantes. Acostumado a fazer muitas reuni�es, o partido, segundo Paim, n�o deixou de lado os encontros por conta da falta de espa�o. “O aluguel era muito caro e h� muito v�nhamos discutindo isso, at� que se decidiu sair de l�, mas os movimentos continuam acontecendo na sede da estadual, que nos atende; quando n�o, usamos outro espa�o. Independentemente de ter sede ou sala, a milit�ncia � na rua”, afirmou.
‘ESFOR�O DA MILIT�NCIA’ Eleito para o cargo em mar�o, o vereador Arnaldo Godoy, que tomar� posse como novo presidente do PT de BH em meados de junho, tamb�m disse que est� herdando o problema de gest�es anteriores. “Deixaram pend�ncias de IPTU, no aluguel e ent�o o dono do im�vel pediu reintegra��o de posse e fechamos a sede. Estamos conversando com a estadual para ver o que � poss�vel fazer”, diz.
Godoy disse que, assim que assumir, far� um planejamento para equacionar a d�vida. Ele espera arrecadar dinheiro com as mensalidades dos filiados e com a��es para refor�ar o caixa. “Vamos fazer uma campanha de filia��o em massa do PT com debates para esclarecer as propostas do partido e nos preparar para as elei��es do pr�ximo ano. Tamb�m faremos campanhas, festas e churrascos, venderemos material. A gente n�o pode fazer empr�stimo, ent�o, vamos contar mesmo com o esfor�o da milit�ncia”, afirmou.
Godoy disse j� ter conversado pessoalmente com o ex-presidente Lula, que ficou entusiasmado com sua elei��o. “Vamos passar a fazer reuni�es em cada uma das nove regionais para trazer de volta a milit�ncia, porque ela n�o pode ficar s� no centro. Queremos fazer essa articula��o tamb�m com as executivas estadual e federal para trabalhar pela reelei��o do governador Fernando Pimentel e, se for o caso, a campanha do Lula”, afirmou.
Mesmo com as dificuldades financeiras, Godoy afirma que o momento � de recupera��o de espa�o pelo PT. “O PT subiu na prefer�ncia da popula��o e o Lula continua disparado nas pesquisas para a Presid�ncia. � o momento prop�cio para retomar as conversas com os movimentos da cidade”, disse.
A maior parte da renda do PT vem de contribui��es dos filiados. Al�m dos militantes sem cargo, que pagam de R$ 15 a 6% do sal�rio � legenda, os parlamentares destinam de 6% a 20% do que ganham nos mandatos para os quais foram eleitos. J� os ocupantes de cargos de confian�a pagam de 2% a 10% do sal�rio, mensalmente.
Elei��o sob suspeita
A elei��o da nova dire��o do PT em Minas Gerais ocorre hoje sob suspeita dos pr�prios integrantes do partido. Um grupo de deputados estaduais e federais acusa a principal chapa inscrita, formada por atuais dirigentes da legenda, de fraudar o processo de elei��es diretas. Segundo o grupo “Muda pra valer”, houve irregularidades, como a falsifica��o de assinaturas e a elabora��o de atas falsas de elei��es no interior, colocando sob suspeita o resultado do processo feito em pelo menos 328 munic�pios. Formado por filiados como os deputados estaduais Jean Freire, Mar�lia Campos e Rog�rio Correia e os federais Margarida Salom�o e Padre Jo�o, o grupo diz que n�o vai votar nem legitimar a elei��o. O grupo acusado de fraudar o processo � o da atual presidente e candidata � reelei��o, Cida de Jesus. Designado para falar em seu nome, o l�der do governo na Assembleia, deputado Durval �ngelo, afirmou que em todas as elei��es no PT as chapas perdedoras acusam as vencedoras de fraude. De acordo com ele, das 50 cidades investigadas s� tr�s tiveram irregularidades constatadas.