BRAS�LIA, 13 - Bras�lia, 13/05/2017 - A empres�ria M�nica Moura disse em dela��o ao Minist�rio P�blico Federal (MPF) que o governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), atuava como "chefe informal" e cuidava do or�amento da campanha de Patrus Ananias (PT) � prefeitura de Belo Horizonte em 2012. Segundo a delatora, a campanha de Patrus custou R$ 12 milh�es, dos quais R$ 8 milh�es foram pagos oficialmente e R$ 4 milh�es em "valores por fora".
M�nica disse ter tido muitos problemas para pagar d�vidas dessa campanha, sobretudo porque Pimentel era, nas palavras dela, "uma pessoa muito escorregadia". "Foi uma campanha que eu tive muito problema com dinheiro. O Pimentel � uma pessoa muito escorregadia, muito dif�cil de lidar, ele marcava as coisas comigo e nem sequer aparecia, ele dizia que algu�m ia entregar dinheiro para mim e essa pessoa n�o aparecia, a� eu ficava cheia de problema para resolver", afirmou.
A empres�ria contou que o or�amento da campanha foi fechado diretamente entre ela e Pimentel, no primeiro encontro que tiveram em Belo Horizonte para tratar dos trabalhos, em junho ou julho de 2012, j� bem perto do per�odo do hor�rio eleitoral. M�nica disse que Pimentel falou durante a conversa que, desse total, "tinha que ter um valor por fora". "A parte por fora, o Pimentel disse que ele assumia completamente", afirmou a empres�ria.
Segundo a delatora, esse primeiro encontro reuniu ela, Pimentel, Jo�o Santana, Patrus Ananias, Marcos Coimbra (do Vox Populi) e um assessor de Patrus que ela n�o lembrava o nome. "Em um determinado momento, Pimentel me chamou para uma sala do lado e conversamos sobre o or�amento, era uma campanha bem pequena, ele (Patrus) tinha dois a tr�s minutos, o advers�rio (...) tinha um tempo enorme, e n�s um tempinho assim rid�culo".
A empres�ria narra que Pimentel "n�o tinha papel formal, mas atuava como chefe de campanha informal porque era ministro (do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Exterior de Dilma Rousseff) e n�o podia atuar formalmente. Segundo ela, Pimentel ia a Belo Horizonte quase que semanalmente para a campanha, participava de com�cios, jantares, reuni�es.
A empres�ria tamb�m contou que ela e o marido, o marqueteiro Jo�o Santana, s� assumiram a campanha de Patrus porque foi um pedido pessoal da ent�o presidente Dilma Rousseff. De acordo com M�nica, eles estavam cheios de trabalho, com muitas campanhas simult�neas. Ela tamb�m disse que o lucro da campanha de Patrus foi irris�rio e que tiveram que fazer "contratos por dentro" e "contratos por fora" com seus fornecedores.
M�nica relata que, quando a campanha acabou e Patrus perdeu, restou uma d�vida de quase R$ 2 milh�es, da parte dos R$ 4 milh�es por fora. "Quando acabou a campanha, Pimentel evaporou do meu mapa, eu ligava para ele, ele n�o me atendia", disse. A�, decidiram, segundo ela, procurar a presidente Dilma, que os mandou procurar Ant�nio Pallocci, "que Pallocci ia resolver".
"O Pallocci me chamou no escrit�rio dele e me disse que o pessoal da Odebrecht ia pagar a d�vida. Eles pagaram em dep�sito l� fora, junto com a campanha de Haddad (Fernando Haddad, a prefeito de S�o Paulo em 2012). Eles pagaram mais quase R$ 2 milh�es. Essa d�vida n�o ficou por muito tempo, no ano seguinte, acho, que pagaram essa d�vida. Mas ela (Odebrecht) s� entrou no finalzinho, quando Pallocci entrou". A quita��o da d�vida foi feita em dep�sito em uma conta da Shellbill.
R$ 800 mil
Dentre outros fatos ligados � campanha de Patrus, a mulher do marqueteiro Jo�o Santana relata em sua dela��o um epis�dio no qual ela recebeu de Pimentel R$ 800 mil em uma mala em S�o Paulo. No entanto, ela precisava desse dinheiro para pagar fornecedores em Belo Horizonte. Com isso, o pr�prio Pimentel se ofereceu para levar o valor em um jatinho particular at� a capital mineira. Ent�o, disse M�nica, o governador levou o dinheiro e entregou a uma funcion�ria da produtora de M�nica e Santana que atuava na campanha de Patrus.
Etezinho
M�nica ainda disse que Patrus Ananias n�o tinha conhecimento nem participava dos acertos ligados a or�amento e pagamentos. Ao responder a uma pergunta da procuradora do MPF sobre se Patrus sabia dos pagamentos, principalmente dos irregulares, M�nica disse: "Se voc� conhecer o Patrus, voc� vai entender que n�o, vai ver que n�o. Ele � quase um um 'etezinho' em rela��o a essas coisas, ele n�o se preocupava com nada, ele � um fil�sofo, uma pessoa que vive nas nuvens, uma pessoa maravilhosa".
Outro lado
Em nota, o deputado federal Patrus Ananias (PT-MG) informou que todas as doa��es para a campanha de 2012 "foram recebidas das inst�ncias partid�rias e que todas as contas foram aprovadas pela Justi�a Eleitoral". "Reafirmo minha posi��o contr�ria ao financiamento empresarial a partidos e a campanhas eleitorais", diz a nota de Patrus.
O advogado Eug�nio Pacelli, defensor de Pimentel, disse desconhecer os termos da colabora��o do casal de marqueteiros. "N�o comentamos mais as tentativas exitosas de delatores em se verem livres de suas responsabilidades, por meio de mentiras desprovidas de qualquer elemento de prova. Ministro de Estado conduzindo mala de dinheiro pessoalmente? N�o havia ningu�m para fazer isso? Francamente", comentou Pacelli.
(Luci Ribeiro)