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Estado de Minas

At� o fim, Joesley acreditou que escaparia ileso

O dono da JBS descansava em casa, em S�o Paulo, quando Janot anunciou que poderia cancelar os benef�cios de sua dela��o


postado em 11/09/2017 09:07 / atualizado em 11/09/2017 09:11

Joesley Batista j� descansava em sua casa, em S�o Paulo, quando Rodrigo Janot postou-se frente �s c�meras, em Bras�lia, para anunciar que poderia cancelar a dela��o do empres�rio. Durante os quase 20 minutos em que o procurador-geral da Rep�blica falou na noite da �ltima segunda-feira, dia 4, o mundo pol�tico parou. Na Rua Fran�a, no bairro paulistano do Jardim Europa, a tev� de Joesley permaneceu desligada. O empres�rio preferiu n�o ver o pronunciamento. O insistente tilintar do aparelho celular, no entanto, foi mais dif�cil de ignorar. Aos mais chegados, Joesley respondeu n�o entender o que se passava. O delator mais famoso do Pa�s repetia n�o saber por que Janot estava t�o irritado.

A aparente serenidade contrastava com a percep��o geral de que Janot impunha profundo rev�s ao empres�rio. Joesley, que comprara briga com o presidente da Rep�blica e com boa parte da classe pol�tica, perdia naquele momento seu mais importante aliado. Por meses, o procurador-geral defendera os termos do acordo, que previa imunidade total ao bilion�rio. Com sua fala, Janot escancarava a possibilidade de que ele fosse parar na cadeia. Joesley, que at� ent�o parecia conseguir se antecipar aos fatos e controlar seu destino na investiga��o criminal, n�o percebeu.

Cinco dias antes, o empres�rio entregara ao Minist�rio P�blico Federal nova leva de �udios, incluindo a grava��o que enfureceu Janot. Havia sido o pr�prio Joesley, com ajuda de um advogado interno da J&F, o encarregado de analisar e preparar o anexo que inclu�a o �udio comprometedor - seu principal advogado na dela��o, o criminalista Pierpaolo Bottini, estava impedido de auxili�-lo por defender citados na grava��o.

Com o conte�do enviado � PGR, Joesley voltou-se a problemas de ordem empresarial. Preocupava a tentativa do BNDES de sacar seu irm�o Wesley da presid�ncia da JBS, companhia criada por seu pai e principal fonte de riqueza do grupo. O conglomerado lutava ainda para fechar a venda da Eldorado Celulose, que garantiria � J&F dinheiro para quitar suas d�vidas. As boas not�cias vieram. Com ajuda da Justi�a, a disputa com o banco estatal foi adiada. A Eldorado foi passada � frente, num acordo que previa o pagamento de espantosos R$ 15 bilh�es. Tudo parecia caminhar bem no mundo de Joesley. No domingo, o clima era de comemora��o na casa do bilion�rio.

Lentid�o


Joesley n�o admitia que o movimento de Janot representasse o fim da boa fase. Insistia com seus auxiliares que a situa��o era contorn�vel. Na manh� seguinte � fala de Janot, na ter�a-feira, 5, fez quest�o de manter a rotina. Aprumou-se e seguiu para Bras�lia em seu jatinho para um depoimento previamente agendado. Foi quando o �udio come�ou a vazar. Na conversa com o lobista e tamb�m delator, Ricardo Saud, um embriagado Joesley falava de planos para manipular procuradores, enredar o STF na dela��o, conquistar mulheres. Abundavam palavras chulas e improp�rios. Num s� lance, Joesley se indispunha com a PGR, com o Supremo, com sua mulher e at� com sua defesa -- citada de forma grosseira por Joesley no �udio, uma de suas advogadas deixou o caso.

Seus assessores ficaram atordoados. Reclamavam de n�o terem sido avisados do �udio. Diziam n�o entender como o bilion�rio, at� ent�o t�o astuto, cometera erro de avalia��o t�o crasso. Com estilo centralizador, Joesley escolhera os passos que pavimentaram sua exitosa dela��o. Era tamb�m ele o respons�vel por lev�-lo � crise que amea�ava sua liberdade.

Somente na quarta, dois dias ap�s Janot avisar que poderia revogar os benef�cios de sua dela��o, Joesley chamou assessores para analisar o que fazer. Rumou para o escrit�rio de Bottini, na regi�o da Avenida Paulista, de onde s� saiu ap�s a noite cair. Reunido com Saud e o advogado Francisco de Assis (tamb�m delator), e em meio a um vaiv�m de advogados, ouviu a grava��o. Afirmou aos auxiliares n�o ter mudado de opini�o. Para ele, n�o havia crime e, por isso, n�o havia o que temer, segundo pessoas pr�ximas. Joesley fiava-se em sua capacidade de se safar de problemas. Avaliava que seu depoimento, marcado para o dia seguinte em Bras�lia, esclareceria os fatos, preservando sua dela��o premiada.

Baque


Tal tranquilidade n�o era partilhada por Saud e Assis, que j� demonstravam forte apreens�o. Familiares tamb�m indicavam nervosismo com a situa��o. Um executivo que esteve com Wesley Batista na semana passada diz que o empres�rio n�o escondia o abatimento com a amea�a de pris�o do irm�o. J� Joesley seguiu em estado de aparente nega��o at� o pedido de pris�o se concretizar. J� de volta a S�o Paulo, na sexta, argumentava que n�o havia motivo jur�dico que o levasse � cadeia. Reclamava de cansa�o e disse que emendaria o feriado.

No s�bado, com o pedido de pris�o consumado, restou a Joesley pensar em como seguir para a cadeia. Cogitou pegar seu jatinho e se entregar em Bras�lia. Foi desaconselhado por advogados, temerosos de que o movimento at� o aeroporto fosse visto como tentativa de fuga. No domingo, 10, de manh�, ainda tentou tranquilizar o pai e a m�e. Partiu da casa dos dois rumo � carceragem da PF em SP.


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