Bras�lia, 11 - O escrit�rio de advocacia Trench Rossi Watanabe encaminhou � Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR) documentos internos que mostram que Marcello Miller atuou para o grupo J&F antes mesmo de se desligar do cargo de procurador da Rep�blica, informou o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot.
A informa��o consta no pedido formulado por Janot para que o empres�rio Joesley Batista, dono do grupo J&F, o executivo Ricardo Saud e Miller fossem presos. O ministro Edson Fachin, relator do caso, atendeu ao pedido de pris�o tempor�ria de Joesley e Saud, mas n�o de Miller.
Segundo Janot, no dia 6 de setembro deste ano, atendendo a um pedido feito pela PGR, o escrit�rio Trench Rossi Watanabe encaminhou o material referente a uma investiga��o interna envolvendo a atua��o de Miller no escrit�rio.
"Entre os documentos apresentados constam elementos de que, antes de mar�o do corrente ano, Marcello Miller j� auxiliava o grupo J&F no que toca o acordo de leni�ncia firmado pela empresa com o Minist�rio Publico Federal", ressaltou o procurador-geral da Rep�blica.
Segundo Janot, h� trocas de e-mails entre Marcello Miller e uma advogada do escrit�rio, "em �poca em que ainda ocupava o cargo de procurador da Rep�blica, com marca��es de voos para reuni�es, refer�ncias a orienta��es � empresa J&F e in�cios de tratativas em benef�cios � mencionada empresa".
O envolvimento de Miller com a J&F � um dos principais pontos questionados pela defesa do presidente Michel Temer, que tenta afastar Janot do caso.
"As evid�ncias colhidas at� o momento demonstram que � absolutamente plaus�vel a suspeita de que Marcello Miller tenha, na sua atua��o junto ao grupo J&F, cometido o crime de explora��o de prestigio, art. 357 do C�digo Penal. Ha possibilidade, outrossim, de ter sido cooptado pela organiza��o criminosa da qual fazem parte Joesley Batista e Ricardo Saud, passando, em princ�pio, a integr�-la", ponderou Janot.
"Se n�o bastasse, h�, indicativo de que Marcello Miller, ainda na condi��o de procurador da Rep�blica, teria, em princ�pio, ajudado os colaboradores a filtrar informa��es, escamotear fatos e provas e ajustar depoimentos e declara��es, em benef�cio de terceiros que poderiam estar inseridos no grupo criminoso", ressaltou o procurador-geral da Rep�blica.
Defesas
Procurada pela reportagem, o escrit�rio de advocacia Trench Rossi Watanabe informou que "est� auxiliando e continua � disposi��o para auxiliar as autoridades competentes, a exemplo de como tem se portado ao longo de seus mais de 50 anos de trajet�ria no mercado brasileiro de servi�os jur�dicos, sempre pautados pela �tica e transpar�ncia".
O escrit�rio comunicou que entregou todos os documentos solicitados pela PGR e reiterou que Miller n�o faz mais parte do quadro de advogados do escrit�rio.
A reportagem n�o obteve resposta da assessoria de Miller at� a publica��o deste texto. Em nota enviada � imprensa no �ltimo domingo, 10, Miller disse que n�o tinha contato algum com Janot "nem atua��o na Opera��o Lava Jato desde, pelo menos, outubro de 2016".
"Enquanto procurador, nunca atuou em investiga��es ou processos relativos ao Grupo J&F, nem buscou dados ou informa��es nos bancos de dados do Minist�rio P�blico Federal sobre essas pessoas e empresas. Pediu exonera��o em 23/2/2017, tendo essa informa��o circulado imediatamente no MPF", informou o ex-procurador na ocasi�o.
Miller tamb�m disse que "teve uma carreira de quase 20 anos de total retid�o e compromisso com o interesse p�blico e as institui��es nas quais trabalhou" e que "continua � disposi��o, como sempre esteve, para prestar qualquer esclarecimento necess�rio e auxiliar a investiga��o no restabelecimento da verdade".
(Rafael Moraes Moura e Breno Pires)