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Estado de Minas

Joaquim Barbosa diz ser contra 'posi��es ultraliberais'


postado em 26/04/2018 12:00

Bras�lia, 26 - O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa (PSB) mant�m em suspense a decis�o de disputar ou n�o o Pal�cio do Planalto, mas j� tem esbo�ado os pilares do discurso que dever� adotar em uma eventual campanha. Em conversas mais recentes, Barbosa indicou que pretende conciliar a bandeira �tica com a social. O ex-relator do mensal�o quer refor�ar a imagem do juiz implac�vel com a corrup��o e, ao mesmo tempo, se apresentar na economia como um social-democrata, favor�vel ao livre mercado, mas com �nfase no combate � mis�ria.

"N�o sou favor�vel a posi��es ultraliberais num pa�s social e estruturalmente t�o fr�gil e desequilibrado como o Brasil, com desigualdades profundas e historicamente enraizadas", afirmou Barbosa ao jornal

O Estado de S. Paulo

. "Basta um r�pido olhar para o chamado Brasil profundo ou para a periferia das nossas grandes metr�poles para se convencer da inadequa��o � nossa 'engenharia social' dessas solu��es meramente livrescas, puramente especulativas. Evidentemente, elas n�o s�o solu��o para a grande miserabilidade que � a nossa marca de origem e que n�s, aparentemente, insistimos em ignorar."

O interesse pelo pensamento de Barbosa invadiu os c�rculos do mundo pol�tico e econ�mico ap�s ele se filiar ao PSB no in�cio do m�s e aparecer bem posicionado em pesquisas de inten��o de voto. A avalia��o corrente � de que o ex-ministro do Supremo tem alto potencial eleitoral, porque teria capacidade de arregimentar votos em diferentes polos ideol�gicos.

No Supremo, Barbosa foi o relator do mensal�o federal, que resultou, em 2012, na condena��o e pris�o de integrantes da antiga c�pula do PT. Ap�s se aposentar, em 2014, ele se tornou um cr�tico do impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff. O ex-ministro tem evitado se manifestar sobre a condena��o e pris�o do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva.

Barbosa foi um defensor da possibilidade de pris�o ap�s condena��o em segunda inst�ncia, tema que hoje divide o Supremo. Sua atua��o na Corte, ali�s, dever� ser bastante explorada numa eventual campanha presidencial. Al�m da marca do mensal�o, ele reivindica o papel de principal articulador da aprova��o, no Supremo, da proibi��o das doa��es eleitorais de empresas. Em conversa com um antigo aliado, ele considerou essa decis�o como "crucial" para uma depura��o do sistema pol�tico nacional.

Em 11 de dezembro de 2013, o ent�o presidente do Supremo colocou em julgamento a a��o direta de inconstitucionalidade (ADI) 4650, sobre financiamento de campanhas eleitorais e votou contra doa��es de pessoas jur�dicas. "A permiss�o para as empresas contribu�rem para campanhas e partidos pode exercer uma influ�ncia negativa e perniciosa sobre os pleitos, apta a comprometer a normalidade e legitimidade do processo eleitoral, e comprometer a independ�ncia dos representantes", afirmou na �poca em seu voto.

Nesse tema, ele enfrentou a oposi��o de Gilmar Mendes, que pediu vista e devolveu a a��o ao plen�rio um ano e cinco meses depois. A conclus�o da vota��o ocorreu em 2015, j� com Barbosa fora do Supremo.

Administra��o

O ex-ministro ainda tenta se acostumar ao ass�dio ap�s ingressar pela primeira vez em um partido pol�tico e entrar de vez no rol dos presidenci�veis. Barbosa acompanha com mais aten��o a curiosidade em torno de suas posi��es e suas alegadas fragilidades: o temperamento muitas vezes explosivo e a falta de experi�ncia administrativa. O segundo ponto lhe incomoda mais.

