S�o Paulo, 23 - E-mails apreendidos na Opera��o Lava Jato apontam que o caseiro do s�tio de Atibaia, no interior de S�o Paulo, enviava mensagens ao destinat�rio '[email protected]' not�cias sobre o dia a dia na propriedade. Elcio Pereira Vieira, o Maradona, mantinha o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva informado sobre o que ocorria nas redondezas da ch�cara, encaminhava listas de materiais de constru��o, recibos de compras de itens da propriedade e relato sobre os animais de estima��o.
Para a Lava Jato, as mensagens obtidas com a quebra de sigilo telem�tico de Maradona revelam "ser o s�tio de propriedade e posse de Lula". Os e-mails foram anexados � nova den�ncia contra o petista, agora acusado de corrup��o passiva e lavagem de dinheiro por reforma milion�ria no s�tio de Atibaia. Al�m do ex-presidente, outros 12 investigados s�o acusados nesta den�ncia.
Em 21 de abril de 2015, o caseiro mandou fotografias em um e-mail intitulado "avi�o aki na chacara hoje pela manha". Na mensagem, 12 fotografias de uma aeronave no c�u.
Outro e-mail, de 23 de outubro de 2014, foi enviado ao mesmo destinat�rio com tr�s fotos e uma mensagem: "a pirua esmagou os tres pintinhos de pav�o que estava com ela bom dia!".
Maradona relatou ao petista sobre uma visita da for�a-tarefa da Lava Jato. O caseiro enviou, em 2 de junho de 2016, �s 21h09, uma fotografia de um peda�o de papel com a anota��o "For�a-tarefa - Dr Julio, Dr Roberson, Dr Athayde e Dr Janu�rio". Ao lado, a indica��o Minist�rio P�blico Federal. Em cima, um telefone.
Os procuradores Julio Noronha, Roberson Pozzobon, Athayde Ribeiro e Janu�rio Paludo fazem parte da for�a-tarefa da Lava Jato, no Paran�.
Na acusa��o criminal contra Lula, a Procuradoria afirma que a anota��o foi feita pelo filho de Edivaldo Pereira Vieira, irm�o de Maradona, quando procuradores da for�a-tarefa "efetuaram dilig�ncias investigativas em Atibaia". Segundo a den�ncia, Edivaldo prestou servi�os no s�tio, cuja propriedade � atribu�da a Lula, o que a defesa do petista nega com veem�ncia. Edivaldo e Maradona n�o s�o acusados na den�ncia do Minist�rio P�blico Federal.
"Na dilig�ncia efetuada pelos membros do Minist�rio P�blico Federal, Edivaldo respondeu falsamente que nunca trabalhou na propriedade e, ap�s informado do dever de falar a verdade, seu filho anotou os dados de integrantes da for�a-tarefa para eventual contato, o que nunca ocorreu", aponta a den�ncia.
Obras
Em 31 de julho de 2014, Maradona encaminhou uma mensagem com o t�tulo "obras no s�tio". No e-mail, tamb�m endere�ado ao Instituto Lula, o caseiro listou materiais para realiza��o de obras na propriedade. No texto, Maradona escreve que combinou com a ex-primeira-dama dona Marisa (morta em fevereiro deste ano, v�tima de um AVC) que os materiais para fazer acabamento seriam vistos depois.
Mensagem de 4 de agosto de 2015, encaminhada pelo caseiro a Fernando Bittar, tem o t�tulo "or�amento da ro�adeira" e apontava valores para o conserto do equipamento que estava com defeito. Segundo a Lava Jato, a ro�adeira havia sido adquirida por Marisa em 27 de abril de 2011, na loja Jardins Equipamentos LTDA.
Em uma das mensagens enviadas ao Instituto Lula, Maradona anexou duas fotografias com o valor de R$ 475 que seria destinado a reparos em um port�o autom�tico do s�tio.
Em nota divulgada nesta segunda-feira, 22, o advogado Cristiano Zanin Martins, defensor de Lula, afirmou:
"A den�ncia apresentada hoje (22/05) pela For�a Tarefa da Lava Jato contra Lula mostra uma desesperada tentativa de procuradores da Rep�blica justificar � sociedade a persegui��o imposta ao ex-Presidente nos �ltimos dois anos, com acusa��es fr�volas e com objetivo de persegui��o pol�tica. A nota que acompanhou o documento deixa essa situa��o muito clara ao fazer considera��es que s�o estranhas � �rea jur�dica e �s regras que deveriam orientar a atua��o de membros do Minist�rio P�blico, como a legalidade e a impessoalidade.
A pe�a buscou dar vida � tese pol�tica exposta no PowerPoint de Deltan Dallagnol, para, sem qualquer prova, atribuir a Lula a participa��o em atos il�citos, envolvendo a Petrobras, que ele jamais cometeu. Os procuradores reconhecem n�o ter qualquer prova de que Lula seja o propriet�rio do s�tio, embora tenham repetido esse absurdo por muito tempo em manifesta��es formais e em entrevistas impropriamente concedidas � imprensa: 'A forma de aquisi��o da propriedade e seu registro, mediante poss�veis atos de oculta��o e dissimula��o, n�o s�o objeto da den�ncia'.
Mas recorreram a pedalinhos e outros absurdos para sustentar a tese de que Lula seria o benefici�rio de obras realizadas no local e que os valores utilizados seriam provenientes de supostos desvios ocorridos em contratos firmados pela Petrobras. A afirma��o colide com todos os depoimentos j� colhidos em ju�zo, at� a presente data, com a obriga��o de dizer a verdade, que afastam o ex-Presidente da pr�tica de qualquer ato il�cito.
A Lava Jato age de forma desleal em rela��o a Lula, com acusa��es manifestamente improcedentes e com a pr�tica de atos que s�o ocultados de sua defesa. Hoje mesmo, o ex-Senador Delc�dio do Amaral reconheceu em depoimento prestado na 13� Vara Federal Criminal de Curitiba que participou no Mato Grosso de Sul de interrogat�rio solicitado por autoridades americanas com a participa��o do Minist�rio P�blico Federal e com representantes da Petrobras. O ato, embora relacionado �s acusa��es feitas contra Lula, n�o havia sido revelado e os documentos correspondentes ainda s�o desconhecidos.
A falta de justa causa para o recebimento da a��o penal proposta nesta data � flagrante e um juiz imparcial jamais poderia receb�-la."
(Julia Affonso, Ricardo Brandt, Luiz Vassallo e Fausto Macedo)