Bras�lia, 26 - L�deres da base aliada de Michel Temer na C�mara dos Deputados afirmaram ao Estado n�o ser poss�vel assegurar a rejei��o da den�ncia que o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, deve apresentar at� amanh� contra o presidente da Rep�blica. Mesmo com uma coaliz�o estimada em cerca de 400 deputados, parlamentares ponderam que o teor da acusa��o formal e os seus desdobramentos podem influenciar o posicionamento dos congressistas, aumentando o risco de Temer sofrer um rev�s.
A den�ncia contra o presidente � apresentada no Supremo Tribunal Federal, que s� pode julgar sua aceita��o ou n�o com o aval da C�mara. Ap�s ser encaminhada para a Casa, a acusa��o tramita primeiro na Comiss�o de Constitui��o e Justi�a (CCJ) antes de seguir para o plen�rio. S�o necess�rios os votos de 172 dos 513 deputados para negar a autoriza��o. Se aprovada por no m�nimo 2/3 da Casa, retorna ao Supremo. Caso a Corte aceite a den�ncia, o presidente � obrigado a se afastar do cargo por 180 dias.
Para Baleia Rossi (SP), l�der do PMDB, partido de Temer e que tem a maior bancada da Casa, com 64 deputados, o governo n�o pode se descuidar. "No Parlamento nada � autom�tico. Vai ter que trabalhar. Cada l�der da base vai ter que trabalhar sua bancada. Vai ter que ter convencimento. N�o d� para achar que est� tudo resolvido."
Segundo ele, � preciso "conhecer os elementos da den�ncia e formar um convencimento para ajudar os deputados a formarem sua convic��o".
Comiss�o
Al�m do PMDB, os principais partidos aliados tamb�m n�o asseguram vida f�cil ao governo, em especial na CCJ. DEM e PSDB, por exemplo, rejeitam a hip�tese de substituir nomes no colegiado que possam votar contra a den�ncia. "Os nomes (do DEM) na CCJ estar�o todos preservados, n�o vou mudar ningu�m para atender algum desejo do governo ou algo assim. V�o votar com sua consci�ncia", disse Efraim Filho. A bancada do DEM tem 29 deputados.
De acordo com o l�der do PSDB na C�mara (46 integrantes), Ricardo Tripoli, os tucanos v�o "votar de acordo com a sua consci�ncia". Tripoli disse que "de forma alguma" haver� troca de membros em favor do governo. Ele tamb�m n�o garante qual ser� a posi��o dos tucanos na den�ncia: "Vamos reunir a bancada, vamos discutir e vou tentar buscar maior n�mero de consenso para nos manifestarmos em un�ssono".
Outros l�deres seguem a mesma linha. "N�o vou fazer um exerc�cio de futurologia. N�o � poss�vel prever (se haver� manuten��o de apoio)", disse Jos� Rocha, do PR, cuja bancada possui 37 deputados.
Jovair Arantes, do bloco PTB, PROS, PSL, PRP, que tem 24 deputados, disse que n�o pode "agir por hip�tese". "Tenho que ver a den�ncia e analisar. S� tomo decis�o com meu time (bancada)", afirmou. "N�o sabemos o que vai acontecer", completou Marcos Montes, do PSD.
Articula��es
O Planalto aposta em uma estrat�gia jur�dica associada � pol�tica para derrubar a den�ncia na C�mara. Temer passou o fim de semana tratando do tema. No s�bado, viajou a S�o Paulo para se encontrar com seu advogado Antonio Cl�udio Mariz.
Nesse domingo, ele se reuniu no Pal�cio da Alvorada com ministros, l�deres e aliados no Congresso.
Apesar de o encontro ter como pauta oficial as vota��es no Congresso, o Planalto confirmou que outro advogado do presidente, Gustavo Guedes, tamb�m participou da reuni�o. De acordo com a lista oficial, participaram os ministros Henrique Meirelles (Fazenda), Torquato Jardim (Justi�a), Eliseu Padilha (Casa Civil), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), Moreira Franco (Secret�ria-Geral da Presid�ncia) e Sergio Etchegoyen (Gabinete de Seguran�a Institucional). Estavam presentes tamb�m o presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e os l�deres do governo no Congresso, Andr� Moura (PSC-SE), e na C�mara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
Temer � investigado por corrup��o passiva, obstru��o de Justi�a e organiza��o criminosa. Janot poder� apresentar uma �nica den�ncia ou fati�-la de acordo com os crimes apurados.
No convencimento de deputados, o Planalto vai argumentar que o procurador-geral da Rep�blica age de maneira pessoal ao acusar Temer. Outro argumento � o de que a classe pol�tica deve se unir para salvar o presidente porque, caso contr�rio, toda ela estar� amea�ada.
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Julia Lindner e Carla Ara�jo)