S�o Paulo, 09 - O depoimento prestado nesta semana pelo ex-ministro Antonio Palocci, no qual ele atribui ao ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva o protagonismo no esquema de corrup��o na Petrobr�s, deixa em aberto a tentativa do petista de se viabilizar como candidato � Presid�ncia da Rep�blica em 2018, segundo analistas consultados pelo Estado. A avalia��o � de que, ainda que Palocci tenha de comprovar o que disse ao juiz S�rgio Moro, suas afirma��es s�o fortes e podem comprometer ainda mais a imagem de Lula.
O professor em�rito de Filosofia da Universidade de S�o Paulo (USP) Ruy Fausto disse que o depoimento "enfraquece ainda mais a posi��o de Lula". "Creio que, agora, a dire��o do PT no fundo se empenhar� principalmente em evitar que ele seja preso", afirmou.
Para Fausto, se por um lado a fala de Palocci mostrou "o violento processo de corrup��o que atingiu o poder petista", por outro, "� evidente que Palocci est� numa situa��o desesperada e, para se safar, dir� o que aconteceu e tamb�m o que n�o aconteceu. Assim, � preciso ter alguma cautela", afirmou.
A avalia��o do cientista pol�tico e consultor da Arko Advice, Murillo Arag�o, � de que o depoimento foi "tr�gico para o PT e para o Lula". "Em poucas palavras, relevou a extens�o da trag�dia pol�tica do Pa�s. Ent�o, � seri�ssimo o que ele (Palocci) disse e n�o h� porque n�o acreditar nele", afirmou. Palocci foi ministro da Fazenda no governo Lula e da Casa Civil durante parte do mandato de Dilma Rousseff.
Al�m do depoimento de Palocci, Lula teve outro rev�s nesta semana. Ele foi denunciado pelo procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, ao lado da presidente cassada Dilma Rousseff e outros petistas, sob acusa��o de formar uma organiza��o criminosa. Se o Supremo Tribunal Federal aceitar a den�ncia, ser� o sexto processo do ex-presidente na condi��o de r�u.
Arag�o considerou que a candidatura de Lula est� prejudicada, mas, ainda assim, ponderou que Palocci estava sob a press�o de estar preso h� quase um ano. "� evidente que uma pessoa presa h� muito tempo termina pressionada a adotar posturas que deem fim � sua agonia." Segundo ele, o ex-ministro dever� provar, de alguma forma, as afirma��es que fez a Moro, entre elas a da exist�ncia de um "pacto de sangue" entre Lula e a Odebrecht. "Ele n�o pode apenas acusar sem ter a m�nima condi��o de provar."
Cautela
. Para a professora de filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Tatiana Roque, "antes de tudo, tem de ter cautela e esperar as provas". Ela lembrou de outros delatores, como o empreiteiro L�o Pinheiro, da OAS, que voltaram atr�s no que disseram sobre Lula. "Mais importante �: qualquer decis�o que inviabilize uma candidatura com a popularidade, o porcentual de votos que Lula tem, deve ser extremamente rigorosa e n�o deixar nenhuma margem de d�vida em termos de provas."
Em depoimento � Justi�a Federa neste ano, por�m, L�o Pinheiro disse que o triplex no Guaruj� foi oferecido pela OAS a Lula e apresentou registros de encontros com o petista. Em um deles, segundo o empreiteiro, o ex-presidente o teria orientado a destruir provas.
Para o professor de Hist�ria Contempor�nea da USP Everaldo Almeida, Palocci "est� dizendo, de certa forma, tudo o que querem que ele diga". "Ele est� sob uma gigantesca press�o, � uma pessoa muita inteligente e sabe exatamente o que falar para conseguir algum tipo de benef�cio com a dela��o dele", disse.
Almeida lembrou que Palocci era figura das mais importantes do PT, mas defendeu posi��es que contrariavam setores do partido - ainda que as posi��es de Palocci sempre estivessem alinhadas com as de Lula, a quem era subordinado, e tivessem sido avalizadas pelo ent�o presidente.
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Marianna Holanda)