Genebra, 12 - O governo de Michel Temer fez um duro e raro ataque contra o mais alto representante da ONU para Direitos Humanos, Zeid Al Hussein, sugerindo at� mesmo que ele teria se baseado em "desinforma��o". Na segunda-feira, o alto representante da ONU disse que o "esc�ndalo" de corrup��o no Brasil revela como o problema est� profundamente enraizado em "todos os n�veis de governo" e amea�a a democracia.
"N�o podemos, em especial, deixar que desinforma��o nos leve a falsas conclus�es", alertou a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Farani Azevedo, nesta ter�a-feira. "Discordamos fortemente do coment�rio apressado, injustificado e injusto que ele (Zeid) fez sobre o Brasil em seu discurso circulado ontem", afirmou.
O Brasil foi um dos 40 pa�ses citados por Zeid ao abrir os trabalhos do Conselho de Direitos Humanos da ONU por conta de diversas viola��es. A men��o ao Brasil foi feita explicitamente no contexto da corrup��o e seus impactos.
Ao responder, a embaixadora garantiu que o Brasil est� "seriamente engajado em uma luta contra a corrup��o que deixa evidente, para que todos vejam, n�o apenas nosso apre�o � Justi�a e ao estado de direito, mas tamb�m ao fortalecimento de nossas institui��es democr�ticas e ordem constitucional".
Atacando a forma de o Conselho de Direitos Humanos agir, o Brasil ainda indicou que est� "engajado em discuss�es" para que o processo na ONU seja baseado em um "di�logo construtivo" e na "busca de solu��es sensatas". "A efici�ncia desse �rg�o n�o depende apenas de seu valor intr�nseco, mas tamb�m da adequa��o de suas decis�es", afirmou.
Citando Zeid, ela disse ainda que, se a hist�ria for um guia, a era do medo e perplexidade pode gerar "divis�o e rejei��o" entre a comunidade internacional. "Contra essa onda, reitero o compromisso do Brasil em promover uma ordem mundial multilateral, equitativa e baseada em regras, onde a prote��o e promo��o de direitos humanos s�o salvaguardas", disse.
Ao circular seu discurso na segunda-feira, Zeid apontou que "a corrup��o viola o direito de milh�es de pessoas pelo mundo, ao roubar deles o que deveria ser um bem comum e impedindo direitos fundamentais como sa�de, educa��o ou acesso � Justi�a".
"Recentes esc�ndalos de corrup��o, incluindo s�rias alega��es com altos funcion�rios do Brasil e de Honduras, mostram como a corrup��o est� profundamente enraizada em todos os n�veis de governo em muitos pa�ses das Am�ricas, muitas vezes ligados ao crime organizado e tr�fico de drogas", afirmou Zeid.
"Isso mina as institui��es democr�ticas e promove uma eros�o da confian�a p�blica", alertou. "Progresso para destapar, processar a corrup��o em todos os n�veis de governo � um passo essencial para garantir respeito pelos direitos dos povos, incluindo a Justi�a", apelou Zeid.
Em fevereiro, ao reassumir o assento no Conselho de Direitos Humanos da ONU, o governo brasileiro fez quest�o de declarar que suas institui��es est�o funcionando e que t�m como um dos seus objetivos lutar contra a corrup��o.
Por um ano, por op��o do governo de Dilma Rousseff, o Brasil se manteve fora do Conselho da ONU. Mas decidiu por voltar no final de 2016 e, em fevereiro, reassumiu seu posto por dois anos.
Em seu primeiro discurso, a Justi�a e o tema da corrup��o foram mencionados. "Depois de um processo pol�tico dif�cil, o Brasil se levanta para mostrar ao mundo a robustez de nossas institui��es, nosso apego � lei e � Justi�a e, acima de tudo, o car�ter aberto e democr�tico de nossa sociedade e de nosso sistema pol�tico", disse a ministra de Direitos Humanos, Luislinda Valois.
"Hoje, como sempre, perseveramos no combate contra a corrup��o, com o pleno empenho do Poder P�blico e total respeito ao devido processo legal e �s garantias individuais preconizadas na Carta Magna Brasileira", afirmou.
(Jamil Chade, correspondente)