O juiz federal Marcelo Bretas, que comanda a Opera��o Lava Jato no Rio, afirmou na sexta-feira, 17, em evento em S�o Paulo, que sua impress�o � que 'as pessoas perderam a vergonha e praticam crimes com muita naturalidade'. Durante o 5� F�rum de Compliance da Amcham-SP, o magistrado que mandou para a cadeia o ex-governador S�rgio Cabral (MDB) disse que '� preciso que as pessoas tenham receio de praticar crimes'.
"A impress�o que se tem � que no Brasil, ao longo dos anos, as pessoas perderam a vergonha, praticam crimes com muita naturalidade", declarou.
Marcelo Bretas apresentou um painel sobre combate � corrup��o. O juiz falou por cerca de 40 minutos. Durante sua palestra, o juiz da Lava Jato do Rio disse que 'ainda h� pessoas que defendem que corrup��o n�o � um crime grave'. O magistrado se referiu � diferen�a entre crimes graves e crime violentos.
"A corrup��o � um crime grave. � preciso distinguir crime grave de crime violento. � claro que um sujeito que est� andando pela rua com uma faca, esfaqueando pessoas, � um sujeito violento que tem que ser detido, amarrado. N�o h� d�vida", disse.
"Mas o crime de corrup��o normalmente � associado � organiza��o criminosa, � lavagem de dinheiro. S�o crimes cometidos �s escondidas, na intimidade de escrit�rios, em lugares �ntimos. Essas pessoas precisam ser paradas porque est�o fazendo um mal muito grande � sociedade. Essas pessoas precisam ser responsabilizadas tamb�m, n�o s� paradas". Segundo o magistrado, 'eventualmente, isso se faz com uma medida de pris�o'.
"Por que deve escandalizar a pris�o de um eventual agente p�blico, seriamente, comprovadamente, ainda que n�o exaustivamente comprovado? Por que a pris�o de um agente tem que causar essa perplexidade? Qual � a diferen�a? � o saldo banc�rio?", questionou.
"Ele est� fazendo o mal, os hospitais n�o est�o recebendo os valores, o transporte p�blico est� caindo aos peda�os. Isso causa um mal � sociedade. Isso � um quadro muito influenciado pelo desvio de dinheiro p�blico. Mas ainda assim h� pessoas que defendem que corrup��o n�o � um crime grave."
Marcelo Bretas afirmou que 'efetivamente h� muitas tentativas de frear toda a atividade que vem sendo exercida nos �ltimos anos'. De acordo com o juiz, 'at� agora falharam'.
"S�o eventuais reuni�es e vota��es na calada da noite. At� decis�es mesmo fora do hor�rio de expediente normal, fins de semana. Tudo isso tem falhado. Isso vai deixar de acontecer? N�o", declarou.
"Acho que toda a��o acaba gerando uma rea��o e isto � de certa forma esperado. O que � importante � o seguinte. O nosso Poder Judici�rio brasileiro tem mostrado uma autonomia exemplar, eu diria. Apesar de todos esses ataques, os senhores n�o v�o reportar nenhuma situa��o relevante em que um juiz fosse impedido, por exemplo, de tomar uma decis�o e que um promotor ou um procurador da Rep�blica fosse impedido de apresentar um requerimento ou formular um pedido de medida cautelar extrema. Muito se grita, muito se fala, muito se reclama, mas o trabalho continua."
Na avalia��o do juiz, a sociedade escolheu o combate � corrup��o como prioridade. "N�o adianta a autoridade que for, pertencente ao poder que for, dizer o contr�rio", afirmou.
"� comum ouvir dizer que o Brasil tem que ter outras pautas que n�o a corrup��o. Pois eu ouso discordar. A principal pauta tem que ser o combate � corrup��o, porque n�o h� programa de constru��o � moradia ou de oferecimento de empregos, de fornecimento se alimentos, nada, nenhum programa subsiste num ambiente corrupto, em que a pr�tica da corrup��o est� disseminada."
Marcelo Bretas alertou. "As riquezas do Brasil est�o sendo sugadas, est�o sendo retiradas daqui, est�o indo para algum lugar."
POL�TICA