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Estado de Minas

Se quiser ser candidato, Meirelles ter� que trabalhar, diz Moreira Franco


postado em 08/01/2018 15:49 / atualizado em 08/01/2018 16:05

Bras�lia, 08 - "Candidato tem que ter charme". A receita � do ministro da Secretaria-Geral da Presid�ncia da Rep�blica, Moreira Franco, de 73 anos - 45 deles na pol�tica. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ele diz que o candidato �nico da base � Presid�ncia ter� de ter tr�nsito nos partidos, capilaridade e for�a de mobiliza��o. "Ningu�m vai tirar do bolso do colete um candidato". Sobre uma candidatura do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), Moreira avisa: "se quiser ser candidato, Meirelles ter� que trabalhar". O ministro recha�a que as candidaturas de extremos, como do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva e de Jair Bolsonaro, estejam ganhando espa�o e diz que "a elei��o n�o � a explos�o de paet�s e lantejoulas".

Moreira � c�tico em rela��o �s regras eleitorais no Brasil que, segundo ele, t�m fortalecido a minoria e n�o v�o mudar nas pr�ximas elei��es. A negocia��o do pr�ximo presidente com os novos congressistas, prev�, ser�o "quase que individual". Moreira evita falar sobre a candidatura do tucano Geraldo Alckmin (SP) e diz que n�o foi o governo que exclui o PSDB da base. "Estamos de portas abertas ao PSDB ou a quem quiser, mas tem que ter compromisso". Confira a seguir os principais trechos da entrevista:

Ainda � poss�vel aprovar a reforma da Previd�ncia. O jogo eleitoral n�o vai atrapalhar a vota��o?

� mais do que poss�vel, � necess�rio, porque as consequ�ncias de n�o aprova��o ser�o terr�veis (Presidente Michel Temer prev� vota��o para fevereiro). Estamos entrando numa faixa de alta periculosidade. N�s aqui n�o estamos com a pauta eleitoral, n�o � o item n�mero 1.

Mas uma candidatura do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, atrapalha as negocia��es?

A quest�o do contradit�rio � fundamental, como no processo pol�tico a elei��o � vital. E o processo eleitoral � maioria e n�o � minoria. Uma das deforma��es que estamos vivendo hoje no Congresso e na legisla��o pol�tica eleitoral � que a regra � para fortalecer as minorias e n�o a maioria. Se h� 30 e tantos partidos, uma pulveriza��o enorme, as regras que sustentam o sistema n�o conseguem ser votadas. N�o votamos uma regra que fosse consensual de financiamento de campanha. Estamos no ano eleitoral e reabrimos a possibilidade de mudan�a eleitoral no ano de elei��o. Isso fragiliza o sistema partid�rio e corr�i a possibilidade de construir a maioria.

Essa minoria est� unida?

Isso significa que o pr�ximo presidente ter� que fazer um esfor�o muito maior do que est� fazendo o presidente Temer para conseguir encaminhar as suas pol�ticas no Congresso porque a negocia��o vai ter que ser quase que individual.

Na negocia��o da Previd�ncia j� n�o foi assim?

N�o vamos radicalizar. Ainda n�o se chegou a isso, mas foi muito mais pulverizado e dif�cil do que, por exemplo, as mudan�as que o Fernando Henrique Cardoso conseguiu aprovar no primeiro mandato (1995-1998), porque naquela �poca voc� tinha uma base... tr�s partidos com densidade e que traziam o resto e isso foi sendo pulverizando.

Mas o ministro Meirelles vai ganhar o apoio do governo?

A elei��o n�o est� em primeiro plano. O primeiro plano � a Previd�ncia. Temos a convic��o que, se aprovada, o debate eleitoral vai se dar em torno do que ocorrer com o futuro da economia brasileira. Se vamos continuar com esse movimento iniciado pelo presidente Temer ou se vai voltar as pr�ticas anteriores, que � a de achar que � importante voc� usar o povo brasileiro como cobaia de experi�ncias que permitam a formula��o de teorias econ�micas novas. Se a Previd�ncia passar, o que n�s vamos ter � discutir o futuro da economia brasileira.

