Bras�lia, 19 - O Pal�cio do Planalto se preocupa hoje mais com a possibilidade de o ex-ministro Geddel Vieira Lima, preso desde o dia 8, fechar um acordo de dela��o premiada do que com a nova den�ncia oferecida pela Procuradoria-Geral da Rep�blica na semana passada contra o presidente Michel Temer.
A avalia��o de auxiliares pr�ximos a Temer � de que a segunda acusa��o formal oferecida pelo ex-procurador-geral da Rep�blica Rodrigo Janot, que acusa o presidente de liderar uma organiza��o criminosa e de obstruir a Justi�a, ter� um placar mais favor�vel que a primeira acusa��o quando chegar ao plen�rio da C�mara dos Deputados. Em agosto, quando a Procuradoria denunciou Temer por corrup��o passiva, 263 deputados votaram por barrar o prosseguimento da acusa��o.
J� em rela��o a Geddel, a avalia��o no Planalto � de que a situa��o � "praticamente incontorn�vel" depois que a Pol�cia Federal encontrou R$ 51 milh�es em esp�cie em um apartamento em Salvador, onde foram identificadas as impress�es digitais do ex-ministro.
At� a primeira pris�o do ex-ministro, no dia 3 de julho, baseada em depoimentos do corretor L�cio Funaro e de sua mulher, Raquel Pitta, a avalia��o era de que seria poss�vel obter sucesso na defesa t�cnica, uma vez que n�o existiam provas concretas da tentativa de obstru��o da Justi�a.
A apreens�o do dinheiro, entretanto, segundo os investigadores, jogou por terra o discurso da defesa de que as acusa��es eram vers�es de delatores interessados em benef�cios. Os R$ 51 milh�es materializaram as provas necess�rias para sustentar as afirma��es dos colaboradores. A homologa��o da dela��o de Funaro fortaleceu a tese da acusa��o contra Geddel.
Al�m disso, o ex-diretor de Defesa Civil de Salvador Gustavo Pedreira, apontado como homem de confian�a de Geddel, cujas impress�es digitais tamb�m foram encontradas no apartamento, afirmou estar disposto a colaborar com as investiga��es. Ele j� confirmou ter buscado dinheiro em S�o Paulo a pedido de Geddel. N�o est� descartada a possibilidade de o ex-ministro ser alvo de outras den�ncias.
Distanciamento
Geddel, ao lado de Temer, fazia parte do n�cleo duro do PMDB, que inclui os atuais ministros e tamb�m denunciados Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral). O Planalto avalia que Geddel � temperamental e emotivo e, por isso, n�o aguentaria muito tempo na pris�o. Essas caracter�sticas, disse um auxiliar, podem aumentar ainda mais as chances de o ex-ministro fornecer informa��es em troca de benef�cios.
Apesar disso, o discurso no governo � de que, se Geddel fechar acordo de colabora��o premiada, n�o haver� nada de comprometedor contra o presidente. Ainda assim, a ordem no Planalto tem sido se distanciar ao m�ximo do ex-ministro. Desde que foram descobertos os R$ 51 milh�es, os principais interlocutores do presidente evitam o assunto ou, quando abordados, dizem que ele n�o tem rela��o com o Pal�cio do Planalto.
Procurada, a defesa de Geddel n�o havia se manifestado at� a publica��o desta mat�ria. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Carla Ara�jo e T�nia Monteiro)