Bras�lia e S�o Paulo, 05 - Cinco anos depois de ter sido condenado por corrup��o passiva e lavagem de dinheiro no mensal�o, o ex-deputado Valdemar Costa Neto (PR) continua dando as cartas em Bras�lia e circula pelos principais eixos de poder da capital. Nos �ltimos meses, esteve pelo menos tr�s vezes com o presidente Michel Temer e � um interlocutor frequente de nomes como o presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Discreto, Valdemar n�o voltou � vida p�blica nem planeja ser candidato em 2018, mas isso n�o diminui a influ�ncia que tem em seu partido, o PR, e no mundo pol�tico. Segundo assessores, ele n�o tem mais cargo de comando na sigla. � um funcion�rio da legenda, com sal�rio pago por meio da conta da contribui��es pessoais - portanto sem dinheiro p�blico do Fundo Partid�rio - e respons�vel por cuidar da administra��o financeira do PR.
Na �ltima semana, a reportagem ouviu mais de uma dezena de nomes da pol�tica nacional, e todos foram un�nimes em afirmar que Valdemar se mant�m como uma figura influente. "Tenho uma rela��o muito boa com o PR e com Valdemar. Ele foi muito importante nas minhas duas elei��es � presid�ncia da C�mara", disse Maia.
Recentemente, foi atribu�da ao ex-deputado federal a decis�o do governo de retirar o Aeroporto de Congonhas, em S�o Paulo, da lista de privatiza��es e de reabrir o Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, para voos de longa dist�ncia. Em troca, 26 dos 39 deputados do PR votaram a favor do arquivamento da segunda den�ncia apresentada contra Temer pela Procuradoria-Geral da Rep�blica (PGR), por obstru��o da Justi�a e organiza��o criminosa.
Assessores do PR negam que o presidente da Infraero, Ant�nio Claret, seja afilhado pol�tico de Valdemar e que ele tenha algo a ver com os aeroportos. Esses mesmos assessores, no entanto, confirmam que, em pelo menos um dos encontros de Valdemar com Temer, o tema da conversa foi a orienta��o dos deputados do PR na vota��o das den�ncias. Procurado pela reportagem, o ex-deputado n�o respondeu.
Desde o PT
A influ�ncia do partido de Valdemar no Minist�rio dos Transportes n�o � de hoje. Vem desde 2002, quando o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) foi eleito pela primeira vez. O controle da pasta e, consequentemente do seu or�amento bilion�rio e de seus bra�os, como a Infraero, foi uma esp�cie de pr�mio ao partido e a Valdemar, respons�vel por emplacar Jos� Alencar como vice-presidente de Lula, justamente no momento em que o ex-l�der sindical buscava se aproximar do empresariado.
Figura central em esc�ndalos de outras temporadas, Valdemar tamb�m � personagem de destaque em investiga��es recentes. Ele � citado na grava��o de mais de quatro horas de uma conversa entre Joesley Batista, dono da JBS, e o executivo Ricardo Saud. "A Odebrecht estava pagando por fora. O Ant�nio Carlos veio aqui e me contou que est�o pagando no exterior e o Valdemar Costa Neto est� recebendo no exterior. N�o fa�a isso", diz Saud.
No rastro da Opera��o Lava Jato, o ex-deputado est� sendo novamente investigado por corrup��o passiva e lavagem de dinheiro, desta vez por suposto recebimento de propina da Odebrecht, durante a execu��o das obras da Ferrovia Norte-Sul, em 2008 e 2009.
Cadeia
Do per�odo da cadeia, seus aliados afirmam que ele apenas se ressente de ter sido condenado pelos "crimes errados". Argumentam que praticou somente delitos eleitorais, o famoso caixa 2.
O ano que passou preso, no entanto, n�o o tirou da cena pol�tica. Foi do Complexo Penitenci�rio da Papuda que coordenou a elei��o do PR em 2014, quando o partido fez a sua maior bancada na C�mara dos Deputados.
Pol�ticos que conhecem Valdemar h� muitos anos apontam sua capacidade de adapta��o ao ambiente como o segredo para a manuten��o da influ�ncia em Bras�lia. No ano passado, por exemplo, o ex-deputado defendia o posicionamento do PR contra o impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff (PT). A desenvoltura com que Valdemar hoje se relaciona com o governo Temer mostra que se manter pr�ximo de quem est� no poder continua sendo uma das principais caracter�sticas do ex-deputado. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Isadora Per�n e Ricardo Galhardo)