Bras�lia, 29 - Deputados do PT que n�o concordam com a ideia de boicotar eventual elei��o indireta para escolha do substituto do presidente Michel Temer discutem com parlamentares de outros partidos da oposi��o, entre eles PDT e PC do B, participar do pleito com uma "anticandidatura". A estrat�gia � lan�ar um candidato oposicionista ao que ser� lan�ado pelos partidos da base aliada para marcar posi��o pol�tica e, ao mesmo tempo, tentar influenciar minimamente a agenda do governo de transi��o.
Como mostrou neste domingo, 28, o jornal
O Estado de S. Paulo
e o Broadcast, servi�o de not�cias em tempo real do Grupo Estado, o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva defende que o PT repita o posicionamento das elei��es de 1985 e n�o participe de eventual novo col�gio eleitoral.
Naquele pleito, a sigla se colocou contra a alian�a do PMDB com dissidentes do regime militar, que conseguiu eleger Tancredo Neves presidente, com 480 votos. O deputado Paulo Maluf (ent�o do PDS, hoje do PP) ficou em segundo lugar, com 180 votos.
Naquela �poca, o PT havia participado ativamente da campanha pelas "Diretas J�", em 1984, e considerava ileg�tima a escolha do primeiro presidente civil, depois de 21 anos de ditadura militar, de forma indireta, ou seja, por deputados e senadores, e n�o pelo voto popular. Tr�s dos oito deputados da bancada petista (Bete Mendes, Jos� Eudes e Airton Soares) contrariaram a orienta��o partid�ria e acabaram expulsos da legenda.
No PT, a "anticandidatura" em eventual nova elei��o indireta tem apoio at� mesmo de deputados da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), a mesma de Lula, como Vicente C�ndido (SP). Segundo o pol�tico paulista, o grupo ainda procura um nome para ser o "anticandidato". O nome ex-presidente, por�m, � totalmente descartado. "Ele negaria a pr�pria hist�ria", afirmou outro deputado da CNB.
No PDT, a tese de uma "anticandidatura" tem apoio de deputados como Andr� Figueiredo (CE), vice-l�der do partido na C�mara. "Nossa primeira alternativa � elei��o direta. Mas, se n�o conseguir, tem que participar da indireta. N�o adianta ficar intransigente e virar as costas, porque acaba perdendo a chance de discutir uma agenda para uma transi��o e de refor�ar posicionamento contra essas reformas", afirmou o pedetista, que foi ministro das Comunica��es do governo Dilma Rousseff.
O deputado Orlando Silva (PC do B-SP) tamb�m defende que seu partido apoie uma "anticandidatura", caso a oposi��o n�o consiga viabilizar uma elei��o direta. "Seria para marcar posi��o pol�tica, como foi a candidatura do Andr� Figueiredo na �ltima elei��o na C�mara", afirmou. Na disputa pelo comando da Casa, em fevereiro deste ano, Figueiredo ficou em terceiro lugar, com 59 votos. O vencedor foi o atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com 293 votos.
Figueiredo, Orlando e segmentos do PT admitem at� que a oposi��o pode negociar apoio a uma candidatura de "centro", desde que o candidato se comprometa a n�o votar as reformas ou pelo menos ameniz�-las. Entre os pr�-candidatos colocados hoje, o ex-ministro Nelson Jobim � o que mais tem apoio da oposi��o. "Seria um nome de acordo nacional. � dif�cil o Lula falar mal dele", disse o deputado Vicente C�ndido (SP), vice-l�der do PT na C�mara.
H� ainda na oposi��o quem defenda manter uma anticandidatura, mesmo que o candidato seja Jobim. Nesse caso, dizem oposicionistas, seria uma anticandidatura "menos agressiva". Jobim foi ministro da Defesa entre 2007 e 2011, durante os governos dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff. Antes disso, foi ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) de 1997 a 2006, indicado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Dirigentes do PDT e do PC do B evitam falar publicamente sobre participa��o em eventual elei��o indireta. O argumento � de que o foco por enquanto tem que ser em aprovar a Proposta de Emenda � Constitui��o (PEC) de autoria do deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) que permite elei��es diretas para presidente, caso Temer seja cassado ou renuncie ao cargo. A mat�ria ainda est� parada na Comiss�o Constitui��o e Justi�a (CCJ) da C�mara, sem previs�o para ser votada.
"N�o vamos convalidar nem legitimar uma elei��o com um Congresso corrupto desses, totalmente desmoralizado", afirmou o deputado Ivan Valente (SP), vice-l�der do PSOL na C�mara. Para ele, participar de uma elei��o indireta apoiando uma anticandidatura ou uma candidatura de centro seria legitimar o processo. O PSOL tem uma bancada de seis deputados.
(Igor Gadelha)