Aliado de Kassab pede a Moro acesso � Lava Jato

S�o Paulo, 18 - O ex-secret�rio de Habita��o e de Controle Urbano de S�o Paulo nas gest�es Jos� Serra/Gilberto Kassab, entre 2005 e 2012, quer acesso � Opera��o Lava Jato. Orlando de Almeida Filho pediu ao juiz federal S�rgio Moro autoriza��o para acessar um inqu�rito relacionado a executivos da Odebrecht. O magistrado disse sim ao aliado de Kassab.

"Peticiona Orlando de Almeida Filho requerendo acesso ao presente inqu�rito e ao processo, sob a alega��o de que teria sido citado por Paul Elie Altit, presidente da Odebrecht Realiza��es Imobili�rias em sede de colabora��o premiada. Os autos tramitam sem sigilo, a ele tendo acesso o advogado. Defiro, de outro tanto, o acesso aos presentes autos", decidiu Moro em 10 de julho.

Dois executivos do bra�o imobili�rio da Odebrecht afirmaram em depoimento de dela��o premiada que pagaram R$ 6 milh�es em propina ao filho de um ex-secret�rio da gest�o Gilberto Kassab (PSD) para agilizar a aprova��o na Prefeitura de S�o Paulo de um megaempreendimento de luxo na zona sul da capital paulista.

Paul Elie Altit e Paulo Ricardo Baqueiro de Melo, da Odebrecht Realiza��es, disseram aos procuradores que usaram recursos n�o contabilizados do departamento de propina da empreiteira para pagar por uma consultoria a Orlando de Almeida Neto, filho de Orlando de Almeida Filho.

O objetivo da propina, segundo os delatores, era agilizar a obten��o dos alvar�s de aprova��o e execu��o do Parque da Cidade, um empreendimento de R$ 4 bilh�es que ter� 6 torres comerciais e corporativas, dois pr�dios residenciais, um hotel de luxo, um shopping e um parque linear no bairro Ch�cara Santo Antonio, �s margens do Rio Pinheiros. A obra de 600 mil m� come�ou em 2012 e deve ser conclu�da em 2023.

Os delatores relataram que foram procurados por Orlando Neto no segundo semestre de 2010 na sede da empreiteira, logo ap�s a Odebrecht ter comprado o terreno. Ele se apresentou como s�cio da Triumpho Associados Consultoria de Im�veis, escrit�rio especializado em regulariza��o e corretagem de im�veis. Segundo Altit, o "cart�o de visita era o pai dele", Orlando de Almeida Filho, que na �poca era secret�rio de Controle Urbano, �rg�o respons�vel por embargar obras irregulares na cidade.

"Ele procurou a gente dizendo que poderia ajudar", disse Altit ."J� fez a refer�ncia ao pai", completou. Segundo ele, ficou acertado um pagamento regular pelos servi�os que seriam prestados, com emiss�o de notas, "mas ele tamb�m exigiu um segundo pagamento de R$ 6 milh�es por fora, para dar agilidade a viabiliza��o desse projeto", afirma o executivo.

Questionado pelos procuradores sobre o destino do dinheiro, Altit respondeu: "provavelmente esses R$ 6 milh�es foram para lubrificar algumas pessoas da Prefeitura de S�o Paulo". Os pagamentos, segundo o delator, foram feitos em dinheiro, em v�rios parcelas, diretamente a Orlando Neto no escrit�rio da fam�lia, na regi�o da Avenida Paulista.

Como subs�dio para comprovar a den�ncia, o executivo entregou aos procuradores c�pias de e-mails com o chamado "departamento de propinas" da Odebrecht agendando alguns pagamentos. Segundo a rela��o, no dia 28 de fevereiro de 2013, teria sido pago R$ 1,3 milh�o ao filho do ex-secret�rio. O valor total da propina corresponde a R$ 10 por m� da �rea constru�da do empreendimento.

Paulo Melo, atual l�der empresarial da Odebrecht Realiza��es, conta que a empresa decidiu fazer o "pagamento n�o contabilizado" para evitar que a obra fosse embargada no futuro. "T�nhamos preocupa��o de que projeto ferisse a legisla��o municipal, estadual ou federal. O preju�zo seria muito grande. A gente optou por n�o discutir o valor (da propina) porque era um projeto importante para a gente", afirma Melo.

O acerto com o filho de Orlando de Almeida foi feito em 2010 e o alvar� de aprova��o da obra saiu no fim de 2011 e o de execu��o em 2012. Depois da conclus�o de parte do empreendimento, em 2015, a Odebrecht tamb�m acertou com a imobili�ria de Almeida a venda das unidades do Parque da Cidade. Os im�veis est�o expostos no site da Triumpho.

(Julia Affonso, Fausto Macedo e Luiz Vassallo)