A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou ao juiz federal S�rgio Moro que havia uma preocupa��o em salvar as empresas alvo da Opera��o Lava-Jato. Segundo a petista, os executivos deveriam ser punidos, mas as "institui��es s�o produtos sociais, elas n�o podem ser punidas". Dilma falou durante cerca de meia hora, por meio de videoconfer�ncia, de Belo Horizonte, nesta sexta-feira, 27.
A ex-presidente � testemunha de defesa do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, Aldemir Bendine, preso na Opera��o Cobra, desdobramento da Lava Jato deflagrado em julho. Bendine � r�u em a��o penal por suposta propina de R$ 3 milh�es da Odebrecht.
Para escapar da pris�o, os principais dirigentes das construtoras firmaram acordo de dela��o premiada com o Minist�rio P�blico Federal. E as empresas adotaram a leni�ncia como caminho para se livrar de puni��es que poderiam alij�-las de vez do mercado.
A defesa de Bendine questionou Dilma sobre a atua��o de seu ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante.
Segundo a acusa��o da for�a-tarefa da Lava Jato, em anota��es destinadas a Mercadante, o empreiteiro Marcelo Odebrecht relatou sobre o "risco de as empreiteiras investigadas terem de reconhecer a pr�tica de il�citos para realiza��o de acordos de leni�ncia", fez considera��es "a respeito de bloqueio cautelar efetivado pela Petrobras contra as empresas do grupo" e tamb�m tratou de poss�vel restri��o de cr�dito do BNDES �s empresas investigadas.
Dilma disse acreditar "que as pessoas tendem a fazer avalia��es se colocando no centro do mundo".
"Tinha uma quest�o que era muito grave", declarou a ex-presidente. "Uma delas era que as empresas que estavam sofrendo investiga��o da Lava Jato, elas necessariamente estavam tendo problemas na �rea de retomar seus financiamentos internos e externos. Isso dava, criava para o governo um grande problema. Por qu�? Porque essas empresas estavam comprometendo seus empregos e seus financiamentos."
Segundo a ex-presidente, "a discuss�o sobre a leni�ncia era uma discuss�o presente para o governo".
"N�s discutimos leni�ncia, n�o apenas, atrav�s da CGU, da AGU, da Casa Civil, discutimos leni�ncia no TCU com o Minist�rio P�blico tamb�m. Ach�vamos, e eu particularmente continuo achando, que n�s temos que punir malfeitos. Punir executivos ou funcion�rios que pratiquem malfeitos. Punir quem quer que pratique malfeitos. Agora, as institui��es s�o produtos sociais, elas n�o podem ser punidas, ent�o, � uma forma como se pratica internacionalmente", disse.
"N�s t�nhamos de fato uma preocupa��o p�blica em rela��o a construir as condi��es de leni�ncia para que o processo tivesse puni��o dos respons�veis, mas que se salvassem as empresas de engenharia desse Pa�s."
"Essas empresas elas tinham de ser preservadas, n�o atrav�s de seus processos de corrup��o, mas atrav�s daquilo que � produto, do que uma empresa � produto, a empresa � um constructo social, ela n�o � pura e simplesmente a iniciativa de uma pessoa, s�o de v�rios, de um grupo de pessoas, portanto, elas t�m tamb�m um know-how, um conhecimento que � importante para o Pa�s. Por isso, sinto que a avalia��o desse epis�dio pelo dr Marcelo Odebrecht, isso � verdade, reduza a quest�o da leni�ncia em si mesmo. � uma forma de interpretar o mundo, eu n�o concordo", afirmou Dilma.
A ex-presidente respondeu ainda a quest�es relativas � chegada de Bendine � presid�ncia da Petrobras. "Tinha e tenho uma avalia��o muito boa da dra Gra�a Foster. A dra Gra�a Foster era uma pessoa da empresa que combinava uma grande capacidade de gest�o e um conhecimento bastante aprofundado t�cnico, principalmente numa �rea decisiva que � engenharia de postos de petr�leo. E, para mim, era importante que ela permanecesse e conclu�sse o trabalho por uma s�rie de fatos, principalmente, relativos a todo processo que a Petrobras passava, tornou para ela dif�cil esse processo", disse.
"Eu n�o queria que ela se afastasse, eu tentava evitar o m�ximo poss�vel. Isso tamb�m foi amplamente, eu nunca dei entrevistas sobre isso, nem me manifestei sobre isso, mas isso era p�blico e not�rio. Da� porque de fato eu tomei atitude de trocar a diretoria da Petrobras a partir do fato que eu constatei que ela n�o ficaria. Diante de todo retrospecto do dr Bendine na frente do Banco do Brasil foi uma das pessoas que eu pensei que pudesse substitu�-la adequadamente."