S�o Paulo e Bras�lia, 01 - A procuradora-geral da Rep�blica, Raquel Dodge, denunciou ontem o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e os ex-ministros Antonio Palocci e Paulo Bernardo, por corrup��o passiva, e o empres�rio Marcelo Odebrecht por corrup��o ativa.
A den�ncia, encaminhada ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), trata das suspeitas de que a construtora Odebrecht fez repasses ao PT em troca de decis�es pol�ticas que favorecessem a empresa.
Segundo a PGR, o PT teria � disposi��o US$ 40 milh�es - equivalente a R$ 64 milh�es na �poca dos fatos - em uma conta mantida pela Odebrecht, para cobrir uma s�rie de despesas indicadas pelos petistas, como a campanha de Gleisi ao governo do Paran� em 2014.
A senadora, presidente nacional do PT, tamb�m foi denunciada por lavagem de dinheiro. Gleisi j� � r� em outro caso da Lava Jato em que � acusada por corrup��o e lavagem de dinheiro. O caso envolve o suposto recebimento de R$ 1 milh�o do esquema de propinas da Petrobr�s para sua campanha de 2010.
Entre as decis�es pol�ticas que teriam beneficiaram os interesses do grupo Odebrecht, segundo o Minist�rio P�blico Federal, est� o aumento de uma linha de cr�dito do BNDES entre Brasil e Angola voltada para o financiamento da exporta��o de bens e servi�os entre os dois pa�ses.
A PGR sustenta que Marcelo Odebrecht pediu ajuda a seu pai, o empres�rio Em�lio Odebrecht, para que o ent�o presidente Lula intercedesse pela amplia��o da linha de cr�dito para a empreiteira. Segundo Raquel, Lula foi "determinante" para o BNDES aumentar para US$ 1 bilh�o a linha de financiamento que beneficiou a Odebrecht e outras empresas.
Raquel aponta que a amplia��o da linha de cr�dito "teve seu pre�o il�cito pago sob a forma de vantagem indevida" a integrantes do PT, em uma conta corrente criada em 2008 para arrecada��o de "vantagens indevidas" da sigla - inicialmente gerenciada por Antonio Palocci; depois, por Guido Mantega.
Campanha
Ainda de acordo com a den�ncia, Gleisi, seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, e um auxiliar da senadora, Leones Dall�agnol, pediram a Marcelo Odebrecht "vantagem indevida" no valor de R$ 5 milh�es para despesas da campanha da petista ao governo do Paran� "via caixa 2". Desse valor, o trio teria comprovadamente recebido pelo menos R$ 3 milh�es, em parte por intermedi�rios, diz a den�ncia. Gleisi teria ocultado e dissimulado os valores recebidos.
A procuradora pede a "condena��o solid�ria" de Lula, Paulo Bernardo e Palocci, para pagar ao er�rio o equivalente a US$ 40 milh�es, al�m de R$ 10 milh�es a t�tulo de indeniza��o por dano moral coletivo. J� para Gleisi, Paulo Bernardo, Leones e Marcelo Odebrecht, os valores s�o respectivamente R$ 3 milh�es e R$ 500 mil, tamb�m em "condena��o solid�ria".
Defesa
Em nota, Gleisi afirmou que a PGR atua de "maneira irrespons�vel" ao formalizar den�ncia contra ela e o marido "sem provas, a partir de dela��es negociadas com criminosos em troca de benef�cios penais e financeiros". A defesa de Antonio Palocci informou que s� se manifestar� ap�s ter acesso � den�ncia. A defesa de Lula disse que analisar� o caso antes de se pronunciar.
Em nota, a defesa de Marcelo Odebrecht reafirmou "o seu compromisso cont�nuo no esclarecimento dos fatos j� relatados em seu acordo de colabora��o e permanece � disposi��o da Justi�a para ajudar no que for necess�rio". A Odebrecht, por sua vez, reiterou que est� colaborando com a Justi�a no Brasil e nos pa�ses em que atua. A reportagem n�o localizou Leones. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Rafael Moraes Moura, Luiz Vassallo e Julia Lindner)