Curitiba, 03 - Investigadores, assessores e advogados que acompanham de perto o andamento dos processos da Lava Jato em Curitiba avaliam que o juiz S�rgio Moro deve demorar mais alguns dias para dar a senten�a no processo em que o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva � r�u no caso do triplex no Guaruj�.
Tanto no Minist�rio P�blico Federal (MPF) quanto na Justi�a Federal no Paran� h� o entendimento de que a extens�o das alega��es finais da defesa do petista, com 363 p�ginas, vai demandar mais tempo de Moro. Al�m disso, o juiz da 13.� Vara Criminal Federal de Curitiba deve ser ainda mais meticuloso na decis�o sobre Lula, sobretudo pelo peso pol�tico da decis�o. "O Moro sabe da import�ncia dessa senten�a. Portanto, vai revisar e revisar antes de proferir a decis�o", afirmou uma fonte.
A decis�o do Tribunal Regional Federal da 4.� Regi�o (TRF-4) de reformar a decis�o de Moro e absolver o ex-tesoureiro do PT Jo�o Vaccari Neto, preso desde 2015, colabora com essa expectativa. Tanto no Judici�rio paranaense quanto no entorno de Lula, a not�cia foi interpretada como um sinal claro do tribunal de segunda inst�ncia para a Lava Jato.
Moro havia condenado Vaccari a 15 anos e 4 meses de pris�o por corrup��o passiva, lavagem de dinheiro e associa��o criminosa. Na semana passada, o TRF-4 absolveu o ex-tesoureiro petista alegando que n�o haviam provas contra Vaccari al�m da palavra de delatores.
"Comemoramos duplamente. Primeiro porque foi feita justi�a ao Vaccari, segundo porque o TRF-4 abriu uma nova perspectiva e nos deixou muito animados. Agora temos muita convic��o de que n�o h� como o Moro condenar o Lula, n�o h� uma �nica prova material no caso do triplex", disse o ex-ministro da Secretaria-Geral da Presid�ncia Gilberto Carvalho.
Segundo fontes pr�ximas a Moro, a decis�o do TRF-4 deve dificultar uma senten�a contr�ria a Lula. Elas avaliam que, para condenar o petista, o juiz teria de aplicar a teoria do dom�nio do fato, alegando que Lula tinha controle sobre tudo o que acontecia. Do contr�rio, as provas recaem sobre a ex-primeira-dama Marisa Let�cia, morta em fevereiro em decorr�ncia de um aneurisma cerebral - foi Marisa quem decidiu comprar uma cota da Bancoop no pr�dio do Guaruj� e quem mais vezes esteve no im�vel.
Expectativa
A imin�ncia da publica��o da senten�a no caso do triplex � motivo de apreens�o no mundo pol�tico e especula��es no mercado. Na sexta-feira passada, boatos de que Moro anunciaria a decis�o ainda antes do fim de semana circularam entre operadores da �rea financeira. A boataria n�o se confirmou. Naquele dia, Moro, que voltava de viagem aos Estados Unidos, ouviu depoimentos de Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula, e dos diretores da entidade Paulo Vanucchi, Luiz Dulci e Clara Ant, mas no caso que apura a doa��o de um terreno ao instituto pela construtora Odebrecht.
Lula � acusado de corrup��o passiva e lavagem de dinheiro no processo sobre o triplex. Segundo o Minist�rio P�blico Federal (MPF), o ex-presidente teria recebido R$ 3,7 milh�es em propinas (por meio do apartamento e do armazenamento de parte do acervo presidencial do petista) da empreiteira OAS em troca de vantagens em contratos com a Petrobr�s. A defesa de Lula alega que o petista nunca foi dono nem sequer usufruiu do apartamento e que o MPF n�o conseguiu produzir provas al�m do depoimento do ex-presidente da OAS L�o Pinheiro.
Se for condenado em primeira e segunda inst�ncias, Lula pode ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa e ficar impedido de disputar as elei��es de 2018. O petista lidera as pesquisas. Al�m disso, o ex-presidente � r�u em outros dois processos. Um deles apura repasses de empreiteiras investigadas pela Lava Jato � LILS, empresa de palestras do petista. O terceiro processo � sobre o s�tio usado por Lula e sua fam�lia em Atibaia. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Ricardo Galhardo, enviado especial)