S�o Paulo, 15 - A proposta de reforma pol�tica que tramita hoje no Congresso Nacional, n�o deve melhorar o enfrentamento da corrup��o no sistema pol�tico brasileiro. A afirma��o foi feita nesta ter�a-feira, 15, pelo juiz condutor da Opera��o Lava Jato na 1� inst�ncia, Sergio Moro, em evento em S�o Paulo. "Essa reforma pol�tica, como est� sendo pensada, n�o � uma verdadeira reforma pol�tica", disse o magistrado.
Em seu entendimento, foi um grande avan�o o Supremo Tribunal Federal (STF) ter proibido a forma como se dava o financiamento privado �s campanhas eleitorais, que permitia "rela��es esp�rias" entre grandes doadores e pol�ticos. No entanto, Moro avaliou que a democracia de massa tem um custo e, dado o momento atual da economia do Brasil, um sistema de financiamento eleitoral exclusivamente p�blico poderia n�o ser o melhor caminho.
"At� tenho simpatia pelo financiamento p�blico, mas n�o exclusivo", declarou. "N�o apenas pelo custo fiscal, mas da forma como esse dinheiro seria distribu�do e se isso n�o dificultaria a renova��o dos mandatos. H� uma tend�ncia de quem est� dentro querer ficar dentro", acrescentou, dizendo que � preciso "regras r�gidas" aos recursos privados em campanhas.
Em sua apresenta��o, o juiz da Lava Jato afirmou que o Pa�s nunca teve grande tradi��o de punir a corrup��o, que � sist�mica, e que a impunidade era a regra geral, o que afetava n�o apenas a economia, mas a pr�pria qualidade da democracia praticada no Brasil. Segundo ele, Esse quadro come�ou a mudar nos �ltimos anos, com as investiga��es do mensal�o, mas � algo que � e continua sendo capitaneado pelo Judici�rio e pela pol�cia.
"Tinha expectativa de que essa atua��o gerasse a��es no Legislativo e Executivo mas, sinceramente, muito pouca coisa tem sido feita nessa �rea", criticou, lembrando que o Minist�rio P�blico tentou se aproveitar do momento apresentando as chamadas dez medidas contra a corrup��o.
Moro elogiou tamb�m a atua��o do STF nesse sentido, em especial ao possibilitar a execu��o provis�ria da pena a partir da segunda inst�ncia, uma inova��o que creditou ao ministro Teori Zavascki, falecido no in�cio do ano em um acidente a�reo. "Poderosos usam brechas da lei para perpetrar impunidade", comentou.
Moro disse ainda que, quando a Lava Jato come�ou, era imposs�vel saber onde poderia chegar e comemorou a condena��o de grandes nomes do mundo pol�tico e empresarial. E lembrou do avan�o da Ge�rgia no �ndice de percep��o de corrup��o organizado pela ONG Anistia internacional (49� hoje). "Em 2016, o Brasil est� na 79� posi��o, mesma coloca��o da Ge�rgia em 2006. Quem sabe daqui dez anos, tenhamos avan�ados as mesmas 30 posi��es."
Presid�ncia
Moro descartou novamente sua candidatura � Presid�ncia da Rep�blica nas elei��es de 2018. "N�o serei candidato", disse, em resposta a uma pergunta da plateia, ap�s proferir palestra em na capital paulista.
"Penso que � preciso ter um certo perfil (para ser pol�tico) e sinceramente n�o me vejo com esse perfil", frisou Moro, ressaltando que fez uma op��o pela magistratura. "J� disse mais de uma vez e reitero quantas vezes forem necess�rias que n�o sou e n�o serei candidato", repetiu, sob aplausos da plateia.
"A profiss�o pol�tica � uma das mais belas. H� muitos bons pol�ticos", afirmou o juiz, ressaltando que h�, �s vezes, uma imagem pejorativa da classe. "� uma minoria que adere a essas pr�ticas."
O evento no qual Moro participa � organizado pela r�dio Jovem Pan e conta tamb�m com a participa��o da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra C�rmen L�cia.
(Altamiro Silva Junior, Marcelo Osakabe e Julia Affonso)