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Estado de Minas

Presidenci�veis 'antecipam' hor�rio eleitoral na internet


postado em 10/06/2018 08:54

S�o Paulo, 10 - O hor�rio eleitoral s� come�a no dia 31 de agosto, mas na internet pr�-candidatos se antecipam a esse prazo e veiculam em suas redes sociais programas pol�ticos no estilo usado para pedir votos na TV e no r�dio. Em busca da confirma��o de suas candidaturas, em meio � pulveriza��o de postulantes ao Planalto, a maioria dos presidenci�veis tem apelado para filmes bem produzidos que ainda viram posts patrocinados para ampliar o alcance ou atingir p�blicos espec�ficos.

Pagar an�ncios em redes sociais � mais uma novidade desta elei��o. A ferramenta est� liberada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desde que registrada somente por candidatos, partidos ou coliga��es - medida que visa a combater fake news por meio de p�ginas an�nimas ou perfis falsos. Faltam regras, no entanto, quando o assunto � presta��o de contas. Como se trata de um investimento de pr�-campanha, os custos n�o precisam ser obrigatoriamente revelados.

Se antes a f�rmula usada em posts com ou sem patroc�nio era mostrar falas dos pr�-candidatos em entrevistas ou palestras, captadas sem uma pr�via produ��o, agora a regra � divulgar filmes com roteiro, ilustra��es, legendas, locu��o e at� jingles. Fl�vio Rocha (PRB), por exemplo, convocou a dupla sertaneja Mateus & Cristiano para gravar seu slogan: "Com Fl�vio Rocha tudo vai ser novo, � a esperan�a, a vontade do povo".

Adepto do discurso que prioriza a gest�o e n�o a pol�tica, Rocha abusa de temas como o empreendedorismo e nacionalismo em seus v�deos. Em linguagem popular e com narrativa din�mica, as produ��es s�o repletas de ilustra��es que retratam as principais bandeiras do pr�-candidato, como o combate aos privil�gios e ao alto custo do Estado.

O PT, que tem o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva - condenado e preso pela Lava Jato - como pr�-candidato � Presid�ncia, tamb�m j� encomendou um jingle para impulsionar a campanha nas redes sociais. Com qualidade de TV, o filme exp�e o caos gerado no Pa�s pela crise financeira para vender o nome de Lula como a salva��o - para o "Brasil ser feliz de novo." Nenhuma cita��o �s acusa��es que envolvem o nome do petista ou � origem da crise econ�mica (mais informa��es nesta p�gina).

Mesmo sem jingle, os v�deos de Henrique Meirelles (MDB) s�o os que mais impressionam pelos detalhes, dura��o e qualidade de cen�rio e de fotografia. Produzidos como se fossem para TV, os filmes apresentam o ex-ministro da Fazenda do governo de Michel Temer como um homem de sucesso, otimista e que resolve os problemas do Pa�s.

"Ano de 2015, pior crise econ�mica da nossa hist�ria. Parecia que o pessimismo dessa vez tinha chegado para ficar. Mas, a� parceiro, adivinha quem chamaram de novo para tirar o Pa�s da lama? �, o Meirelles", diz um dos filmes, de tr�s minutos, que mostra o presidenci�vel sorrindo, brincando com os cachorros (que diz adorar) e cumprimentando jovens.

Segundo Meirelles, o zelo na produ��o dos filmes � reflexo do rigor com que faz seu trabalho. "Isso vale tamb�m para essa estrat�gia de divulga��o. Nesse momento da pr�-campanha, preciso de pe�as que fa�am meu nome se tornar mais conhecido. Pesquisas mostram que quem me conhece tende a votar em mim", disse o ex-ministro ao Estado. Os v�deos passaram a ser veiculados no momento em que o Brasil enfrenta uma crise persistente, com 13 milh�es de desempregados e d�ficit p�blico estimado em R$ 159 bilh�es.

Caf�

No fim do m�s passado, Geraldo Alckmin (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL) lan�aram quadros fixos na internet. Ambos estrearam, respectivamente, os programas "Caf� com Alckmin" e "Caf� com Boulos" para interagir com eventuais eleitores. Mas apesar do nome parecido, o formato escolhido pelas equipes dos pr�-candidatos � quase oposto. Enquanto Boulos debate um tema espec�fico ao vivo com internautas, sempre em tom cr�tico ao governo Temer, o tucano grava conversas amenas em estilo de comercial de TV de dentro de uma padaria - a primeira que serviu de cen�rio foi a que Alckmin frequenta aos domingos em S�o Paulo.

