S�o Paulo, 15 (AE), 15 - Dezenas de estudantes, juristas de diversos matizes e pol�ticos do PT lotaram um audit�rio na Pontif�cia Universidade Cat�lica de S�o Paulo (PUC-SP) na noite desta segunda-feira, 14, para o lan�amento do livro "Coment�rios a Uma Senten�a Anunciada - O Processo Lula". A obra re�ne textos de mais de 100 colaboradores em defesa do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva e contra a senten�a do juiz S�rgio Moro, respons�vel pela Lava Jato na primeira inst�ncia, que condenou o petista a 9 anos e 6 meses de pris�o por corrup��o passiva e lavagem de dinheiro no caso do tr�plex do Guaruj� (SP).
Os atos de lan�amento do livro s�o uma das plataformas escolhidas por Lula e pelo PT para fazer a defesa do petista na Lava Jato e defender o direito de o ex-presidente disputar a elei��o presidencial do ano que vem. Se tiver a condena��o confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4� Regi�o, Lula cai na Lei da Ficha Limpa e ficar� ineleg�vel.
A noite na PUC-SP seguiu roteiro semelhante ao do primeiro lan�amento, realizado na sexta-feira, 11, no Rio de Janeiro.
Os oradores se revezaram durante mais de duas horas em cr�ticas aos supostos abusos da Lava Jato e a Moro (algumas em tom pessoal), sob o argumento de que faltam de provas contra o petista. Tamb�m foram feitas defesas do estado democr�tico de direito, que estaria em risco, segundo alguns presentes, desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, no ano passado.
O advogado Alberto Toron, que defende o senador tucano A�cio Neves (MG) na Lava Jato, chamou o impeachment de Dilma de �golpe�. �O que ocorre na Opera��o Lava Jato � um esc�rnio de abusos e vilip�ndios�, disse Toron.
Segundo ele, Moro teve papel direto no impeachment de Dilma ao divulgar �intercepta��o il�cita� na qual Dilma e Lula combinam detalhes sobre a posse do ex-presidente como ministro da Casa Civil (que acabou barrada pelo Supremo Tribunal Federal). �Ele, juiz, passou a ser militante a favor do golpe�, afirmou.
O professor em�rito da PUC-SP Celso Antonio Bandeira de Mello chegou a chamar Moro de �do mal� e �louco� e sugeriu que o juiz teria v�nculos com o PSDB.
Em uma das poucas interven��es t�cnicas, o constitucionalista Pedro Serrano disse que o Judici�rio exerce na Am�rica Latina o papel de �agente de exce��o�. Segundo ele, a Constitui��o de 1988 tem sido esvaziada ao longo dos anos para se adaptar aos interesses do �novo modelo de produ��o�. �S�o medidas de exce��o. N�o temos mais um governos de exce��o. S�o pr�ticas autorit�rias tentando vestir a roupa da democracia�, disse ele.
O ex-prefeito de S�o Paulo Fernando Haddad, que tem sido preparado pelo PT para ser o vice de Lula ou o candidato caso o ex-presidente seja impedido, puxou o grito �Lula 2018� e conclamou as pessoas que n�o votam no PT mas defendem a democracia. �Se amanh� um tucano vier a ser condenado injustamente pode contar com a minha presen�a�, disse.
O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que tem 18 clientes na Lava Jato, entre eles os senadores Edison Lob�o (PMDB-MA) e Romero Juc� (PMDB-RR), afirmou enxergar um espa�o para a �virada� com a �investiga��o de pessoas que n�o estavam acostumadas a ser investigadas�.
Apesar do forte tom pol�tico do evento, as organizadoras do livro, Gisele Cittadino e Carol Proner, negaram que o objetivo seja eleitoral. �� m�-f� dizer uma coisa dessas�, disse Carol.
Questionada por que ent�o o livro s� foi publicado depois da senten�a contra Lula, apesar de a Lava Jato ser alvo de cr�ticas h� anos, Gisele explicou: �N�o � somente algo sobre o Lula. A senten�a recai sobre o direito � soberania popular (pela possibilidade de tirar Lula da disputa em 2018). Neste sentido Lula n�o � uma pessoa qualquer�.
Na caravana pelo Nordeste que come�a nesta quinta-feira, 17, Lula vai participar de atos de lan�amento do livro em tr�s capitais. Existem eventos marcados em ao menos outras 20 cidades do Brasil. A edi��o foi traduzida para o ingl�s e est�o programados atos em Buenos Aires, Lisboa e Paris.
(Ricardo Galhardo)