
O juiz S�rgio Moro e o ex-ministro da Justi�a Jos� Eduardo Cardozo dividiram a mesma mesa durante um debate na tarde deste s�bado no Brazil Forum UK, realizado na Universidade de Oxfor, em Londres. Ambos discutiram o papel do Judici�rio na democracia brasileira, mas a opera��o Lava-Jato n�o deixou de ser um dos temas levantados pelo magistrado. Sentados lado a lado, eles mantiveram um clima amistoso. O evento ocorreu tr�s dias depois do depoimento do ex-presidente Lula, em Curitiba.
S�rgio Moro chegou sob aplausos e vaias. "N�o sei se algu�m esperava um confronto", brincou ao abrir a apresenta��o. Durante a fala sobre o papel da Justi�a, o juiz citou a Lava-Jato e destacou que a opera��o revelou o quanto a corrup��o est� espalhada pelas institui��es brasileiras. "O que foi evidenciado por esses casos � o que chamamos de corrup��o sist�mica, n�o isolada no tempo e no espa�o, mas de uma pr�tica habitual, serial, profunda e penetrante. Temos um ex-presidente da C�mara condenado, o que mostra que o grau de contamina��o das institui��es foi profundo".
Moro tamb�m discutiu a pol�mica que envolve a aplica��o de pris�es preventivas, defendendo esse recurso em casos excepcionais. "Temos que evitar o risco m�ximo de que um inocente seja eventualmente preso antes de julgamento, porque isso potencializa erro judici�rio. N�o obstante, a nossa lei permite que o juiz adote esse regime dr�stico com objetivos previstos em lei, como de proteger a investiga��o criminal".
Ao defender o seu ponto de vista, o juiz citou o caso do primeiro diretor da Petrobras preso em 2014. Inicialmente, houve apenas ordem de busca e apreens�o, mas, alguns dias depois, descobriu-se que os familiares estavam ocultando provas, o que levou a Justi�a a decretar a pris�o do envolvido. Moro ainda destacou a decis�o que considerou corajosa do Supremo Tribunal Federal (STF) de decretar a pris�o preventiva de um senador em exerc�cio (Eduardo Cunha). "Tamb�m defendo a pris�o preventiva para evitar fuga ou colocar em risco a aplica��o da lei. Todos os quatro ex-diretores da Petrobras movimentaram ativos no exterior mesmo durante a investiga��o, o que seria um potencializador de fuga", esclareceu.
Antes da fala de Moro, o ex-ministro Cardozo voltou a falar de reforma pol�tica e combate � corrup��o ao classificar o sistema pol�tico brasileiro de 'anacr�nico'.
Ex-ministro
Ao depor na Lava-Jato em mar�o deste ano perante o juiz S�rgio Moro, o ex-ministro Jos� Eduardo Cardozo do governo Dilma disse que a pr�tica de caixa 2 em campanhas eleitorais “� hist�rica e recorrente, fruto de um sistema pol�tico anacr�nico”, e acrescentou que a pr�tica n�o est� necessariamente associada a ato de corrup��o ou lavagem de dinheiro.
Na ocasi�o, Moro ouviu testemunhas ligadas � a��o na qual o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antonio Palocci, o homem forte dos governos dos ex-presidentes Luiz In�cio Lula da Silva e Dilma Rousseff, � acusado de rela��es irregulares com a empreiteira Odebrecht.