Respons�vel pelas m�dias digitais do PSDB, Marcelo Vitorino disse ser proposital produzir v�deos com cara de TV para a internet. "N�o tem nada de errado nisso. Os p�blicos s�o distintos e n�o podemos esquecer que muita gente vai assistir essas produ��es pelo celular, depois de receber via WhatsApp."

Vitorino, que � professor de marketing digital da ESPM, afirma que, a depender da estrat�gia de cada campanha, parte do material feito para as redes sociais pode ser levado para o hor�rio eleitoral. Os v�deos mais elaborados, no entanto, n�o mostram Alckmin desafiando ou atacando advers�rios, a exemplo do que tem feito em tu�tes direcionados a Jair Bolsonaro (PSL).

Estrutura

Apesar de contar com uma estrutura mais simples, Ciro Gomes (PDT) n�o fica atr�s. Relata toda a sua trajet�ria na vida p�blica - prefeito de Fortaleza, governador do Cear�, ministro da Fazenda no governo Itamar Franco, ministro da Integra��o Nacional no governo Lula -, no filme "Que Ciro � esse?", feito exclusivamente para a pr�-campanha. Para colocar de forma mais clara suas ideias, lan�ou no m�s passado o quadro "Pergunte ao Ciro", no qual o presidenci�vel exp�e suas posi��es sobre temas variados, como economia.

Segundo a assessoria de Ciro, os v�deos que mencionam assuntos mais quentes, como o que trata da sa�da de Pedro Parente da presid�ncia da Petrobr�s, s�o os mais comentados e visualizados - 269 mil vezes at� sexta-feira, sem qualquer patroc�nio. O presidenci�vel ainda n�o investiu recursos em an�ncios no Facebook ou Instagram - o Twitter n�o permite essa possibilidade.

Na semana passada, a equipe de Bolsonaro postou um v�deo mais elaborado, em preto e branco, com quatro minutos de dura��o, em que apresenta o deputado de forma s�bria e com um novo slogan: "Bolsonaro, o Brasil a 150 dias de um novo amanh�". Imagens ilustram o dia a dia do parlamentar em seu gabinete e a tietagem de eleitores que o recebem em aeroportos pelo Pa�s.

"Maioria for�a a barra"

Narrativas que apelam � emo��o, que fogem da realidade e que n�o necessariamente relevam caracter�sticas dos pol�ticos que pleiteiam ver seus nomes nas urnas em outubro. Para o cientista pol�tico Marco Antonio Teixeira, da FGV-SP, os v�deos divulgados pelos presidenci�veis s�o pe�as publicit�rias, feitas apenas para valorizar a figura dos pr�-candidatos e n�o necessariamente informar o eleitor sobre o contexto pol�tico do Pa�s.

"A maioria for�a a barra. Qualquer avalia��o mais cr�tica revela as diferen�as entre o que se mostra e a realidade dos fatos. O v�deo da pr�-candidatura do Lula, por exemplo, � quase um document�rio. Um filme para apaixonados, que relaciona a crise que vivemos apenas ao governo de Michel Temer. � como se Lula, Dilma e o PT n�o tivessem nada a ver com isso", diz Teixeira.

O professor tamb�m cita os posts de Henrique Meirelles, de alta qualidade fotogr�fica, mas sem comprometimento com a verdade, ao menos toda a verdade sobre a crise econ�mica. "Ele diz ter tirado o Pa�s da lama, o que n�o ocorreu, e faz isso sem nem sequer citar que era ministro de Temer."

Na an�lise do cientista pol�tico Carlos Melo, independentemente do conte�do, os v�deos revelam antecipa��o de campanha. "Os pr�-candidatos n�o est�o disputando uma vaga dentro de seus partidos, como ocorre nos Estados Unidos e justifica a defini��o de pr�-campanha. Est�o fazendo campanha mesmo, est�o disputando posi��o nas pesquisas para se viabilizarem. Ao meu ver, isso deve ser fiscalizado", diz Melo, que � professor do Insper.

Para o publicit�rio Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, � leg�timo cada pr�-candidato querer se promover, se expor nas redes da maneira como quer ser visto pelo eleitorado. "Com essa pulveriza��o de candidaturas � Presid�ncia, quem alcan�ar o maior n�mero de candidatos leva vantagem. � do jogo da democracia escolher o conte�do que lhe favore�a." As informa��es s�o do jornal

O Estado de S. Paulo.

(Adriana Ferraz)


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