O governo quer um candidato que defenda o seu legado.

A atividade pol�tica tem na elei��o a sua refer�ncia. O fato de se ter candidato n�o � um fato estranho, n�o � um fato espetacular. A decis�o de ser candidato � uma decis�o individual.

O sr. est� falando do ministro Meirelles?

Do Meirelles, do Alckmin, do Bolsonaro, do Joaquim, Manuel, Benedito, at� dos inimigos, mas o fato � que at� dos inimigos � uma decis�o pessoal. "Eu quero ser candidato". Isso vai gerar alguma coisa? N�o gera nada, s� gera um fato, que � um brasileiro ou uma brasileira, Marina, que � candidata. O problema no processo pol�tico democr�tico n�o � o candidato, o candidato � f�cil, o problema � a candidatura. A candidatura significa ades�o social, significa incorpora��o de interesses program�ticos, significa estrutura de mobiliza��o, de milit�ncia, ferramentas de debate com a sociedade para que gere no dia da elei��o um voto. Se voc� n�o tem essa estrutura voc� n�o adianta ser candidato.

Os partidos da base j� iniciaram as conversas em busca de um candidato �nico num encontro em Bras�lia.

Conversa � uma coisa que demora. Acreditamos que � absolutamente poss�vel termos um candidato da base, apoiado pelos partidos da base. Nesta reuni�o estavam PMDB, PR, PSD, PP, PRB, PTB e mais um: o DEM, sabia que faltava um.

O sr. exclui o PSDB?

Eu n�o exclu� ningu�m, eu estou dizendo quem estava na reuni�o. O PSDB n�o estava na reuni�o. Esse conjunto de partidos tem condi��es na soma total de eleger, o calculo feito l�, algo em torno de 300 um pouco mais, um pouco menos, de deputados. Com isso, voc� fica bem robusto para fazer maioria e chegar at� mudan�as de qu�rum constitucional. H� duas ferramentas que ser�o fundamentais no processo eleitoral deste ano: uma � a mobiliza��o, e todos esses partidos t�m estrutura, t�m milit�ncia, uns mais, outros menos, uns com mais tradi��o outros com menos, mas eles t�m todos muita milit�ncia, v�o estar mobilizados. Segundo: o tempo de TV � um pouco mais ou um pouco menos da metade do tempo de televis�o � disposi��o do sistema eleitoral. E essa elei��o tem particularidades. � curta, eles n�o conseguiram resolver a quest�o do financiamento (em 2015, o Supremo Tribunal Federal decidiu pela inconstitucionalidade de doa��es empresarias a campanhas; em outubro de 2017, a C�mara aprovou fundo p�blico para financiar as campanhas), isso vai ser uma fonte de problemas para o TSE inimagin�vel.

A candidatura desse grupo exclui o PSDB?

N�o � que exclui. O PSDB resolveu n�o estar nisso. N�o fomos n�s que exclu�mos. N�s n�o exclu�mos ningu�m. Eu aprendi que em pol�tica n�o se exclui ningu�m, pelo contr�rio, a fun��o da pol�tica � incluir, � juntar, � formar maioria. Eles se exclu�ram.

Esses partidos hoje t�m hoje tr�s nomes: Meirelles, Rodrigo Maia e o presidente Temer.

N�o estamos cuidando de nome, porque temos que primeiro fortalecer essa rela��o, definir os objetivos program�ticos. Esse candidato ele n�o pode ser imposto. Se voc� est� querendo ter candidatura que tenha capilaridade, que consiga mobilizar essas pessoas. Ter� que ser um candidato que negocie, que converse, que busque entendimento com essas for�as partid�rias. Agora o candidato tem que ter lideran�a. Ningu�m vai tirar do bolso do colete um candidato. O Meirelles quer ser candidato, ele tem que trabalhar.

O Meirelles n�o tem essa lideran�a?

