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Estado de Minas

'N�o tor�o pela pris�o do Lula', afirma A�cio Neves

O senador tamb�m afirmou que n�o se pode descartar uma nova candidatura de Luiz In�cio Lula da Silva (PT) � Presid�ncia da Rep�blica


postado em 17/12/2017 12:20 / atualizado em 17/12/2017 13:03

(foto: Jefferson Rudy/Agência Senado )
(foto: Jefferson Rudy/Ag�ncia Senado )

Em sua primeira entrevista exclusiva ap�s ser denunciado por corrup��o e obstru��o da Justi�a com base na dela��o do Grupo J&F, o senador A�cio Neves (PSDB-MG) negou que tenha cometido crime e disse que foi gravado por Joesley Batista em “uma a��o planejada com a participa��o de membros da Procuradoria-Geral da Rep�blica”. Ap�s a Opera��o Patmos, A�cio chegou a ser afastado do mandato, teve pris�o preventiva solicitada e ficou em recolhimento domiciliar noturno. Ele admite apenas que cometeu “um erro” ao pedir R$ 2 milh�es para o empres�rio.

 

O senador  afirmou tamb�m que n�o se pode descartar uma nova candidatura de Luiz In�cio Lula da Silva (PT) � Presid�ncia da Rep�blica. “Depois de um determinado per�odo, em junho, quando as conven��es s�o realizadas, acho dif�cil impedir uma candidatura presidencial.” Leia os principais trechos da entrevista.

Ap�s um 2017 turbulento, qual � o seu projeto eleitoral para 2018? Est� no seu radar voltar � C�mara?

Essa possibilidade n�o existe. Minha prioridade � responder de forma serena, mas muito firme, a todas essas den�ncias que envolveram meu nome. Sou o primeiro a reconhecer que cometi um erro ao aceitar, de algu�m que se dizia amigo, uma ajuda para pagar meus advogados. Mas n�o cometi crime. Quem foi lesado? O Estado foi lesado nisso? Houve alguma contrapartida? N�o houve. Eu sei que a forma como isso � divulgado gera na opini�o p�blica um sentimento muito negativo. Tenho 32 anos de mandatos honrados dignos. Fiz um governo em Minas Gerais que virou refer�ncia para o Brasil. Fui candidato � Presid�ncia da Rep�blica defendendo aquilo que eu acreditava. Sem d�vida, parte dos ataques que eu recebo vem da forma como enfrentei o PT em uma disputa extremamente dura. No processo que culminou com o afastamento da presidente da Rep�blica tivemos um papel que buscou tirar o Brasil da paralisia. N�o tenho do que me arrepender da minha trajet�ria pessoal.

Mas e o epis�dio da dela��o do Grupo J&F...

Reconhe�o que errei nesse epis�dio (sobre a conversa gravada por Joesley Batista), principalmente na forma de me comunicar. Ainda que, em uma conversa privada, com um linguajar pelo qual me penitencio pessoalmente. Mas os fatos v�o demonstrando de forma clara que eu fui v�tima de uma grande armadilha. Seja nas novas grava��es - em especial uma, que parece ter sido omitida inicialmente - na qual minha irm� (Andrea Neves) oferece um apartamento de fam�lia e convida ele a visitar. Novos depoimentos mostram de forma clara que houve uma a��o planejada com a participa��o de membros da Procuradoria-Geral da Rep�blica. Vou dar aqui um dado que ainda n�o � de conhecimento p�blico. No dia 24 de mar�o, depois de uma reuni�o de v�rias horas na Procuradoria-Geral, aqui em Bras�lia, com a presen�a do senhor Joesley Batista, dos seus advogados, do (diretor jur�dico da J&F) Francisco de Assis, ele (Joesley) pega um avi�o e vai a S�o Paulo para me gravar. Essa grava��o foi feita ap�s uma reuni�o em que o senhor Francisco de Assis afirma em seu depoimento que a grava��o foi objeto de conversa dessa reuni�o na sede da PGR. H� um depoimento do advogado da JBS confirmando essa reuni�o. � �bvio que se deduz que ele saiu da conversa com procuradores com uma pauta.

