Um dos personagens mais famosos da Opera��o Lava-Jato, o japon�s da federal est� em Belo Horizonte nesta ter�a-feira (24), mas n�o � para prender nenhum pol�tico. Aposentado em fevereiro deste ano, Newton Ishii (PEN) participa da noite de aut�grafos de um livro de 271 p�ginas nas quais conta, com a ajuda de um jornalista, sua hist�ria e os bastidores das pris�es que mobilizaram o Brasil nos �ltimos anos.
Casos como o da falta de mira do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerver� ao urinar na pris�o est�o entre os que ser�o conhecidos em “O Carcereiro – O japon�s da federal e os presos da Lava-Jato”, que pode ser comprado por cerca de R$ 30 nas livrarias.
O livro foi escrito pelo jornalista Lu�s Humberto Carrijo, que tra�a um perfil do policial federal que de tanto holofote que ganhou acabou virando marchinha de carnaval e boneco de Olinda. Atualmente, ele est� a um passo de virar pol�tico profissional. � presidente do PEN, que est� mudando seu nome para Patriota, no Paran�.
Apesar de filiado e de sofrer muita press�o da legenda para concorrer a deputado federal em outubro, Newton Ishii garante que n�o � sua vontade disputar uma cadeira. A decis�o ser� tomada at� 4 de agosto, quando o partido faz sua conven��o.
“Aposentei h� quatro meses e n�o parei por causa do livro, tenho minha filha (Jordana) e minha m�e viva (Neuza), que quero curtir”, disse.
"Xixi" em petista
O japon�s da federal diz que o livro saiu “melhor do que o esperado”. Ele d� bastidores n�o s� das abordagens para prender os pol�ticos, mas dia a dia deles atr�s das grades, j� que era chefe da carceragem de Curitiba, por onde passaram pol�ticos como o ex-presidente da C�mara Eduardo Cunha e o ex-ministro Ant�nio Palocci.
“Conto, por exemplo, que o Nestor Cerver� acordava de noite e errava o vaso, ent�o acabava urinando nos p�s de outros presos.” Uma das v�timas, segundo o japon�s, teria sido o ex-tesoureiro do PT Jo�o Vaccari.
Ishii conduziu pris�es como a do empres�rio Marcelo Odebrecht e do ex-deputado Pedro Correia.
Faltou o Lula
Aposentou antes da pris�o do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), que se entregou em 7 de abril na sede da Pol�cia Federal em Curitiba, onde cumpre pena pela condena��o do caso do Triplex no Guaruj� em sala especial.
O japon�s garante n�o ter “frustra��o” por n�o ter prendido uma das lideran�as mais expressivas do pa�s. “Isso � indiferente, n�o lidamos com isso com personalismo, at� porque se voc� leva para o lado pessoal acaba prejudicando a opera��o em si. Todos sempre perguntam o que eu sentia mas era muito profissional”, disse.
Ishi disse que n�o gosta de criar pol�micas. Escolheu um partido pol�tico nanico para se filiar, “sem pensar se � esquerda ou direita”. “O que importa mesmo � pol�tica social, tem que ver educa��o, sa�de, seguran�a”.
O policial aposentado diz n�o ser pol�tico, mas administrador do partido. Trabalha no momento com a forma��o das chapas no Paran�.
Pris�o e tornozeleira
No livro, ele conta da condena��o que sofreu por contrabando mantida pelo Superior Tribunal de Justi�a (STJ) em 2016. Naquele ano, Ishii foi preso em uma sala da PF em Curitiba por causa da Opera��o Sucuri, que em 2003 revelou que ele e outros agentes teriam permitido a entrada de contrabando vindo do Paraguai no Brasil.
Com a pena de 4 anos e 2 meses no regime semiaberto, voltou a trabalhar com tornozeleira eletr�nica, o que lhe valeu para reduzir a pena. “Gra�as a Deus eu tinha a confian�a da chefia, nem perdi o cargo de chefe de opera��es de cust�dia porque todo mundo sabia que aquilo ocorreu por interesses de terceiros.”
A condena��o o torna ficha-suja, mas Ishi contesta a pecha de ineleg�vel, alegando que foi uma decis�o monocr�tica.
Vida pessoal
O livro tamb�m conta a hist�ria pessoal de Newton Ishii, como a perda do filho Eduardo, que cometeu suic�dio em 2005, e da mulher F�tima, que teve problemas com depress�o e acabou morrendo tamb�m em 2009.
O lan�amento do livro do japon�s da federal ser� na Livraria Leitura do P�tio Savassi �s 19h desta ter�a-feira. Ishii j� foi a S�o Paulo para noite de aut�grafos e ainda vai ao Rio de Janeiro e S�o Paulo.