Bras�lia, 12 - Para contar os repasses em dinheiro feitos pela Odebrecht � campanha de Dilma Rousseff em 2010, a publicit�ria M�nica Moura revelou em dela��o ao Minist�rio P�blico Federal que comprou uma m�quina contadora de c�dulas. A mulher de Jo�o Santana disse que recebeu, pessoalmente, em esp�cie, cerca de R$ 5 milh�es da empreiteira. O dinheiro foi entregue em hot�is em S�o Paulo por "motoqueiros", como ela chamava os entregadores pelo fato de eles costumarem usar jaquetas, nas quais guardavam as notas, al�m de tamb�m esconder nas meias. Somando pagamentos no Brasil e no exterior, M�nica Moura diz que a campanha teve entre R$ 25 milh�es e R$ 30 milh�es "por fora".
"Eu contava sozinha, e depois o Andr� passou a me ajudar. E foi nessa �poca que a gente comprou aquela maquinha. Sabe aquela maquinha, que faz 'tchururururu', porque era um volume", disse ela, imitando o barulho feito pelo dinheiro quando passa pelo contador de c�dulas. "Andr� comprou a maquininha de dinheiro para facilitar", disse.
"Mas no in�cio era eu sozinha, andava na cidade com mochila, com a minha bolsa. N�o � que eu saia com o dinheiro todo que eu recebia, eu sa�a com o dinheiro que eu ia pagar �quela pessoa", disse ela, explicando que esses R$ 5 milh�es eram utilizados para fazer pagamento a fornecedores e prestadores de servi�o da campanha.
Segundo Monica Moura, o ent�o ministro do governo Lula Antonio Palocci orientou que o casal procurasse Hilberto Mascarenhas, chefe do departamento de Opera��es Estruturadas da Odebrecht, para receber recursos. Hilberto, por sua vez, haveria destacado Fernando Migliaccio para tratar da opera��o. A Odebrecht informava a data dos pagamentos e M�nica viajava para S�o Paulo informando o hotel onde estaria para receber.
O dinheiro chegava escondido em meias e jaquetas, segundo a delatora, que afirmou trocar de hot�is com frequ�ncia para se sentir mais segura nas entregas.
"�s vezes eles vinham com uma maletinha (de dinheiro), �s vezes vinham com dinheiro enfiado nas meias e nas jaquetas, por isso que eu falo que eram 'motoqueiros', porque vinham sempre de jaqueta. �s vezes, vinham com dinheiro enfiado na meia. E a� sa�a tirando os bolos de dinheiro e botavam na mesa. �s vezes vinha com uma bolsinha bem vagabunda e deixavam comigo e eu jogava fora depois", disse M�nica Moura.
A publicit�ria disse que o custo do primeiro turno da campanha de 2010 foi R$ 54 milh�es, sendo R$ 34 milh�es em contratos, por dentro, e R$ 20 milh�es "por fora", nas palavras da delatora. "E o segundo turno, realmente, foi 50% desses R$ 54 milh�es. E, da mesma forma, teve por dentro e por fora", disse. "Juntando tinha R$ 25 a R$ 30 milh�es por fora pra receber dos dois turnos", afirmou.
Os v�deos do depoimento do casal foram tornados p�blicos nesta sexta-feira, 12.
Defesa
Em nota enviada � imprensa na quinta-feira, 11, ap�s o STF liberar o sigilo da dela��o do casal, a assessoria de Dilma Rousseff disse que Jo�o Santana e M�nica Moura "prestaram falso testemunho e faltaram com a verdade em seus depoimentos, provavelmente pressionados pelas amea�as dos investigadores". "Apesar de tudo, a presidente eleita acredita na Justi�a e sabe que a verdade vir� � tona e ser� restabelecida", afirma a nota.
(Breno Pires Rafael e Moraes Moura)