
Bras�lia - A mudan�a da estrat�gia jur�dica de Michel Temer come�ou a ser discutida no fim de semana, quando o presidente percebeu que um julgamento desfavor�vel do pedido de suspender o inqu�rito no Supremo Tribunal Federal (STF) poderia ser uma senten�a de morte e decretar o fim antecipado de seu governo.
Depois que as c�pulas do PSDB e do DEM tomaram o veredicto do plen�rio do STF - antes marcado para esta quarta-feira, 24 - como par�metro para a decis�o de permanecer ou n�o na base aliada, Temer viu que a t�tica at� ent�o estabelecida havia se tornado uma armadilha.
Principal alvo das dela��es da JBS, o presidente foi alertado de que havia riscos de sofrer uma derrota na Corte e, sendo assim, toda a estrat�gia tra�ada poderia se transformar num divisor de �guas contra o governo. A avalia��o feita no Pal�cio do Planalto foi a de que, se o plen�rio referendasse o parecer do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, mantendo a investiga��o contra Temer, a crise aumentaria e a situa��o do presidente ficaria insustent�vel.
Com esse diagn�stico, o Planalto recorreu aos servi�os do perito Ricardo Molina, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), na tentativa de mostrar que a grava��o feita pelo empres�rio Joesley Batista, dono da JBS, continha edi��es, e, portanto, n�o poderia ser usada como prova na investiga��o.
Foi, na pr�tica, mais uma estrat�gia para ganhar tempo e afastar ultimatos, deixando o inqu�rito correr no seu curso natural e evitando o poss�vel desembarque de aliados. Dessa forma, quando a Pol�cia Federal entregar o seu laudo ao STF, o presidente j� ter� apresentado sua defesa p�blica.
Al�vio
No Supremo, o recuo na defesa de Temer foi visto com al�vio. Para um ministro da Corte, da forma como as coisas vinham sendo conduzidas, o STF estava praticamente fadado a definir a morte ou a sobreviv�ncia pol�tica do presidente, o que n�o � papel do tribunal. Sem o peso dessa decis�o nos ombros, ministros avaliavam ontem que a Corte vai analisar a situa��o de Temer num cen�rio com menos press�o pol�tica.
Em conversas reservadas, magistrados diziam que, se o plen�rio referendasse por maioria a decis�o de Fachin de abrir investiga��o contra Temer, o efeito para ele seria semelhante ao do recebimento da den�ncia. Argumentavam ainda que a batalha do presidente sobre sua governabilidade deve ser travada no campo pol�tico e entre atores econ�micos, n�o entre ju�zes.
"Todos n�s queremos a verdade e a Justi�a vai fazer o seu papel. Enquanto n�o tivermos a verdade, n�o podemos parar o Pa�s, como deseja a oposi��o, que aposta no 'quanto pior, melhor'", disse o l�der do governo no Senado, Romero Juc� (PSDB-RR), tamb�m investigado pela Lava Jato.
Nos bastidores, auxiliares de Temer observam que, se o PSDB deixar a equipe, arrastar� outros aliados. Dirigentes tucanos, por sua vez, dizem estar atentos aos desdobramentos da crise. Uma ala do partido afirma n�o querer ficar na Esplanada para o "abra�o de afogados".
D�vidas
Na noite de domingo, ministros e parlamentares discutiram com Temer, no Pal�cio da Alvorada, o que chamaram de atitudes "suspeitas" de Fachin e do procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot. Nas rodas de conversa, o coment�rio era o de que Janot pode sair desmoralizado dessa investiga��o.
Duas quest�es chamaram a aten��o: a pressa do Minist�rio P�blico em fechar o acordo com a JBS e a diferen�a entre as puni��es impostas aos irm�os Joesley e Wesley Batista e a outros delatores, como os do grupo Odebrecht. Os donos da JBS n�o foram presos, nem obrigados a usar tornozeleiras. Joesley chegou a ter, ainda, autoriza��o para viajar a Nova York. (Com Ag�ncia Estado)