Eu n�o sei. Eu n�o estou aqui julgando A, B ou C. Estamos aqui discutindo crit�rios. Esse candidato n�o vai ser tirado do bolso do colete, ter� que exercitar a capacidade de lideran�a pol�tica, de aglutina��o, de envolvimento, tem que ter charme, tem que ter capacidade de falar com os partidos e consequentemente falar com a sociedade.

Se o senhor tiver que aconselhar o presidente entre Maia e Meirelles, qual o senhor escolheria?

N�o existe voto de minerva.

Mas se faz cen�rios....

Eu n�o fa�o. Se eu fosse fazer cen�rio eu n�o estava sentado aqui. Eu estava fazendo palestra e ganhando uma fortuna. O fato imp�e o caminho. A boa solu��o � aquela que voc� trata com muita frieza, respeita o fato. O que ocorre � que n�o h� escolhas pessoais. Vamos criar as condi��es para que esses partidos se sintam confort�veis participando do processo decis�rio, todos eles, e o nome que sair, ter� obrigatoriamente que ser um nome que tenha tr�nsito, que tenha capacidade de aglutina��o, de unifica��o, tenha confian�a dessas for�as partid�rias para voc� trabalhar um governo com mais capacidade de compor maiorias do que n�s estamos vivendo desde o FHC.

Como � que o senhor v� a candidatura Alckmin?

Eu n�o sou do PSDB. Eu sou do PMDB.

Por que o senhor evita falar do Alckmin?

Mas ai v�o fazer futrica, intriga...

O senhor falou que o PSDB pode vir a ser um aliado?

N�s estamos de portas abertas ao PSDB ou a quem quiser, mas as regras s�o essas, tem que ter toda uma vis�o de Brasil, um compromisso.

H� duas for�as antag�nicas simbolizadas pelas candidaturas do Lula e do Bolsonaro. Elas est�o ganhando espa�o?

N�s n�o acreditamos nisso que voc� est� falando, a elei��o n�o � a explos�o de paet�s e lantejoulas. A elei��o � um processo que tem que ter estrutura partid�ria, de mobiliza��o, debate, proposta. As pessoas n�o votam no passado. Elas votam no futuro.

A nova ministra do Trabalho, Cristiane Brasil, al�m de ser filha de Roberto Jefferson, que foi condenado no mensal�o, tem problemas na Justi�a por processos trabalhistas. Isso n�o desgasta a imagem do governo?

Eu n�o sou analista de imagem. N�o pode levar responsabilidade de pai para filho, de filho para neto. O Roberto j� cumpriu com suas obriga��es legais. Ela tem esse problema e est� cuidando dele junto do Poder Judici�rio. Acredito que uma solu��o ser� dada e ela ter� mais responsabilidade de qualquer outro de evitar que coisas dessa natureza ocorram. � uma oportunidade que ela est� tendo.

E em rela��o a troca no Minist�rio do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio, tamb�m est� certo que continua com o PRB?

Esse assunto n�o foi definido. Quando o ministro do Trabalho saiu foi conversado com o presidente Temer a sucess�o e assunto partid�rio. No caso do PRB, n�o foi.

O governo teve uma s�rie de problemas com o ex procurador-Geral Rodrigo Janot, e agora a sucessora Raquel Dodge tamb�m tem tomado algumas decis�es que desagradaram ao governo. Qual a sua avalia��o do trabalho da nova procuradora-geral?

N�o vou contribuir para politizar ainda mais assuntos que s�o distintos. Uma coisa � a quest�o judicial, outra coisa � o campo pol�tico. O mal que est� se fazendo ao Brasil decorre desse esfor�o que a imprensa faz de buscar politizar tudo, sobretudo as quest�es de natureza judicial. No caso anterior o pecado foi a politiza��o exacerbada. N�o vou eu agora contribuir para que a nova procuradora tamb�m se veja envolvida num clima de politiza��o exacerbada. A experi�ncia que se viveu recente pelo presidente da Rep�blica com o ex-procurador foi uma experi�ncia ruim para o Pa�s (Rodrigo Janot denunciou o presidente Michel Temer duas vezes).

(Carla Ara�jo e Adriana Fernandes)


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