Bras�lia, 19 - O presidente da Rep�blica, Michel Temer (PMDB), ser� investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de tr�s crimes: corrup��o passiva, obstru��o � investiga��o de organiza��o criminosa e participa��o em organiza��o criminosa. Os detalhes do pedido de abertura de inqu�rito feito pela Procuradoria-Geral (PGR) da Rep�blica e autorizado pelo ministro do STF, Edson Fachin, contra Michel Temer, o senador A�cio Neves (PSDB) e o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), foram revelados nesta sexta-feira, 19.
A investiga��o havia sido autorizada pelo ministro Fachin no dia 2 de maio, mas estava sob sigilo at� esta quinta-feira, 18. S� ganhou publicidade ap�s a Pol�cia Federal realizar busca e apreens�o em diversos locais para trazer mais elementos � investiga��o contra Temer, A�cio e Rocha Loures na quinta-feira.
Um quarto crime descrito no pedido de abertura de inqu�rito � o de corrup��o ativa, mas, neste caso, a conduta � atribu�da pela PGR apenas a Joesley Batista, pelo pagamento de R$ 2 milh�es acertada para A�cio Neves para pessoas de confian�a do senador. Joesley, no entanto, n�o consta como investigado neste inqu�rito, e sim num outro que tamb�m foi autorizado por Fachin, em conjunto com o procurador-eleitoral Angelo Goulart Vilela e o advogado Willer Tomaz.
No pedido em que autorizou a investiga��o de Temer, Fachin destacou entre os fatos que podem configurar crimes descritos pela PGR a conversa entre Joesley Batista e Michel Temer. Um dos trechos � o em que Joesley e Temer falam sobre Eduardo Cunha.
"Joesley afirma que tem procurado manter boa rela��o com o ex-deputado, mesmo ap�s sua pris�o. Temer confirma a necessidade dessa boa rela��o: 'tem que manter isso, viu'. Joesley fala de propina paga 'todo m�s tamb�m' ao Eduardo Cunha, acerca da qual h� a anu�ncia do presidente", disse Janot no pedido de abertura em trecho citado por Fachin. O ministro tamb�m destacou trechos sobre Temer indicando o deputado Rodrigo Rocha Loures "como pessoa de sua extrema confian�a para tratar dos temas de interesse do Joesley", nas palavras da PGR. Janot tamb�m narrou trechos de di�logos de Rocha Loures com Joesley.
No depoimento prestado � PGR, Joesley Batista falou mais sobre atitudes que vinha tomando para manter em sil�ncio Eduardo Cunha e L�cio Funaro, operador do ex-parlamentar. Batista disse ter pago R$ 5 milh�es em saldo de propina a Cunha. O delator tamb�m disse no depoimento "que continua pagando ao Funaro R$ 400 mil para garantir o sil�ncio dele e de Cunha" e "que sempre recebeu sinais claros que era importante manter financeiramente ambos e as fam�lias, inicialmente por Geddel Vieira Lima e depois por Michel Temer".
Defesa
Na quarta-feira, dia 17, o presidente Michel Temer soltou a seguinte nota: "O presidente Michel Temer jamais solicitou pagamentos para obter o sil�ncio do ex-deputado Eduardo Cunha. N�o participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar dela��o ou colabora��o com a Justi�a pelo ex-parlamentar.
O encontro com o empres�rio Joesley Batista ocorreu no come�o de mar�o, no Pal�cio do Jaburu, mas n�o houve no di�logo nada que comprometesse a conduta do presidente da Rep�blica.
O presidente defende ampla e profunda investiga��o para apurar todas as den�ncias veiculadas pela imprensa, com a responsabiliza��o dos eventuais envolvidos em quaisquer il�citos que venham a ser comprovados."
Em nota divulgada nesta quinta-feira, 18, quando anunciou que se licenciaria da presid�ncia do PSDB por tempo indeterminado para se "dedicar diuturnamente a provar sua inoc�ncia e de seus familiares", o senador A�cio Neves disse que vai se empenhar para "resgatar a honra e a dignidade que construiu ao longo de mais de 30 anos de vida p�blica". "O tempo permitir� aos brasileiros conhecer a verdade dos fatos e fazer ao final um julgamento justo", afirmou.
(Breno Pires, Rafael Moraes Moura e Beatriz Bulla)