Bras�lia, 16 - Na v�spera do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), o senador A�cio Neves (PSDB-MG) admitiu que o empr�stimo de R$ 2 milh�es que solicitou a Joesley Batista, dono da JBS, foi "impr�prio" e que cometeu um "erro", por�m negou os crimes de corrup��o passiva e obstru��o de Justi�a, pelos quais � acusado.
Em coletiva de imprensa, ele afirmou ser v�tima de um "enredo predeterminado" constru�do pela defesa de Joesley e membros do Minist�rio P�blico. "Num momento de dificuldade cometi esse erro. Mas n�o cometi qualquer crime, qualquer ilegalidade. N�o existe dinheiro p�blico envolvido, ningu�m foi lesado, a n�o ser eu e minha fam�lia com as consequ�ncias que voc�s conhecem. Ali, sim, havia um enredo predeterminado, conduzido por esse cidad�o (Joesley) que recebe depois os benef�cios que assombraram todo o Pa�s", disse o tucano.
A�cio justificou que suas tratativas com Joesley ocorreram entre pessoas "privadas", como um empr�stimo pessoal. "Qual foi a empresa p�blica prejudicada pela minha conversa com Joesley?", questionou. Com a expectativa de que a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) deve aceitar a den�ncia, A�cio declarou que "ningu�m transformado em r�u � considerado culpado a priori", principalmente por causa das "fragilidades das investiga��es". Ele ressaltou, no entanto, que respeita os ministros da Corte e que "decis�o judicial se cumpre".
O parlamentar reclamou que n�o teria havido investiga��o no processo e tamb�m criticou a celeridade na elabora��o da den�ncia pela Procuradoria-Geral da Rep�blica, na �poca comandada por Rodrigo Janot, o que teria "impedido que confer�ncias sobre os fatos fossem feitas". Para ele, qualquer investiga��o comprovar� que houve uma "constru��o envolvendo Joesley e membros do MP".
"O lament�vel � que a �nsia de punir impediu que aquilo que � normal, tradicional no nosso sistema jur�dico, que � o inqu�rito, a investiga��o, antes da aceita��o da den�ncia. Se tivesse havido investiga��es, minhas alega��es teriam sido comprovadas." Assim como sua defesa, A�cio pediu para ter acesso �s provas apresentadas contra ele, como teria sido feito com outros investigados.
Pouco antes da coletiva, o advogado do senador, Alberto Zacharias Toron, disse que o acesso � um "direito constitucionalmente previsto". "� imprescind�vel que o acesso seja deferido antes da vota��o do recebimento da den�ncia, uma vez que esses elementos podem comprovar a ilegalidade de provas e das armadilhas arquitetadas contra o senador com a participa��o de membros do MPF", afirmou o advogado em nota.
PGR
Durante a entrevista, A�cio fez cr�ticas ao ex-procurador-geral da Rep�blica Rodrigo Janot, respons�vel pela formula��o da den�ncia contra ele. Ele disse que a PGR tinha conhecimento pr�vio da grava��o feita por Joesley, que chamou de "encomenda", e que o material deveria ser anulado como prova.
"N�o estamos falando de um cidad�o exemplar que foi gravar algu�m que estivesse cometendo determinado delito. N�o. Estamos falando de um criminoso r�u confesso de mais de 250 crimes que vai gravar algu�m para que se transformasse aquela conversa em algo comprometedor, ele teria os benef�cios inimagin�veis que acabou, por algum tempo, tendo: perd�o total e eterno dos crimes cometidos. E isso acabou ocorrendo."
Para o senador, tamb�m ocorreram ilegalidades na escolha do ministro Edson Fachin, do STF, para relatar as medidas cautelares que lhes foram impostas, como o afastamento do mandato parlamentar e a pris�o de parentes. O tucano chegou a afirmar que a PGR interferiu na escolha.
Al�m disso, ele afirmou que a PGR articulou uma den�ncia, criando "v�nculo inexistente" com investigados do MDB, para que o caso fosse analisado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF. "O que faz a Procuradoria Geral da Rep�blica? Ela falseia uma informa��o, ela cria um v�nculo inexistente desses fatos espec�ficos com outros que envolviam o senhor F�bio Cleto, outros parlamentares do PMDB, que nenhuma rela��o, em nenhum momento, tiveram comigo, para justificar a escolha do ministro Fachin como relator dessas cautelares", acusou A�cio.
(Julia Lindner)