Doutor e mestre em Direito P�blico por universidades francesas, Barbosa reclama que tem uma vasta carreira e conhece a administra��o federal do Brasil como poucos. Antes de sua nomea��o para o Supremo - onde ficou por 11 anos -, ele foi integrante do Minist�rio P�blico Federal de 1984 a 2003, com atua��o em Bras�lia e no Rio. De 1985 a 1988, trabalhou no Executivo ao chefiar a consultoria jur�dica do Minist�rio da Sa�de.

"Conhe�o muito bem o Estado brasileiro, suas virtudes, seus defeitos, vis�veis ou invis�veis. Nele trabalhei desde muito jovem, nas mais diversas esferas, dos n�veis mais modestos aos mais elevados", afirmou Barbosa ao jornal.

Autores

Desde que se filiou ao PSB, h� 20 dias, o ex-ministro recebeu diversos convites de economistas e escolas, dispostos a entender o que ele pensa sobre o tema. Segundo interlocutores, Barbosa tem pouca familiaridade com economistas nacionais e costuma se informar por meio da leitura de autores estrangeiros.

Acompanha semanalmente o americano Paul Krugman, professor da Universidade de Princeton, vencedor do Nobel de Economia de 2008 e colunista do The New York Times. Krugman � um adepto do keynesianismo, teoria baseada nas ideias do ingl�s John Maynard Keynes, que defendia a a��o do Estado na economia.

O ex-ministro tamb�m � admirador e leitor de Francis Fukuyama, cientista pol�tico e economista que foi um do ide�logos do governo Ronald Reagan nos Estados Unidos, al�m de autor de best-sellers. Um terceiro nome que Barbosa costuma citar em rodas de conversa � o economista franc�s Thomas Piketty, que ganhou fama internacional em 2013 com seu livro O Capital no s�culo XXI.

No ano passado, o ex-presidente do Supremo se encontrou com Eduardo Giannetti para tratar do cen�rio eleitoral, mas a inten��o do economista ligado a Marina Silva era tentar uma aproxima��o dele com a pr�-candidata da Rede. "Conversamos de tudo, menos economia", disse Giannetti, que saiu do encontro convencido de que uma dobradinha Marina-Barbosa se mostrou "inexequ�vel".

A decis�o sobre uma candidatura presidencial ainda � um dilema pessoal para o ex-ministro. Ap�s deixar o Supremo, ele passou a atuar como advogado focado na elabora��o de pareceres jur�dicos. A experi�ncia na mais alta Corte do Pa�s e o not�vel curr�culo acad�mico lhe garantem alto rendimento financeiro. A op��o pela pol�tica teria impacto na vida de familiares.

Manifesto

Essa situa��o, segundo aliados de Barbosa, deixa o PSB "ansioso". A bancada do partido na C�mara vai divulgar em breve manifesto para pressionar o ex-ministro a lan�ar a pr�-candidatura. "(Barbosa) tem demonstrado identidade com valores caros ao ide�rio do PSB, como a defesa de uma sociedade plural, humanista, inclusiva e diversa, sem preconceitos", afirma o texto.

Nos cen�rios do mais recente levantamento do Datafolha, que incluem ou excluem Lula, o ex-ministro alcan�a de 8 a 10 pontos porcentuais e fica � frente ou empatado (dentro da margem de erro) de pr�-candidatos j� consolidados como Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT). Na pesquisa Ibope/TV Bandeirantes divulgada nesta ter�a, 24, e feita com eleitores do Estado de S�o Paulo - maior col�gio eleitoral do Pa�s, com 33 milh�es de votantes -, Barbosa chega a 10% da prefer�ncia, empatado tecnicamente com Marina em cen�rios sem Lula.

Antes de se filiar ao PSB, no in�cio de abril - prazo final da legisla��o -, Barbosa conversou com dezenas de interlocutores por cerca de um ano. No momento, segundo pessoas pr�ximas, sua maior preocupa��o � evitar que uma candidatura seja tratada como autom�tica caso seu nome continue bem avaliado nos levantamentos eleitorais. O ex-ministro ainda joga com o tempo. As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.

(Eduardo Kattah, com colabora��o de Breno Pires, Igor Gadelha e Circe Bonatelli)


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