S�o Paulo, 24 - A ordem no quartel de Jair Bolsonaro (PSL-RJ) � seguir o l�der. Um dos colaboradores de seu programa de governo, o produtor rural Frederico d'Avila refor�a o discurso de que alian�as partid�rias n�o s�o assim t�o importantes para a campanha do deputado, que ouviu um n�o do PR, outro n�o do nanico PRP e permanece sem vice em sua chapa.
"Bolsonaro n�o est� isolado", defende d'Avila, que se filiou recentemente ao partido de Bolsonaro e tentar� se eleger deputado estadual em S�o Paulo
O aliado torce pela ascens�o de Bolsonaro � "la Collor" - em refer�ncia ao ex-presidente Fernando Collor que se elegeu por um partido nanico em 1989 - , mas n�o v� risco de semelhante desfecho pol�tico para o deputado. Ele acredita que, uma vez eleito, Bolsonaro atrair� lideran�as partid�rias sem negociar cargos, minist�rios ou benef�cios. "Existe um neg�cio que se chama ader�ncia de popularidade. Com a for�a do empuxo que ele chegar, o parlamento vai querer se aproximar dele", explica. "� natural".
"Com o PR, o que ele queria era o Magno Malta. No PRP, era o general Heleno. Nem agregaria tempo de TV, porque o PRP � ainda menor que o PSL", afirma o produtor, que � diretor da Sociedade Rural Brasileira e vice-presidente da Aprosoja.
Segundo ele, "n�o h� problema algum em lan�ar chapa puro-sangue" para a Presid�ncia. O problema � que, at� agora, nem essa composi��o est� acertada. Terceira op��o para a vice de Bolsonaro, a advogada Jana�na Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, que se uniu aos quadros do PSL h� dois meses, titubeou diante do convite, fez um discurso que n�o agradou os seguidores do deputado na conven��o do partido e azedou os planos de parceria.
Para manter o �nimo em alta, d�Avila mira no precedente de Fernando Collor, que se elegeu presidente sendo de um partido inexpressivo, o Partido da Reconstru��o Nacional (PRN) - que antes era Partido da Juventude (PJ) e hoje � Partido Trabalhista Crist�o (PTC). O produtor lembra que ele enfrentou nomes de peso naquele ano e, mesmo assim, levou a elei��o. Collor sofreu impeachment em 1992.
A ideia de Bolsonaro n�o era ir sozinho com seu pequeno partido. O deputado, que lidera as pesquisas de inten��o de voto no cen�rio sem o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, condenado e preso pela Lava Jato, esfor�ou-se para levar o PR, de Valdemar Costa Neto, para sua chapa, mas o partido migrou para a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) juntamente com outras siglas do chamado Centr�o: DEM, PP, SD e PRB.
"Ningu�m que quer esquema quer ir com o Bolsonaro. Quem quer loteamento do governo, boquinha, bocona, esse tipo de coisa a�, n�o vai querer fechar acordo com ele", defende. D'Avila, que foi assessor especial de Alckmin no governo de S�o Paulo e militou ao lado do tucano por anos, diz que a alian�a dessas siglas com o PSDB � "a maior prova de que ningu�m quer mudar o status quo". Segundo ele, Bolsonaro n�o est� interessado em acerto pr�vio de cargos.
"O loteamento do governo entre sesmarias partid�rias � a prova de que n�o existe nenhum compromisso com o interesse p�blico e sim com os donos dos feudos pol�ticos", diz o produtor, que � irm�o do coordenador de comunica��o da pr�-campanha de Alckmin, o cientista pol�tico Luiz Felipe d'Avila.
Frederico desertou do grupo de Alckmin em abril com cr�ticas sobre a atua��o e os posicionamentos do tucano. Para ele, o pr�-candidato do PSDB � muito leniente com o MST e com "esquerdistas". J� Bolsonaro � firme, diz. "O que ele quer dizer quando fala que s� n�o vai fazer pacto com o diabo? � que n�o vai fazer acerto com a corrup��o, com socialista e com comunista. Esse � o diabo", resume.
A aus�ncia de tempo de TV - se n�o fechar coliga��es, Bolsonaro ter� apenas alguns segundos no programa eleitoral obrigat�rio - ou de palanques regionais n�o abala o otimismo no novo aliado de Bolsonaro. "O mundo est� farto do establishment. O povo n�o quer ver as mesmas caras batidas", afirma.
Ele diz que as pessoas "est�o sendo tocadas" pelo discurso e pelas ideias de Bolsonaro. Quais sejam: n�o � "vaselina", passa longe do politicamente correto e tem posi��es firmes em rela��o � seguran�a e � corrup��o. "Quem fala mal dele � porque ainda n�o o conhece", diz.
(Renata Agostini)