Bras�lia - O empres�rio Joesley Batista, do grupo JBS, chamou o presidente Michel Temer de "ladr�o geral da Rep�blica". Em nota divulgada neste s�bado, o empres�rio afirma que a colabora��o premiada � um direito e que o ataque feito a essa prerrogativa revelaria uma "incapacidade" de o presidente se defender "dos crimes que comete."
As declara��es do empres�rio foram feitas numa rea��o � nota divulgada na sexta-feira (1º) pela Presid�ncia da Rep�blica sobre o operador L�cio Funaro, que firmou acordo de dela��o com Minist�rio P�blico. Na nota, o Pal�cio do Planalto chama o empres�rio Joesley Batista de "grampeador-geral da Rep�blica."
Procurado pela reportagem, o advogado Ant�nio Cl�udio Mariz de Oliveira, defensor de Temer, disse que a declara��o de Joesley "n�o merece nenhuma resposta em face da sua origem e do conhecido comportamento absolutamente reprov�vel do delator".
"A resposta j� foi dada pela C�mara dos Deputados, que rejeitou a den�ncia (apresentada pelo procurador-geral da Rep�blica contra o presidente pelo crime de corrup��o passiva), baseada na acusa��o dessa mesma pessoa", afirmou o advogado.
Em nota divulgada na sexta (1º), a Secretaria de Comunica��o da Presid�ncia da Rep�blica (Secom) desqualifica o operador L�cio Funaro, que firmou acordo de dela��o com o Minist�rio P�blico, e chama o empres�rio Joesley Batista de "grampeador-geral da Rep�blica".
Sob a justificativa de que a "suposta segunda dela��o" de Funaro apresenta "inconsist�ncias e incoer�ncias pr�prias de sua trajet�ria de crimes", o texto diz que Temer se reserva o direito de n�o tratar de "fic��es e inven��es" de quem quer que seja. Cita, ainda, que o operador - chamado apenas de "doleiro" - acionou a Justi�a, meses atr�s, para cobrar valores devidos a ele pelo grupo de Joesley. Foi o dono da JBS quem gravou Temer, em conversa que veio a p�blico em maio.
A Secom destaca que Funaro foi preso h� um ano por "amea�ar de morte" a seus ex-parceiros comerciais e diz n�o estar claro como se deu sua "convers�o" diante do procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot. Em tom de ironia, a nota pergunta qual "m�gica" teria feito o operador, "que traiu a confian�a da Justi�a e do Minist�rio P�blico", para ganhar agora credibilidade. N�o � s�: lembra que ele j� foi classificado pelo MP como "uma pessoa que tem o crime como modus vivendi".
O
Estado
apurou que a dela��o de Funaro atinge n�o apenas Temer e o governo, como v�rias figuras de express�o no PMDB. "Diante da vontade inexor�vel de perseguir o presidente da Rep�blica, Funaro transmutou-se em personagem confi�vel. Do vinagre, fez-se vinho. Quem garante que, ao falar ao Minist�rio P�blico, institui��o que j� traiu uma vez, n�o o esteja fazendo novamente?", indaga a nota. "Se era capaz de amea�ar a vida de algu�m para escapar da Justi�a, n�o poderia ele mentir para ter sua pena reduzida? Isso seria, diante de sua ficha corrida, at� um crime menor."
O Pal�cio do Planalto recebeu informa��es de que a den�ncia de Janot contra Temer ser�, desta vez, por obstru��o de Justi�a. Na nota, a Secom menciona o di�logo gravado clandestinamente por Joesley para sustentar que o presidente "jamais" obstruiu a Justi�a.
"A grava��o usada pelo seletivo acusador desmente a acusa��o. Outro agravante � o fato de o grampeador-geral da Rep�blica ter omitido o produto de suas incurs�es clandestinas ao Minist�rio P�blico. No seu gravador, v�rios outros grampos foram escondidos e apagados. Joesley mentiu, omitiu e continua tendo o perd�o eterno do procurador-geral. Pr�mio igual ou semelhante ser� dado a um criminoso ainda mais not�rio e perigoso como L�cio Funaro?", provoca a nota.
A primeira den�ncia contra Temer, por corrup��o passiva, foi rejeitada pelo plen�rio da C�mara em 2 de agosto e a segunda acusa��o deve ser apresentada nos pr�ximos dias por Janot, que deixa o cargo no pr�ximo dia 17. Na contra-ofensiva, o presidente disse que os irm�os Batista refizeram sua dela��o, "demonstrando terem mentido e omitido fatos, sobretudo em rela��o �s falcatruas com o BNDES".
Na avalia��o do Planalto, os delatores prestaram falso testemunho na Opera��o Bullish e puderam, "camaradamente", 'corrigir' suas mentiras ao procurador-geral. "Sem um pux�o de orelhas sequer", diz o texto divulgado pela Secom.
(Vera Rosa, L�gia Formenti, Rafael Moraes Moura)