O ex-diretor de Servi�os da Petrobras Renato Duque afirmou na sexta-feira, 3, ao juiz S�rgio Moro, da 13.� Vara Federal em Curitiba, que o ex-presidente da Rep�blica Luiz In�cio Lula da Silva, o ex-ministro Jos� Dirceu e o PT dividiam dois ter�os da propina arrecadada com os contratos de plataformas para explora��o do petr�leo do pr�-sal da Sete Brasil. A informa��o, segundo Duque, foi passada pelo ex-tesoureiro do PT Jo�o Vaccari Neto.
Segundo o ex-diretor, um ter�o da propina iria para a "casa", nome usado para a propina destinada aos executivos da Petrobras e da Sete Brasil, e os outros dois para o PT. "Esses dois ter�os para o partido seriam divididos entre Lula, Jos� Dirceu e o partido", afirmou.
Condenado a mais de 40 anos na Opera��o Lava Jato, Renato Duque teve acordos de colabora��o premiada rejeitados pelo Minist�rio P�blico Federal (MPF) e passou a colaborar diretamente com a Justi�a.
Ao juiz S�rgio Moro, ele relatou que o pagamento de propina "era institucionalizado". "Todos os estaleiros pagaram", afirmou.
Duque disse que ouviu de Vaccari que ele era o homem do partido respons�vel pela arrecada��o de propina da parte pol�tica nos contratos da Sete Brasil, empresa criada em 2010 para intermediar os contratos de plataformas, que est� em recupera��o judicial.
Vaccari disse, segundo Duque, que o ex-ministro Antonio Palocci era o respons�vel pelo acerto e dava as coordenadas de como seria distribu�do. Os contratos de plataformas feitos a partir de 2011 envolveriam, segundo ele, propina de 1%. Ao todo, eram mais de US$ 20 bilh�es em contratos.
Duque confessou a Moro que recebeu cerca de US$ 3,8 milh�es de propinas em neg�cio da Jurong com a Sete Brasil. Ele relatou que o dinheiro foi pago em uma conta aberta em Mil�o, no banco Cramer.
Segundo o ex-diretor, os pagamentos da Jurong e dos estaleiro internacionais foram destinados aos executivos da Petrobras e da Sete Brasil, chamado por eles de "casa". O valor dos 2/3, que segundo Duque eram destinados ao PT seria bancado por estaleiros criados por empreiteira como Odebrecht, OAS e UTC.
Al�m de apontar que a propina a Lula foi paga pelo estaleiro liderado pela Odebrecht, Duque relatou que a parte destinada a Dirceu saiu do estaleiro da Engevix e o montante para o PT saiu do estaleiro da Queiroz Galv�o e Camargo Corr�a.
Depoimentos
Na sexta, Moro ouviu depoimentos de quatro r�us do terceiro processo a ser julgado na Lava Jato envolvendo neg�cios dos 21 navios-sonda da Sete Brasil contratados pela Petrobras a partir de 2011. O caso � o da Jurong, que tem R$ 2,1 bilh�o em contratos com a estatal e envolveria propina de US$ 18,8 milh�es.
A defesa de Vaccari disse que ele tamb�m foi interrogado por Moro nesta sexta-feira, mas foi orientado a permanecer calado. "O ex-tesoureiro nega no processo qualquer envolvimento com arrecada��o de propinas e il�cito."
A assessoria de Lula afirmou que "o ex-presidente teve todas as suas contas vasculhadas e jamais recebeu valores ilegais ou teve em Palocci seu representante para receber qualquer valor. N�o vamos comentar declara��es sem nenhuma prova de presos que buscam fechar acordos para obter benef�cios judiciais".
A defesa de Dirceu emitiu nota afirmando que "diante da situa��o em que se encontra Renato Duque � absolutamente compreens�vel, que depois de anos de pris�o, diga o que seus acusadores gostariam de ouvir." O PT foi procurado mas n�o deu retorno at� o fechamento deste texto. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
POL�TICA