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Estado de Minas

Aliados de Temer minam pretens�o de Meirelles por 2018


postado em 20/08/2017 09:13

Bras�lia, 20 - A tens�o que marcou o fechamento do novo rombo nas contas p�blicas, anunciado na ter�a-feira, n�o deixou d�vidas de que a disputa presidencial de 2018 ocupou lugar privilegiado nas reuni�es do governo. Convencidos de que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, trabalha para ser candidato ao Pal�cio do Planalto, no ano que vem, interlocutores do presidente Michel Temer intensificaram a �fritura� do comandante da economia.

A nova temporada do �fogo amigo� passa n�o apenas por gabinetes do Planalto como pelo PMDB e PSDB, os dois principais partidos da coaliz�o. Filiado ao PSD - que integra o bloco conhecido como Centr�o -, Meirelles voltou � berlinda pol�tica nos mais recentes cap�tulos da crise. Passou a fazer alian�as estrat�gicas, como a parceria com o presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), abriu em maio uma conta no Twitter - hoje com 23 mil seguidores - e come�ou a participar de eventos fora da agenda, como batizado de crian�a e at� visita a igreja evang�lica.

Nos bastidores, interlocutores de Temer acompanham com lupa os movimentos do ministro e o nome dele aparece em pesquisas de inten��o de voto encomendadas por aliados, mas sempre com menos de 2%.

Embora uma candidatura de Meirelles seja considerada improv�vel no atual cen�rio de dificuldades, seus advers�rios lembram que em pol�tica as �nuvens� mudam muito r�pido. Com 2018 no horizonte, argumentam que ele pode ter apenas mais sete meses e meio � frente da economia, se conseguir p�r de p� seu projeto eleitoral, j� que o prazo para a desincompatibiliza��o de cargos p�blicos termina em abril.

Os �ltimos embates travados entre a equipe econ�mica, ministros pol�ticos e l�deres do governo para a revis�o das metas de d�ficit de 2017 e 2018 - definidas em R$ 159 bilh�es - irritaram Temer, que, a portas fechadas, pediu �calma� � equipe.

Um exemplo das diverg�ncias ocorreu no dia 10, uma quinta-feira. Passava de 13h30 quando a temperatura esquentou no Planalto. Depois de ouvir a apresenta��o de Meirelles e do ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, sobre o �pacote� do aperto para conter o rombo, o l�der do governo na C�mara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), n�o se conteve. �Presidente, essa solu��o de aumento de impostos n�o vai se concretizar. N�o passa no Congresso�, disse ele, dirigindo-se a Temer. �Ainda mais neste momento pol�tico, em que n�o se sabe se vem mais flecha pela frente.�

Flecha foi o termo usado pelo procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, para se referir �s den�ncias da Lava Jato encaminhadas por ele. A acusa��o por corrup��o passiva contra Temer foi rejeitada pela C�mara no dia 2 deste m�s, mas outras podem aparecer.

Naquela reuni�o, o presidente concordou com Aguinaldo, mas cobrou uma alternativa. �Se imposto n�o passa, como se faz?�, perguntou, sem esconder a contrariedade com o vaiv�m dos n�meros. Ao ver um ministro com olhar fixo no WhatsApp, interrompeu a discuss�o e foi direto: �Vamos guardar o celular?�. Meirelles ensaiou ali o primeiro recuo: �Eu senti essa dificuldade (para aprova��o de impostos) na �ltima palestra que fiz. Mas precisamos buscar receitas e avan�ar nas concess�es�.

Desatino

Cinco dias depois, poucas horas antes do an�ncio de amplia��o da meta fiscal, o senador A�cio Neves (MG), presidente licenciado do PSDB, foi ao Planalto pedir a Temer que n�o inclu�sse a Companhia Energ�tica de Minas Gerais (Cemig) no leil�o para conter o rombo do governo. �N�o podemos entregar a Cemig dessa forma por causa de um desatino do governo do PT�, provocou o tucano, alvo da Lava Jato, dando uma estocada em Meirelles.