Quais membros da PGR? Rodrigo Janot estava presente?

N�o tenho informa��o de que ele estivesse, mas � muito dif�cil que isso n�o fosse de conhecimento interno na Procuradoria. Para obter benef�cios da dela��o, ele (Joesley) transformou a oferta da venda de um apartamento em uma grande armadilha. Mas tenho absoluta confian�a na Justi�a.

A Pol�cia Federal filmou, com autoriza��o do Supremo, a entrega de uma mala com R$ 500 mil em esp�cie para seu primo, Frederico Pacheco, que depois repassou esse dinheiro para um ex-assessor do senador Zez� Perrella (PMDB-MG). Isso depois do di�logo no qual o senhor pediu R$ 2 milh�es ao Joesley.

Como explicar uma mala de dinheiro?

Ele ofereceu um empr�stimo para eu pagar os advogados dessa forma. Isso obviamente negociado no objetivo da sua dela��o. Ele disse que ia me emprestar esses recursos das “suas lojinhas”. Recurso privado em dinheiro. Eu aceitei. Foi um erro. Pagaria com a venda de um apartamento. Esse recurso depois foi integralmente devolvido. O Estado n�o foi lesado. N�o h� contrapartida. Concordo que as imagens d�o a impress�o disso, no contexto negativo. Pago um pre�o alt�ssimo.

Como paga hoje sua defesa?

Estou pagando com toda a dificuldade do mundo, vendendo parte do meu patrim�nio com ajuda da minha fam�lia. Todos esses pagamentos s�o registrados com origem espec�fica. E muito aqu�m das expectativas iniciais dos advogados.

Ap�s o 2º turno de 2014, o sr. disse que perdeu n�o para um partido pol�tico, mas para uma “organiza��o criminosa”. O argumento do combate aos desvios �ticos na pol�tica permeou sua defesa do impeachment e a a��o para cassar a chapa Dilma-Temer. Depois o sr. foi denunciado por corrup��o, citado por delatores e passou a ser alvo de inqu�ritos no STF. Como explicar isso aos eleitores que lhe deram quase 50 milh�es de votos naquela elei��o?

Dizendo sempre a verdade. Quais s�o as acusa��es pelas quais eu respondo hoje? Apoio para campanhas eleitorais, feitos como a lei determinava.

Mas com caixa 2?

N�o � caixa 2, mas apoio �s campanhas eleitorais feita por empresas. O que houve � que, a partir de um determinado momento, os delatores foram levados a dizer que todos os apoios �s campanhas eram tratados como propina. Umas das den�ncias do (ex-)procurador-geral (Rodrigo Janot) diz respeito aos recursos doados � campanha do PSDB registrados na Justi�a Eleitoral.

O sr. teve medo de ser preso? Como se sentiu ao ser afastado do mandato e depois ficar em recolhimento domiciliar noturno?

Foi uma injusti�a (o pedido de pris�o da PGR), mas recebo com serenidade. Eu sei quem eu sou. N�o houve crime algum. Fui v�tima de a��o controlada sem autoriza��o do STF. Uma arma��o de algu�m que estava vendendo a sua alma para ter benef�cio da dela��o. Acharam que eu poderia ser uma cereja desse bolo.

E sobre a pris�o preventiva da sua irm�, Andrea Neves?


Foi uma coisa extremamente traum�tica pelo absurdo e pela enorme injusti�a. Ela teve 10 minutos com ele (Joesley) na vida. Ofereceu um apartamento da nossa fam�lia (para venda), que havia sido oferecido a outras pessoas das nossas rela��es e isso tudo j� est� documentado no processo. O outro contato foi telef�nico, ela o convidando para conhecer o apartamento. Ponto. Essa foi a participa��o dela. Mas ela tem astral grande e energia elevada. Est� muito bem. Vamos em frente.

O sr. v� abusos da Lava-Jato?

