Bras�lia, 23 - Um dia ap�s crescerem os rumores sobre uma eventual candidatura de Michel Temer a um segundo mandato, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu que pode disputar o Pal�cio do Planalto contra o presidente. Pela primeira vez, Meirelles afirmou que nem mesmo a entrada de Temer no p�reo inibiria sua inten��o de concorrer � elei��o de outubro.
"Seria uma competi��o", disse o ministro ao Estad�o/Broadcast. "Evidentemente, com mais candidatos fora dos dois extremos, a competi��o seria maior", completou ele. Para Meirelles, a participa��o de Temer "n�o invalidaria" sua candidatura, mas apenas elevaria as alternativas no centro pol�tico.
At� agora, por�m, o titular da Fazenda enfrenta dificuldades para p�r seu projeto eleitoral de p�. O PSD, partido ao qual � filiado, articula apoio ao governador de S�o Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). A negocia��o inclui a vaga de vice na prov�vel chapa liderada pelo prefeito Jo�o Doria (PSDB) ao governo paulista. Nesse caso, o ministro de Ci�ncia, Tecnologia e Comunica��es, Gilberto Kassab, chefe do PSD, refor�aria a dobradinha com Doria.
Diante do "abandono" do PSD, Meirelles passou a conversar com o MDB de Temer e partidos menores, como o PRB, que tamb�m flerta com o presidente da C�mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) - outro pr�-candidato ao Planalto no espectro de centro. Dirigentes do MDB afirmam que a migra��o de Meirelles para a sigla � considerada, mas nada est� fechado. O ministro tem dito que n�o aceitar� ser vice. Ele pode mudar de partido at� 7 de abril e, se decidir mesmo disputar a Presid�ncia, ter� de sair da Fazenda at� essa data.
"Ainda n�o parei para tomar a decis�o. N�o acho razo�vel um ministro de Estado j� em campanha", argumentou Meirelles. "Tenho que analisar a viabilidade pol�tico-partid�ria para avaliar a disposi��o de concorrer."
Antes, em entrevista � R�dio Itatiaia, de Minas, o titular da Fazenda disse estar "contemplando" o cen�rio, com a possibilidade de entrar na corrida presidencial. Questionado se aceitaria continuar no comando da economia se for indicado para o mesmo cargo pelo pr�ximo governante, em 2019, Meirelles foi mais enf�tico sobre seus planos eleitorais. "Acho que a etapa como ministro da Fazenda � uma etapa cumprida. Estamos agora contemplando essa nova etapa de uma poss�vel candidatura � Presid�ncia."
No Planalto, as declara��es de Meirelles foram interpretadas como tentativa de for�ar uma decis�o por parte do presidente. Em entrevista � colunista do jornal
O Estado de S. Paulo
Eliane Cantanh�de, publicada em janeiro, Temer elogiou "a intelig�ncia e a capacidade pol�tica" do ministro, mas disse preferir que ele ficasse na dire��o da economia.
O n�cleo pol�tico do governo defende a candidatura de Temer, ancorada pelo mote da interven��o na seguran�a do Rio, mas avalia que o "lan�amento" prematuro do seu nome, por parte do marqueteiro Elsinho Mouco, n�o s� causou desgaste como pode ter dado a impress�o de que a medida foi eleitoreira. O presidente n�o quer antecipar a campanha para n�o ser ainda mais criticado. Dono de alta impopularidade, ele pretende anunciar se ser� ou n�o candidato apenas no fim de maio ou em junho.
Previd�ncia
O problema � que, diferentemente de Temer, Meirelles precisa deixar o cargo at� o in�cio de abril, se quiser concorrer ao Planalto. Nos bastidores, interlocutores do ministro dizem que, com o fracasso da reforma da Previd�ncia, ele ficou sem sua principal bandeira: o ajuste das contas p�blicas. Al�m disso, no melhor dos cen�rios, se Maia e o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) n�o forem candidatos, Meirelles n�o passa de 2% das inten��es de voto, segundo pesquisa Datafolha do fim de janeiro. No mesmo levantamento, Temer aparece com 1% e o deputado Jair Bolsonaro (PSC) tem de 16% a 20% das prefer�ncias.
"Meu hist�rico me d� condi��o de postular a candidatura. N�o h� d�vida de que estou pensando nisso", comentou Meirelles, em entrevista � r�dio CBN. Na lista das condi��es para entrar no p�reo, ele citou a estrutura partid�ria, o tempo de TV e a avalia��o de pesquisas qualitativas sobre o perfil de candidato desejado pelos eleitores. O maior tempo na propaganda pol�tica � do MDB de Temer.
A candidatura do presidente, por�m, enfrenta resist�ncias at� no MDB. A avalia��o � de que, caso o partido tenha concorrente pr�prio nessa disputa, sobrar� menos dinheiro do fundo eleitoral para ser distribu�do aos candidatos a deputado. Alguns parlamentares, no entanto, veem com bons olhos o nome de Meirelles por acreditar que ele teria como financiar a maior parte da campanha.
A movimenta��o pol�tica de Meirelles come�ou a aumentar no primeiro semestre de 2017. Em junho, ele abriu conta no Twitter, na qual passou a postar not�cias sobre resultados positivos da economia, e contratou o marqueteiro F�bio Veiga, da ag�ncia Neovox, para cuidar de sua imagem. No segundo semestre, iniciou maratona de entrevistas a r�dios e visitou igrejas evang�licas. Para ele, a viabilidade de sua candidatura est� atrelada ao crescimento, � recupera��o do emprego e a um estado de "bem-estar social". As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Vera Rosa, Irany Tereza e Igor Gadelha, com colabora��o de Eduardo Rodrigues, Caio Rinaldi e Daniel Weterman)