Bras�lia, 08 - A defesa do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva foi pega de surpresa com a estrat�gia tra�ada pelos deputados Wadih Damous, Paulo Teixeira e Paulo Pimenta, que na noite de sexta-feira entraram com pedido de liberta��o do petista no Tribunal Regional Federal da 4.� Regi�o (TRF-4).
O trio de advogados praticamente "atropelou" a equipe de criminalistas e adotou uma estrat�gia com �nfase mais pol�tica. Um dos defensores de Lula, Roberto Batochio, est� fora do Pa�s e foi informado da decis�o da soltura de Lula, por volta de meio dia, pela reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.
Desde o m�s passado, quando os desentendimentos entre Cristiano Zanin Martins e o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Sep�lveda Pertence vieram � tona, a dire��o do PT entrou em estado de alerta. Nos bastidores, h� coment�rios de que Pertence tem sido "isolado" pelo grupo de Zanin e quer conversar com Lula, para ver se continua ou n�o em sua defesa.
Ao ingressarem com pedido de habeas corpus, Damous, Teixeira e Pimenta alegaram, entre outros argumentos, que h� "flagrante aus�ncia da necessidade da pris�o antecipada" para o pr�-candidato do PT � Presid�ncia. Mesmo preso pela Lava Jato desde 7 de abril - ap�s condena��o a 12 anos e um m�s em regime fechado, por corrup��o e lavagem de dinheiro -, o ex-presidente ainda lidera todas as pesquisas de inten��o de voto.
O impasse jur�dico para cumprimento da decis�o do desembargador Rog�rio Favreto - que neste domingo determinou a soltura de Lula - ser� usado agora pelo PT para refor�ar o discurso de que o pr�-candidato � "v�tima de persegui��o pol�tica". A estrat�gia petista � partir para o "tudo ou nada", a tr�s meses das elei��es, apontando at� mesmo para a amea�a de crise institucional.
"O habeas corpus � um rem�dio jur�dico que pode ser usado por qualquer pessoa", disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), negando que ele e seus colegas tenham "atropelado" a defesa de Lula. "Conversamos e achamos melhor agir assim. Mas estamos vendo uma flagrante desobedi�ncia a uma ordem judicial, o que caracteriza estado de exce��o", afirmou ele.
Teixeira, Damous e Pimenta confirmaram que o PT vai entrar com uma representa��o no Conselho Nacional de Justi�a (CNJ) contra o juiz S�rgio Moro e tamb�m contra o desembargador Jo�o Pedro Gebran Neto, relator da Lava Jato no TRF-4. Gebran Neto suspendeu decis�o de Favreto, que est� de plant�o e mandou soltar Lula. Da mesma forma que Moro, em f�rias, o desembargador entendeu que a pris�o do petista n�o poderia ser revogada por uma canetada.
A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, convocou os militantes a irem �s ruas para exigir a soltura de Lula. "Moro, de f�rias em Portugal, n�o pode fazer chicana. Lula teve seu direito reconhecido por inst�ncia superior. Se decis�o n�o for cumprida, � senten�a de morte para a democracia e o Estado de Direito no Brasil", disse ela nas redes sociais. "Gebran, o relator em f�rias, que n�o est� no plant�o -- e, portanto, n�o tem autoridade para determinar qualquer a��o judicial --, em conluio com a PF quer manter Lula preso", completou a senadora.
Em nota, Gleisi atacou a Pol�cia Federal, Moro, Gebran Neto e o presidente do TRF-4, Thompson Flores, sob a alega��o de que todos s�o "c�mplices da mesma viol�ncia" contra Lula. "Chegamos a uma situa��o em que o pa�s n�o tem mais seguran�a jur�dica, vivendo um verdadeiro caos institucional", afirmou a presidente do PT. "Por que n�o prendem logo o povo brasileiro, que quer Lula livre e Lula presidente?"
O PT n�o fala oficialmente em "plano B" para substituir Lula na chapa. A ideia � capitalizar politicamente todos os obst�culos, at� o �ltimo minuto, e registrar a candidatura do ex-presidente no dia 15 de agosto. O comando do partido j� foi informado de que a tend�ncia � Lula ser barrado pela Lei da Ficha Limpa, mas aposta no poder de transfer�ncia de votos de seu maior cabo eleitoral. O mais cotado para entrar no lugar do ex-presidente, hoje, � o ex-prefeito de S�o Paulo Fernando Haddad, coordenador do programa de governo petista.
(Vera Rosa)