N�o sou a pessoa mais adequada para fazer esse julgamento. Vai parecer que � minha defesa. Mas, as den�ncias existem de toda a parte e, ao final, muitos desses vazamentos que n�o se confirmaram v�o ter alguma consequ�ncia. � preciso separar o joio do trigo. Quem lesou os cofres p�blicos precisa ser punido, quem � v�tima das consequ�ncias pol�ticas das suas atua��es - e me vejo nesse caso - tem de dar suas explica��es, mas (eles) ser�o absolvidos.

O ministro Luiz Fux cobrou do sr., ao apresentar um voto, um “gesto de grandeza” de pedir licen�a do Senado...

N�o vou comentar uma manifesta��o do ministro do Supremo. Ele deve avaliar se foi adequada.

J� que o sr. descarta disputar uma vaga na C�mara dos Deputados, para qual cargo pretende concorrer no ano que vem?

N�o h� hip�tese da C�mara. N�o faria sentido. Existem em Minas manifesta��es das mais variadas para que eu dispute cargos majorit�rios. Teremos uma candidatura para ser contraponto ao governo do PT. O caminho natural � o Senado.

Ser� uma elei��o sem doa��o empresarial. Como pretende financiar sua campanha?

Defendi que n�s dever�amos manter o financiamento empresarial em limites muito mais estreitos do que aqueles que j� existiam, com controle maior. Fomos voto vencido. Perdemos aqui com o voto de muita gente que se arrepende um pouco disso. Coube ao Estado financiar as campanhas. � uma nova experi�ncia. Meu sentimento � que ap�s essas elei��es n�s vamos estar discutindo o retorno do financiamento privado.

Por qu�?

Porque a tend�ncia � cada vez mais voc� onerar o Estado nesse financiamento. Os recursos que ser�o destinados nesse ano, pelo que estou percebendo, ser�o maiores do que aqueles anunciados inicialmente. Esse assunto fatalmente voltar�.

O financiamento empresarial n�o � a origem de todos esses casos de corrup��o?

N�o acho que seja o financiamento privado. A quest�o da corrup��o � de car�ter e posicionamento pessoal de cada um. O que houve foi uma apropria��o de determinadas empresas do processo pol�tico. Defendemos limites estreitos. N�o podemos ter mais no Brasil o cen�rio em que uma empresa financia 300 parlamentares e cria v�nculos com eles.

O sr. foi vaiado na conven��o do PSDB. Sentiu um clima hostil por parte de ex-aliados? Chegaram a pedir que n�o fosse ao evento?

Pelo contr�rio. Eu fui recebido de forma entusiasmada por centenas de militantes do partido, que me homenagearam. Reconhecem o trabalho que eu fiz no PSDB. Se existiram insatisfa��es, n�o cheguei a ouv�-las. Mas considero natural que possa ter ocorrido, principalmente daqueles que estavam descontentes com a elei��o de Geraldo Alckmin, presidente do PSDB. Porque tinham outras prefer�ncias. Fiquei feliz de ver o governador Geraldo Alckmin tendo a possibilidade de receber um partido unido. Ele ter� o grande desafio de resgatar o DNA reformista do PSDB. O PSDB n�o pode apoiar as reformas da boca para fora. N�o pode ser caudat�rio da a��o de outros partidos. Somos vanguarda. Sempre fomos. Foi muito positivo que o PSDB fechasse quest�o (obrigar a votar em bloco) em rela��o � vota��o da reforma da Previd�ncia. Mas � �bvio que esse fechamento de quest�o precisa de alguma consequ�ncia. Alguma san��o tem de haver, sen�o fica parecendo jogo de cena.

O governo Temer defende um projeto �nico de poder, com um candidato que defenda o legado da atual gest�o na elei��o. Alckmin deve fazer esse papel?

