Sorocaba e S�o Paulo, 12 - O Movimento dos Sem Terra (MST) mudou o foco de sua atua��o e, da explos�o de invas�es de propriedades rurais, no auge da press�o fundi�ria, nos anos 1990, passou a concentrar suas a��es em mobiliza��es em �reas urbanas, com, por exemplo, ocupa��es de pr�dios p�blicos. A estrat�gia agora � buscar apoio da popula��o para bandeiras que, na avalia��o dos l�deres, t�m apelo na opini�o p�blica, como o combate ao desemprego e � corrup��o, a oposi��o � pol�tica agr�ria do governo Michel Temer e as cr�ticas �s reformas trabalhista e da Previd�ncia.
O n�mero de invas�es de propriedades rurais caiu 83% se comparado com o registrado h� 20 anos. Em 1997, foram 502 ocupa��es, ante 83 no ano passado, segundo dados do Instituto Nacional de Coloniza��o e Reforma Agr�ria (Incra) e da Comiss�o Pastoral da Terra (CPT).
A tomada de pr�dios p�blicos - como as recentes ocupa��es do Minist�rio da Fazenda, e das sedes da Cemig e do Incra -, ped�gios, estradas e ferrovias subiu de 87 a��es no ano passado, entre janeiro e outubro, para 126 neste ano, no mesmo per�odo, como forma de pressionar pelas "novas" pautas do MST e para se opor � Lei 13.465/2017 - apresentada pelo governo Temer ao Congresso como a Medida Provis�ria 759/2016 - que trata do Programa Nacional de Regulariza��o Fundi�ria.
O dirigente nacional do MST Alexandre Concei��o afirmou que o aumento no n�mero de ocupa��es de pr�dios p�blicos, marchas e bloqueios de rodovias se deu em raz�o dos contingenciamentos de verbas para a reforma agr�ria e da pauta econ�mica do atual governo.
"J� v�nhamos sofrendo cortes desde 2015, no governo Dilma (Rousseff), ano em que ela n�o assentou ningu�m. Em 2016, com Temer, al�m de n�o assentar, ele cortou as pol�ticas p�blicas que davam respaldo aos assentados e reduziu drasticamente o or�amento da reforma agr�ria", disse Concei��o. "Junto a isso, aconteceu o desemprego de quase 14 milh�es de pessoas. Daqui para frente (o n�mero de manifesta��es) s� vai aumentar", afirmou o dirigente. "A crise e o desemprego provocam um aumento na procura pelo movimento", acrescentou Kelli Mafort, uma das coordenadoras do MST em S�o Paulo.
Nesse cen�rio, marchas pol�ticas, como as de Curitiba, durante os depoimentos do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, r�u na Lava Jato, em maio e setembro deste ano, e protestos contra corrup��o, por exemplo, foram de 72 (2016) para 139 (2017). O total de atividades do movimento subiu de 235 (2016) para 337 (2017). As invas�es de terras no ano, por�m, ca�ram de 76 para 72, de janeiro a outubro.
O MST invadiu fazendas de suspeitos de envolvimento em esquemas de corrup��o como o ex-presidente da Confedera��o Brasileira de Futebol (CBF) Ricardo Teixeira, o empres�rio Eike Batista, em Minas, al�m de �rea em Duartina, em S�o Paulo, do coronel da PM Jo�o Baptista Lima Filho, ex-assessor de Temer. Depois dessas invas�es, o MST comemorou em v�deos de propaganda na internet.
Segundo Jo�o Paulo Rodrigues, tamb�m dirigente nacional do MST, a mudan�a de estrat�gia e atua��o do movimento se deve ao "impacto na renda no campo" que, na sua avalia��o, ser� provocado pela reforma da Previd�ncia. Para o l�der, a lei que disp�e sobre a regulariza��o fundi�ria proposta pelo atual governo, anunciada em julho deste ano, "vai permitir a privatiza��o e internacionaliza��o das terras no Pa�s".
Lula
Passado o per�odo de encolhimento de a��es nos governos petistas, o MST deve se contrapor � gest�o Temer. "Agora temos de recompor a base de apoio � reforma agr�ria", disse Rodrigues. Apesar desse engajamento contra o peemedebista e das a��es em defesa de Lula, Rodrigues argumentou que houve dist�ncia do PT durante os 13 anos nos quais o partido esteve no poder. Segundo ele, o MST se beneficiou de pol�ticas sociais petistas, como programas de acesso � habita��o, Bolsa Fam�lia, ProUni e Fies. "Mas o MST n�o participou (dos governos petistas)", disse.
"Voc� sabe quantas vezes o Lula recebeu o MST?", emendou: "Tr�s vezes, juntando os dois mandatos". E Dilma? "No primeiro mandato, nenhuma vez. Fomos recebidos duas vezes, no segundo mandato", lembrou, quando a presidente cassada estava � beira do processo do impeachment. A m�dia de invas�es nos governos petistas foi bem abaixo da m�dia das duas �ltimas d�cadas (315 por ano). No governo Lula, foram 190 ocupa��es por ano, em m�dia, e 114,6 por ano, com Dilma. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Jos� Maria Tomazela e Pablo Pereira)