Bras�lia, 15 - O presidente Michel Temer decidiu condicionar a nova distribui��o de cadeiras nos minist�rios aos votos dados pelos partidos aliados para a reforma da Previd�ncia. Empenhado em aprovar na C�mara mudan�as no regime de aposentadoria at� meados de dezembro, Temer quer deixar as trocas na equipe acertadas, mas s� entregar efetivamente cargos para o Centr�o ou outras siglas ap�s conferir o painel de vota��o.
O governo aposta suas fichas na aprova��o da proposta, mesmo que seja modificada. Considerada por setores econ�micos a mudan�a estrutural mais importante, a reforma da Previd�ncia enfrenta forte resist�ncia no Congresso. O texto inicial, mais ambicioso, precisou ser desidratado. Atualmente, a negocia��o se concentra em fixar idade m�nima para a aposentadoria e unificar as regras do funcionalismo p�blico com as da iniciativa privada.
A sa�da do ministro das Cidades, Bruno Ara�jo (PSDB), abriu caminho para o presidente acelerar a reforma ministerial. Ara�jo pediu demiss�o anteontem em meio ao racha do PSDB, que tende a desembarcar do governo. Os tucanos controlam outras tr�s pastas (Secretaria de Governo, Rela��es Exteriores e Direitos Humanos), mas todos os ministros dever�o deixar a equipe.
A estrat�gia do �toma l� d�-c� foi definida para evitar surpresas de �ltima hora. O Pal�cio do Planalto avalia que, se a C�mara n�o aprovar a reforma da Previd�ncia at� dezembro - deixando para o Senado votar em fevereiro -, nada mais passar� em 2018, ano eleitoral. Por se tratar de uma emenda constitucional, o texto ter� de ser aprovado - em duas vota��es - por, pelo menos, 308 deputados.
Com or�amento de R$ 10,1 bilh�es, o Minist�rio das Cidades � cobi�ado n�o apenas pelo PP, mas tamb�m pelo PMDB, PSD e DEM, que j� come�aram a brigar pelo espa�o. O mais cotado para comandar Cidades � o presidente da Caixa, Gilberto Occhi, indicado pelo PP.
Temer, por�m, avalia dividir o controle das secretarias de Saneamento e Habita��o entre o PP e o PMDB. Pela negocia��o, n�o haver� �porteira fechada�, termo que, no jarg�o pol�tico, significa distribuir todos os cargos de um minist�rio a uma s� sigla.
H� oito dias, o PP deu um ultimato ao Planalto e amea�ou paralisar as vota��es na C�mara se os tucanos n�o sa�ssem do governo e se o espa�o do partido n�o fosse ampliado. O presidente concorda em entregar Cidades para o PP, mas quer ver se a sigla cumpre a promessa de votar a favor da reforma da Previd�ncia.
Candidatos.
L�deres de bancadas aliadas criticaram ontem a inten��o de Temer de antecipar para dezembro a substitui��o dos ministros que ser�o candidatos. Pela lei, quem vai disputar as elei��es deve se desincompatibilizar at� abril de 2018.
Se levada adiante pelo presidente, a decis�o prejudicar� ministros que n�o possuem mandatos, entre eles Gilberto Kassab (Ci�ncia e Comunica��es) e Marcos Pereira (Ind�stria). Fora do primeiro escal�o, eles tamb�m ficam sem foro privilegiado e, caso sejam denunciados, ter�o de ser julgados na 1.� inst�ncia. Ambos s�o citados por delatores da J&F.
O presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou a inten��o de Temer, dizendo que pode atrapalhar a recupera��o econ�mica do Pa�s e at� mesmo o ambiente pol�tico. �Olhando de longe, acho que vai parar o governo. Trocar todos os ministros no final do ano, momento em que as a��es mais importantes est�o em andamento, vai dar um freio na execu��o de bons projetos�, avaliou Maia, em entrevista �
Ag�ncia Estado
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A opini�o � compartilhada pelo l�der do DEM na C�mara, Efraim Filho (PB). �Ser� uma quebra de rito desnecess�ria e prejudicial, no momento em que estamos colhendo os frutos de uma agenda em desenvolvimento�, argumentou Efraim.
Presidente licenciado do PSD, Kassab afirmou que respeitar� qualquer decis�o de Temer para tirar seus ministros antes do prazo, mas acha que n�o deve ser atingido pela reforma ministerial. Ele ainda n�o assumiu ser candidato. Em conversas reservadas, por�m, tem demonstrado inten��o de concorrer ao Senado. �Estou aguardando defini��o do senador Jos� Serra (PSDB-SP) para analisar que rumo tomarei�, disse Kassab, que conversou ontem com Temer.
O ministro das Rela��es Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), disputar� a reelei��o ao Senado e deve sair da equipe em dezembro. J� o tucano Ant�nio Imbassahy (Secretaria de Governo) quer concorrer a mais um mandato de deputado federal ou ao Senado, mas, neste caso, teria de migrar para o PMDB.
O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que o �esp�lio dos tucanos� ser� dividido. �O PMDB, como o maior partido da base, seguramente deve ter mais espa�o nessa recomposi��o�, afirmou. O PMDB quer que Padilha acumule sua fun��o com a Secretaria de Governo at� a vota��o da reforma da Previd�ncia. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo
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(Vera Rosa, T�nia Monteiro, Igor Gadelha e Carla Ara�jo)