A sedimenta��o das articula��es partid�rias para a disputa pelo Pal�cio do Planalto manteve em campos hegem�nicos a polariza��o que nos �ltimos 24 anos domina as elei��es presidenciais no Brasil. PSDB e PT saem das conven��es que oficializaram as candidaturas liderando seus respectivos campos pol�ticos: o da centro-direita e o da centro-esquerda.
Na avalia��o de analistas pol�ticos ouvidos pelo Estado, esse quadro se deve em parte � desist�ncia de nomes de fora da pol�tica - os chamados outsiders - de concorrer, como o empres�rio e apresentador Luciano Huck e o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, que se filiou ao PSB.
Nas �ltimas duas semanas, os dois partidos mostraram que ainda possuem for�a de atra��o, seja para formar a maior alian�a, no caso do PSDB, seja para manter o terreno da centro-esquerda em compasso de espera, como tem feito o PT.
A legenda de Alckmin conseguiu amarrar um acordo com o Centr�o, bloco partid�rio composto por DEM, PP, Solidariedade, PR e PRB, que tamb�m negociava com o candidato do PDT, Ciro Gomes.
Com isso, a campanha tucana consolidou um tempo de TV inigual�vel e palanques estaduais importantes. O PT asfixiou ainda mais a candidatura de Ciro ao fechar um acordo como PSB - impondo neutralidade no pleito nacional aos pessebistas.
Hegemonia n�o significa, contudo, favoritismo e a elei��o presidencial de 2018 continua marcada pela incerteza. O ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, conforme as mais recentes pesquisas do Ibope, mant�m a lideran�a nas inten��o de voto, mas est� potencialmente enquadrado na Lei da Ficha Limpa, o que o tornar� ineleg�vel.
No cen�rio sem Lula, Jair Bolsonaro, do PSL, lidera a disputa, seguido por Marina Silva (Rede). Ciro e Alckmin aparecem em situa��o de empate t�cnico.
�Sistema�. A elei��o de 2018 vinha se configurando como a mais fragmentada desde 1989, mas sofreu um natural afunilamento nas �ltimas semanas. "Esse cen�rio j� era esperado. Primeiro esses partidos lan�am nomes para depois fazer as coliga��es. Isso � t�pico da nossa estrutura partid�ria", disse Marcia Cavallari, diretora do Ibope Intelig�ncia.
Para o tamb�m cientista pol�tico Claudio Couto (FGV), o que pode beneficiar PSDB e PT � uma certa avers�o ao radicalismo. "S�o partidos que n�o s�o extremistas. N�o s�o da direita radical e nem da esquerda radical. No final, isso pode atrair o eleitor para uma certa normalidade", disse.
"O sistema � muito refrat�rio a mudan�a e se protegeu", afirmou o cientista pol�tico Carlos Melo (Insper). Segundo Melo, a forma como as campanhas ser�o financiadas (divis�o de dinheiro do fundo eleitoral pelos partidos), a divis�o do tempo de TV e a impossibilidade de candidaturas avulsas asfixiaram qualquer tentativa de renova��o. "O eleitor s� pode escolher dentro do universo que est� sendo proposto."
Para o publicit�rio Fernando Barros, "pol�tica, ao fim e ao cabo, tem l�gica". "O rio corre para o mar mesmo e acabou. �s vezes acontece de um outsider dar certo. N�o d� para ignorar, o Brasil teve isso com Collor. De l� para c� quem mais? Ningu�m. Tudo vai na naturalidade."
A avalia��o tamb�m � que Bolsonaro, com alta rejei��o, pode provocar o crescimento dos seus advers�rios mais diretos. "No final do primeiro turno, o voto �til ter� uma carga mais forte. Ou seja, o eleitorado deve votar em algu�m que evite a ida ao segundo turno de um candidato que desaprove mais", disse o diretor da Ipsos, Danilo Cersosimo. "Isso pode acontecer e a rejei��o ao Bolsonaro definir o cen�rio para outros dois candidatos", completou.
Pesquisa da Ipsos divulgada no in�cio da semana passada indicou que embate entre PSDB e PT pode se beneficiar da falta de alguma novidade mais palpitante - mostrou que metade dos brasileiros (50%) prefere que o pr�ximo presidente seja pol�tico h� muitos anos. O desejo por um outsider caiu para 44%.
Apesar do cen�rio, Melo n�o arrisca progn�sticos: "As coisas est�o acontecendo muito r�pido". As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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