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Estado de Minas

Lula mira a classe m�dia em nova carta eleitoral

Segundo interlocutores do ex-presidente, o alvo agora, ao contr�rio de 2002, n�o � o mercado financeiro, mas a classe m�dia que culpa os governos do PT pela crise econ�mica


postado em 02/12/2017 07:43 / atualizado em 02/12/2017 08:19

(foto: AFP / DOUGLAS MAGNO )
(foto: AFP / DOUGLAS MAGNO )
O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, pr�-candidato ao Planalto, prepara uma nova vers�o da Carta ao Povo Brasileiro. Segundo interlocutores de Lula, o alvo agora, ao contr�rio de 2002, n�o � o mercado financeiro, mas a classe m�dia que culpa os governos do PT pela crise econ�mica. Lula quer fugir do r�tulo de populista reafirmando um compromisso com a responsabilidade fiscal.

“Esta carta n�o ser� como a outra, que foi mais dirigida ao mercado. Desta vez a ideia � dialogar com o povo brasileiro”, disse o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto.

Em conversas com colaboradores, o ex-presidente tem se referido � ideia como “uma Carta ao Povo Brasileiro s� que para o povo brasileiro mesmo”.

Durante a vitoriosa campanha presidencial de 2002 Lula lan�ou a Carta ao Povo Brasileiro na qual, em s�ntese, se comprometia a manter os fundamentos da estabilidade econ�mica depois de d�cadas de confronto com o grande capital. O alvo era o mercado financeiro.

Em encontro com o PT de S�o Paulo, ontem, o ex-presidente disse que � alvo de “terrorismo de mercado” e que seus advers�rios “est�o criando uma guerra de classes”.

Na semana passada a XP Investimentos divulgou relat�rio que aponta risco de queda da Bolsa e alta do d�lar em caso de vit�ria de Lula. O PT avalia que parte da classe m�dia � sens�vel a essa narrativa. O petista, no entanto, minimiza o poder da banca. Ontem, na reuni�o com o PT paulista, ele disse que “o mercado n�o vota”. Por isso o alvo agora � pr�prio eleitorado.

A nova carta ainda n�o tem data para ser lan�ada e nem mesmo come�ou a ser rascunhada. Segundo pessoas que conversaram com Lula sobre o assunto, o petista quer mostrar que, embora o contexto pol�tico e econ�mico seja muito diferente de 2002, a responsabilidade com a condu��o econ�mica � um princ�pio pessoal.

Para isso, Lula vai listar fatos de seus dois governos, como os seguidos super�vits fiscais al�m da meta, trajet�ria de queda da d�vida p�blica, obten��o do chamado “grau de investimento”, recordes de valoriza��o de a��es na Bolsa e aumento das reservas cambiais.

“Ningu�m pode dizer que sou irrespons�vel. O mercado sabe disso”, tem dito Lula com certa frequ�ncia.

Governo Dilma. Al�m disso o petista deve demarcar as diferen�as na condu��o da economia entre seus governos e os da presidente cassada Dilma Rousseff. Um colaborador de Lula destacou que os n�meros da economia sa�ram de controle no governo Dilma.

O petista ainda n�o escalou o time que vai redigir a carta, mas, de acordo com colaboradores pr�ximos, j� falou sobre o assunto com o ex-presidente do PT Rui Falc�o, o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa e o ex-prefeito de S�o Paulo Fernando Haddad, entre outros.

Outra estrat�gia de Lula para reduzir as desconfian�as quanto � condu��o econ�mica em um poss�vel terceiro mandato � a tentativa de reeditar a vencedora chapa trabalho/capital. Em vez de Jos� Alencar, seu parceiro em 2002, morto em 2011, o petista tenta convencer o filho do ex-vice-presidente, o empres�rio Josu� Gomes da Silva.

Durante a passagem da caravana de Lula por Montes Claros (MG), Josu� foi alvo de coment�rios e brincadeiras sobre sua disposi��o de concorrer em 2018 como vice de Lula. Em 2014 ele concorreu ao Senado pelo PMDB de Minas. Segundo dirigentes do PT, Josu� teria sinalizado que pretende voltar a disputar o Senado. Um dos entraves para que ele seja o “vice dos sonhos” � a filia��o partid�ria.

Lula lidera as pesquisas eleitorais em todos os cen�rios mas pode ficar ineleg�vel caso o Tribunal Regional Federal da 4.ª Regi�o (TRF-4) confirme a senten�a de primeira inst�ncia que o condenou a 9 anos e meio de pris�o por corrup��o passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guaruj�.

‘Verdades alternativas’. O cientista pol�tico e professor da Funda��o Escola de Sociologia e Pol�tica de S�o Paulo, Hilton Cesario Fernandes, observa que a base eleitoral de Lula tamb�m sofreu diversas mudan�as ap�s sua primeira vit�ria. “A classe m�dia se distanciou e formou a base da insatisfa��o popular que culminou na sa�da de Dilma em 2016, uma presidente mal avaliada mesmo entre as classes mais baixas”, disse.

“Neste contexto, uma nova Carta aos Brasileiros soa como uma tentativa anacr�nica de repetir os passos que levaram o PT ao governo federal pela primeira vez. Resta saber, entretanto, se o partido ir� apresentar novas lideran�as e propostas ou se continuar� a oferecer verdades alternativas sobre o passado recente.”


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