Mais tarde, o l�der do governo no Senado, Romero Juc� (PMDB-RR), �furou� Meirelles, anunciando aos jornalistas as metas de 2017 e 2018. Os cr�ticos do ministro observaram uma disputa de bastidores na equipe. �Eu n�o furei Meirelles coisa nenhuma�, reagiu Juc�, esquivando-se das desaven�as. �Falei com a imprensa �s 19h15 e ele, �s 19h30. Qual o problema? � tudo governo. E esse governo n�o faz pedaladas, como o anterior. N�o adianta maquiar os n�meros. Est� tudo tranquilo.�

Ex-ministro do Planejamento, atingido pela Lava Jato, Juc� sempre pregou uma meta de R$ 170 bilh�es para 2017, considerada mais realista. Aliados aproveitaram a deixa e entraram em uma queda de bra�o com Meirelles, na tentativa de ampliar as despesas em um ano pr�-eleitoral. O ministro perdeu a batalha pelo imposto, mas n�o a guerra.

�A meta fiscal foi ajustada porque o governo partiu de premissas que terminaram n�o se confirmando. Foi otimista, mas n�o conservador o bastante�, afirmou Juc�. �Acabou que a vida n�o deu ao Meirelles o que ele esperava�, disse o l�der da maioria na C�mara, deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES).

Na lista dos c�lculos que n�o se confirmaram, o Planalto apontou a frustra��o de receitas com a repatria��o e o Refis - programa de refinanciamento de d�vidas de empresas com a Receita -, al�m do aumento do d�ficit da Previd�ncia. O argumento para o novo vermelho nas contas � o de que houve uma corrida para a aposentadoria sem que o governo conseguisse aprovar a reforma.

Ap�s v�rios embates, Temer pediu aos auxiliares que n�o estiquem mais a corda com Meirelles. Questionado pelo jornal "O Estado de S. Paulo" se repetiria a afirma��o feita h� um ano, segundo a qual o titular da Fazenda estava sendo v�tima de �manipula��o eleitoral�, o ministro da Secretaria-Geral, Moreira Franco, disse que n�o. �Esta fase foi superada com sucesso por ele�, desconversou.

Batizado

Homem de mercado, amigo de empres�rios e banqueiros, Meirelles n�o tem desenvoltura pol�tica e sua �campanha� ainda � t�mida. O ministro nunca fala em elei��o nas reuni�es econ�micas, mas fora de Bras�lia veste um figurino de candidato. Na noite de 19 de junho, por exemplo, viajou at� Bel�m para participar da comemora��o dos 106 anos da igreja Assembleia de Deus. Foi homenageado com o �Tributo de Gratid�o�.

Meirelles aproveitou que estava na capital paraense para participar do batizado da filha do ministro da Integra��o, Helder Barbalho (PMDB), que se movimenta para disputar o governo do Par�. A presen�a foi registrada pelo senador Jader Barbalho, pai de Helder. Nenhum dos dois compromissos estava na agenda oficial.

A aproxima��o entre Maia e Meirelles, na outra ponta, tamb�m � um jogo de interesses. Os dois estreitaram rela��es somente ap�s o agravamento da crise, na esteira das dela��es da JBS. Interlocutores do deputado dizem que ele quer ter o ministro como ��ncora� da pol�tica econ�mica para o caso de algum dia vir a assumir o comando do Pa�s. Maia � o primeiro na linha de sucess�o da Presid�ncia.

Diante de um quadro indefinido, h� quem tamb�m observe um flerte de Meirelles com o DEM. O partido de Maia est� em busca de um candidato ao Planalto e j� convidou at� mesmo o prefeito Jo�o Doria (PSDB) para ocupar o posto.

Comandado pelo ministro de Ci�ncias e Comunica��es, Gilberto Kassab, o PSD est� dividido sobre o rumo a seguir em 2018, mas n�o parece empolgado com o lan�amento de Meirelles. �Ele est� com muita vontade de ser candidato, mas precisa ter base pol�tica�, resumiu o l�der do PSD na C�mara, Marcos Montes (MG). �S� se viabiliza se a economia deslanchar�, emendou o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI).

� espera de se livrar das den�ncias que o atingiram ap�s as dela��es da JBS, Temer quer inaugurar uma nova fase de seu mandato e planeja mostrar um �governo de resultados� ap�s outubro. O m�s foi escolhido porque � o prazo estimado pelo Planalto para aprovar a reforma da Previd�ncia, hip�tese vista como �irreal� at� por aliados. O governo avalia que at� l� haver� diminui��o do desemprego e juros mais baixos, mesmo com os percal�os na economia.

Ningu�m no PMDB, por�m, aposta em Meirelles como uma op��o de centro-direita para 2018. Mesmo assim, quando questionado sobre previs�es para a economia, Temer n�o esconde a depend�ncia do ministro da Fazenda. �Eu sou fraco em n�meros. Fale com o Meirelles.�

(Vera Rosa, Adriana Fernandes e Igor Gadelha)


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