Rio, 17 - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse nesta quinta-feira, 17, que as mudan�as no sistema eleitoral do Pa�s deveriam come�ar nos munic�pios, que serviriam como um laborat�rio. "Por que n�o come�ar com os vereadores, onde � mais natural que se 'distritalize'?", disse FHC ao comentar a discuss�o sobre o "distrit�o", uma das propostas em tramita��o no Congresso.
O Mais do que fazer a reforma pol�tica, � preciso mudar a cultura pol�tica no Brasil, ele defendeu. "Na Constituinte de 1988, nossa obsess�o era a liberdade. Demos aos partidos liberdade plena. Mas pouco a pouco os partidos foram ficando corporativos. Os partidos viraram lobbies. N�o s�o todos, alguns existem como partido, expressam uma posi��o na sociedade, tomam partido. Mas em geral n�o querem tomar partido, para ter voto de todo mundo", afirmou a um p�blico de empres�rios de diferentes setores em almo�o na Associa��o Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ).
FHC disse que a sociedade n�o se sente representada, e, por isso, n�o aceita o fundo de financiamento p�blico de campanhas em discuss�o no Congresso (ao qual seria destinado 0,5% da receita corrente l�quida do ano anterior �s elei��es). "A sociedade tomou conhecimento que isso funciona assim, e n�o se sente representada, porque n�o est�. Mas a� na hora de votar vota nos mesmos. Tem que mudar as institui��es e a cultura. � uma luta que est� presente neste momento. Est� sendo discutido o volume do fundo que vai manter os partidos. A popula��o n�o aceita isso. Tem que discutir quem paga a democracia, mas como se diminuem os custos?
Pelo modelo do distrit�o, eleitores votar�o apenas em candidatos a deputados e vereadores, sem a possibilidade de votar nos partidos, e deixa de haver o quociente eleitoral; assim, s� os mais votados se elegem. Uma cr�tica ao sistema � de que candidatos mais conhecidos do eleitorado e com mais recursos acabar�o sendo privilegiados, em detrimento de novatos.
Agora, para tentar cooptar apoios, parlamentares falam num modelo "distrit�o misto", ou "semidistrit�o", que combina o voto majorit�rio com o voto no partido. Funcionaria assim: os eleitores poderiam escolher um candidato e um partido, e os votos nas legendas seriam distribu�dos proporcionalmente aos seus candidatos. As novas regras s� valer�o para o pleito de 2018 caso sejam aprovadas por deputados e senadores at� o dia 7 de outubro.
(Roberta Pennafort)