Bras�lia, 02 - "Foi uma conversa de dois silenciosos". Assim o ministro da Secretaria-Geral da Presid�ncia, Wellington Moreira Franco, resumiu o di�logo entre o presidente Michel Temer e o governador de S�o Paulo, Geraldo Alckmin, antes e depois da entrega de moradias do programa "Minha Casa, Minha Vida", em Limeira e Americana (SP), neste s�bado, 2.
Embora a sa�da do PSDB do governo Temer j� tenha sido anunciada, at� agora o roteiro do desembarque n�o est� acertado. A expectativa era de que o governador e o presidente tratassem do assunto na viagem, mas isso n�o ocorreu. "S�o duas pessoas que cultivam o sil�ncio", brincou Moreira Franco, que acompanhou a comitiva presidencial. "S� falaram de amenidades."
A conven��o que deve eleger Alckmin, por aclama��o, para a presid�ncia do PSDB est� marcada para o pr�ximo dia 9, em Bras�lia. A ala governista do partido avalia n�o haver motivo para o PSDB aprovar ali posi��o oficial sobre o rompimento com o governo, mas os chamados "cabe�as pretas", que fazem oposi��o a Temer, exigem o desembarque imediato.
At� agora, apenas o tucano Bruno Ara�jo pediu demiss�o do Minist�rio das Cidades. Foi rapidamente substitu�do por Alexandre Baldy, que est� prestes a se filiar ao PP, partido integrante do Centr�o. Baldy tamb�m integrou a comitiva de Temer, neste s�bado, ao lado do titular da Fazenda, Henrique Meirelles. Filiado ao PSD, Meirelles tem participado de agendas populares porque quer ser candidato � Presid�ncia, em 2018, e, dependendo do cen�rio pol�tico, pode ser o representante de uma frente de centro-direita para defender o "legado" de Temer.
Nas fileiras do PSDB, ao que tudo indica, somente o ministro das Rela��es Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, permanecer� na equipe, na "cota pessoal" do presidente, ap�s o desembarque do partido. O chefe da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, deve ser trocado pelo deputado Carlos Marun (PMDB-MS) e Luislinda Valois (Direitos Humanos) tamb�m entregar� o cargo.
Neste s�bado, por�m, a apari��o p�blica de Temer e Alckmin foi marcada por afagos. "Nos dois eventos, havia sinais claros de aproxima��o, sem nenhum atrito", observou o l�der do PMDB na C�mara, deputado Baleia Rossi (SP). "O clima estava bom, mas os dois n�o ficaram em nenhum momento sozinhos para conversar. N�o tinha um ambiente mais reservado."
Pr�-candidato do PSDB � Presid�ncia, Alckmin precisa do tempo de TV do PMDB para se consolidar na campanha, mas tem adotado um discurso que deixa d�vidas no Pal�cio do Planalto. J� disse por exemplo que, se dependesse dele, o PSDB nunca teria entrado no governo. Em Limeira, no entanto, fez o discurso da concilia��o. "Presidente, conte conosco", afirmou ele. "A boa pol�tica � buscar entendimento. Entendimento para resolver os problemas do Brasil e melhorar a vida das pessoas." Um pouco mais tarde, em Americana, o governador foi al�m: "N�s precisamos dar a m�o, fazer parceria em benef�cio do Brasil."
Temer n�o descarta totalmente o apoio a Alckmin em 2018, mas, no momento, a rela��o entre o PMDB e o PSDB � de muitas dificuldades. O presidente ficou magoado com o governador, que lavou as m�os e n�o pediu votos para deputados do PSDB durante a vota��o das duas den�ncias criminais apresentadas contra ele pelo ent�o procurador-geral da Rep�blica, Rodrigo Janot. Mesmo com o racha dos tucanos, por�m, as acusa��es foram derrubadas pelo plen�rio da C�mara.
Para que o casamento entre o PMDB e o PSDB n�o termine em div�rcio litigioso, Temer quer agora que Alckmin conven�a a bancada do PSDB a dar sinal verde � reforma da Previd�ncia. O Planalto n�o tem os 308 votos necess�rios para aprovar as mudan�as na aposentadoria. Na tentativa de quebrar resist�ncias sobre o assunto, Temer marcou um almo�o para este domingo com aliados, no Pal�cio da Alvorada, e � noite participar� de um jantar na resid�ncia oficial do presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com ministros, l�deres e presidentes de partidos.
"O PSDB sempre defendeu a reforma da Previd�ncia, inclusive em seu plano de governo", disse Baleia Rossi. "N�o aprovar essa proposta, agora, seria negar a sua hist�ria", completou o l�der do PMDB.
(Vera Rosa)