N�o acho que esse seja o papel do PSDB. Ao mesmo tempo, n�s n�o temos de nos envergonhar em momento algum do apoio que demos � agenda do governo Temer. Essa foi uma decis�o coletiva, n�o individual do presidente do partido. Muitos que hoje bradam pelo “fora, Temer”, foram l� entregar a ele um conjunto de propostas. O item 6 era exatamente a reforma da Previd�ncia. Condicionamos nosso apoio � ado��o dessa agenda. Goste ou n�o do presidente Temer, boa parte dela est� em curso. � um governo impopular, mas o Brasil de hoje � melhor do que no final do governo Dilma. � governo dos sonhos? N�o �. N�o � o governo do PSDB. Sempre foi o governo do PMDB. Mas a sa�da do PSDB do governo n�o podia ser um jogo de cena. Seria oportunista. O partido corria o risco de repetir aquilo que sempre condenamos no PT. N�o podemos jogar pedras no governo porque ele � impopular. Algumas alian�as podem acontecer com naturalidade. Na vida como na pol�tica, a virtude nunca est� nos extremos. O PSDB precisa resgatar esse espa�o, do ponto de equil�brio. N�o devemos agora negociar alian�as de forma a�odada.

O que achou do agendamento do julgamento do recurso de Lula no TRF-4 para janeiro? O ex-presidente FHC disse que prefere enfrentar Lula nas urnas do que v�-lo preso.


Eu n�o tor�o pela pris�o do Lula. N�o tor�o pelo que ele representou para o Pa�s. Mas ele tem de responder para a Justi�a que n�o pode ser seletiva. O que o ex-presidente Fernando Henrique externou � um sentimento pessoal. Temos de resgatar na elei��o a capacidade de discutir o Pa�s. Temos de sair da delegacia de pol�cia e voltar a falar ao cora��o das pessoas. Precisamos restabelecer um clima minimamente respeitoso.

Lula consegue se candidatar?

Deve-se trabalhar com a possibilidade do Lula candidato. N�o � apenas a decis�o do TRF da 4.ª Regi�o, mas os recursos que ele ainda pode entrar. Depois de um determinado per�odo, em junho, quando as conven��es s�o realizadas, acho dif�cil impedir uma candidatura presidencial. Quanto mais cedo essa quest�o for resolvida, melhor para o processo eleitoral. O PSDB precisa estar preparado para disputar com qualquer um, at� mesmo com o Lula.

Como sair da “delegacia de pol�cia” num momento em que a classe pol�tica enfrenta um desgaste t�o forte, com ex-governadores e ex-ministros presos, assim como um ex-presidente da C�mara?

Isso n�o vai desaparecer. Vai estar presente nas elei��es, mas n�o pode ser o mote da elei��o. Se trouxermos o Supremo ou o juizado de primeira inst�ncia para ter protagonismo nas elei��es quem perde � a popula��o. Mas reconhe�o que todos os partidos pol�ticos passam por uma grav�ssima crise de representa��o, no Brasil e no mundo. As pessoas est�o buscando outra conex�o com seus representantes, que n�o seja pelos partidos.

O sr. chegou a dizer que a “fal�ncia da pol�tica” explicaria uma poss�vel pr�-candidatura do Luciano Huck � Presid�ncia. Ele, por sua vez, disse que estava decepcionado com o sr...

Depois de algum tempo, eu voltei a conversar com ele. Restabelecemos uma rela��o. O que eu quero em rela��o ao Luciano e a qualquer outra pessoa � uma oportunidade de apresentar minha defesa sem prejulgamento. H� um desgaste pol�tico enorme, mas n�o houve crime. Quando falo da fal�ncia da pol�tica, n�o me refiro a ele especificamente, mas ao surgimento de figuras fora do campo pol�tico. Serve para outros nomes chamados de outsiders.

Discute-se uma proposta de semipresidencialismo. Alguns partidos de esquerda disseram que � golpe. O que acha?

Eu defendo o parlamentarismo. Com 28 partidos no Congresso, seria invi�vel. Seria queimar uma bela sa�da para o Brasil.

Como v� a possibilidade de o Supremo restringir o foro privilegiado?

O foro vai acabar. � uma tend�ncia natural. Defendo que acabe para todo mundo. Conversei com o presidente (da C�mara) Rodrigo Maia (DEM-RJ) sobre isso. Ele acha que at� o fim de mar�o ser� votado na C�mara.

 

 


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